Deitado.
Não exausto nem dormindo. Apenas seguindo o fluxo e evitando cansaço desnecessário.
Como quem navega em águas violentas, e mediante a calmaria, apenas iça a vela e recolhe os remos.
Não há porquê me preocupar com a direção a que eu seja tragado. O barco aguentou toda chuva de eras passadas. Aguentará as ainda vindouras. Eu, marinheiro, já experiente da rota e sem pressa de chegar.
Assim tem sido. A vida clareou as direções, feito uma bússola. Os trechos traiçoeiros já não assustam, por mais duradouros que sejam. Pra cada tripulante perdido no caminho, sempre um mais disposto e mais eficiente se junta à jornada. Os que param pelos portos do mundo afora sempre mandam notícias:
"Avante, capitão! Desbravai o mar!"
Sigo viagem, pelas ondas. Guardo energias, só há calmaria. E será mais calmaria ao chegar na terra. O tesouro já tenho comigo. De histórias, lembranças, conquistas e amor, hoje eu sou rico.
E há de ser dourado o mar, chegando eu à terra prometida, ao raiar do Sol no horizonte.
Recado de Beto Guedes
Há 3 anos