Hey, você aí

Não, não quero seu dinheiro.
Estava mais pra dizer 'Hey Jude', ou algo assim.
Bom, este blog é sobre mim. Não apenas eu, mas o que penso, sinto, etc. Já foi meio invasivo, já foi vazio. E no fundo ainda é legal, pra mim. Meu cantinho de desabafo e filosofia, se assim posso dizer.
Eu sou um livro aberto. O que quiser saber, pode achar aqui. E o que não conseguir, é porque ainda vamos nos esbarrar por esta vida irônica.

The Beatles

The Beatles
Abbey Road

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Uma câmera

Eu queria que meus olhos fossem uma câmera.
Já era uma vontade antiga, mas tenho tido motivos pra desejar com mais força. 

Eu queria que meus olhos pudessem registrar pro mundo o que vejo. Fosse uma foto, fosse um vídeo. Certas coisas e momentos são tão intensos e diferenciados que são capazes de comover e causar alguma reação que seja no mais ranzinza que responda à alcunha de ser humano.

Uma paisagem, um gesto. Um abraço entre amigos que há muito tempo não se viam. Um tropeço na rua seguido de rara recuperação rápida. Um pássaro de plumagem brilhante que irrompe entre as árvores em instante inesperado. Um por do sol visto da praia certa, com a companhia certa.

Ah, definitivamente, é a companhia que tem me feito desejar a câmera com tanto afinco.

O sorriso dela quando chega e me vê. A forma com que me olha, preocupada, pensando se não atrasou muito. 
O momento quando damos as mãos e alinhamos nossos corpos, milimetricamente desenvolvidos pra se encaixarem. Eu acho que já morri e revivi centenas de vezes a cada vez que encostamos nossas testas, levemente, e ela fecha os olhos antes de tocar-me os lábios.

Simplesmente ficar deitado no seu colo. Vê-la alinhada com o céu, o sol e as folhagens, e ser tão grande e maior que tudo isso à minha vista. Deitar-me e ter seus olhos para encarar.

Minto. Talvez eu não queira uma câmera no lugar dos meus olhos. Não quero, porque se o mundo for exposto ao que ela me proporciona, vai tentar tirá-la de mim. 
E isso eu não poderia tolerar.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

At last, that flight

Demorou.
E como demorou.

Demorou pra poder levantar, esticar as asas.
Demorou pra mirar os céus, antes sonho improvável, devaneio do jovem pássaro.

Demorou pra aprender, se acostumar. Saber quando lançar-se ao voo, de acordo com os ventos e umidade. É importante aprender isso, demais até. Às vezes não existe ás dos ares que resista a uma tempestade poderosa, e é mais sábio esperar em ninho seguro, até que esta passe.
Guardar as forças para as emergências, pra quando tentarem alvejar o viajante dos céus. Sempre há desses moleques desnaturados por aí, muitos crescem e ainda adquirem chumbo. Mas não é de vis caçadas que venho falar.

Falo em si do voo. Aquele voo que todo jovem pássaro espera e sonha em vida. 
O voo dos sonhos. Realmente, ele demora. Pra começar, principalmente. Mas, desde o início, a sensação é única.

A sensação de observar tudo que ficou pra trás, com certa dose de orgulho e até alívio. Pensar feliz: "É agora, essa é a minha hora!". Isso não tem preço. 
Da mesma forma que poder visualizar o caminho do futuro. O próximo pouso, ainda distante, mas que causará bastante satisfação. 

Ah, essa sensação. De ascender, planar inatingível. E melhor, acompanhado. 
Voar é ser vivo. Voar é o que me faz vivo.