Hey, você aí

Não, não quero seu dinheiro.
Estava mais pra dizer 'Hey Jude', ou algo assim.
Bom, este blog é sobre mim. Não apenas eu, mas o que penso, sinto, etc. Já foi meio invasivo, já foi vazio. E no fundo ainda é legal, pra mim. Meu cantinho de desabafo e filosofia, se assim posso dizer.
Eu sou um livro aberto. O que quiser saber, pode achar aqui. E o que não conseguir, é porque ainda vamos nos esbarrar por esta vida irônica.

The Beatles

The Beatles
Abbey Road

domingo, 22 de dezembro de 2013

Pra pessoa que em nada mais me interesso saber

Essa é pra você.
E não é bonita, não é melosa. É raiva mesmo.
Detesto guardar coisas ruins quanto aos outros. Ainda mais sobre você, que não tinha porquê se tornar assim. Mas eu boto pra fora aqui hoje, ciente que você nunca vai se tocar. Nunca vai ver. Porém eu terei descarregado esse sentimento ruim que guardei quanto ao que você é hoje. Aí quem sabe, eu poderei cruzar com você com a frequência de sempre sem ter que atuar. Sem ter que engolir mil pedras que atiraria em você com toda a minha força pra cada atitude imbecil que você toma na minha frente. Ou que tem orgulho mais imbecil ainda de me comunicar.

A verdade é que eu não sei mais quem você é. Eu não sei se você é a mesma pessoa que eu conheci, 4 ou quase 5 anos atrás. Ou pior, vai ver você já era assim por essência e eu só não quis enxergar...afinal, haviam traços disso aí que é você hoje, naquela época.

Sempre nos achei parecidos de alguns pontos. A forma de se colocar, falar. Até alguns gostos e princípios. Gostava de você, de conviver ao teu lado. Ser seu amigo.
Mas não é de hoje que eu notava uma certa hipocrisia. Uma coisa de só se colocar como justa quando essa justiça era a seu favor. Um interesse inexplicável em estar rodeada de pessoas vazias, e em contrapartida, uma relação estranha de amizade com gente que pouco tinha a ver com você, mas que eram gente fina..Te idolatravam, você era a rainha. Eu sinceramente duvidava muito que você realmente desse a mínima pra eles de verdade. O tempo me confirmou.

Ou vai ter a cara de pau de me dizer que os procura, marca pra sair, confraterniza?
Se falar uma vez no ano é muito.

Já o povo vazio (só de espírito, porque de bolso), são sua companhia certa. Só mudam os nomes, rostos. Quantos mais vão passar pela sua vida? Quantos mais você vai encher a boca pra dizer que são seus amigos, e dali 1 ano você nem dá a mínima?

Eu não gosto de ter pena das pessoas, mas hoje eu tenho pena de você.
Você já se prendeu de verdade a alguém? Já retribuiu metade da admiração que dão a você, mas de graça e sem pena, pra alguma pessoa a seu redor? Gostaria de ouvir você dizer que sim e não duvidar.
Eu, que sempre me considerei seu amigo, depois de alguns meses de convivência, hoje não posso dizer que você tem minha admiração. Tampouco meu afeto. Talvez eu te despreze, por raiva. Decepção. Por ter gostado de você pelo que você era e ver essa mudança bizarra. Até porque, sejamos francos, você não dá mais a mínima pro que eu penso ou deixo de pensar. Você, em tempo recorde, fez o que eu nunca pensei que alguém que chamo de amigo pudesse fazer: deixar bem escancarado em suas atitudes como eu não significo nada pra você. 

E não digo por falta de modéstia, uma coisa que eu sei a meu respeito é que, se eu chamo alguém de amigo, essa pessoa jamais vai poder esquecer de mim. Seja por bem, seja por mal. Eu sou intenso demais e muito único pras pessoas por quem tenho afeto conseguirem ignorar a minha presença, um dia que tenha sido, em suas vidas. 
Mas olha, você conseguiu! Você existe de uma forma que eu me sinto completamente excluído. Não que eu faça questão de convite pra entrar nela hoje, mas quando eu fazia, você começou a nem cogitar isso. Nossas conversas ficaram coisa rara. Daquelas que viram surpresa quando você se aproxima de mim. E sabe qual o melhor?

O melhor, sua vazia, é que você só fala comigo quando te convém ajuda. Quer desabafar. Melhor, quer ajuda acadêmica. Sabe o que eu penso quando você faz isso?
A minha vontade é mandar você se fuder, e muito. A minha vontade é implorar aos céus que façam da sua vida um inferno escroto, pra que você tome muito tapa na cara e aprenda a ter vergonha de ser tão fútil. Essa é a minha vontade. Mas eu me seguro, porque pra você ter que engolir a merda do seu ego (um castelo de areia apoiado em palitos tão fúteis quanto as coisas que você dá valor e te cercam) e vir falar comigo, no atual cenário, é sinal de que tudo isso já está acontecendo. 

E sou eu que ficava mal com essas coisas, sabe. Eu que ficava pensando, feito um idiota:
"Poxa, mas será que essa garota não tem nada de BOM pra falar comigo? Será que ela não é capaz de CONVERSAR, SER FELIZ quando tá comigo, como era? Tudo é interesse, é eu ajudar pra ela tirar o da reta e parecer que ainda tá tudo bem em sua vida perfeitinha, é eu aconselhar porque ela não tem coragem de assumir na frente de seus 'amigos' que não tem força pra aguentar as confusões em que se mete ou que lhe são encaminhadas..."

Por diversas vezes, pensei assim. A cada momento em que você me procurava com estas mesmas intenções, mais eu pensava assim.
E pior, te defendi! Te defendi inúmeras vezes, na frente de muita gente que também gostava de você mas notou seus podres antes que eu pudesse admitir. 
Me diz, você acha mesmo, que eu, sempre esquecido por você, deveria ser o seu maior defensor? 
Deveria eu sempre te dar apoio, em coisas que na verdade você era incapaz de assumir suas falhas e limitações?
Deveria eu, ter ainda algum sentimento de ternura por você, que teve o descabimento de esfregar na minha cara honrarias baratas de um passado de pouco luxo com o orgulho correspondente a de quem é uma divindade? E ainda me acusar de me intrometer nos seus problemas, quando é você que me procura, frágil, pedindo minha tutela?

Como eu disse, seu ego se apóia em bases fracas. Fraquíssimas. E você, apoiada nisso, teve o descabimento de se achar em condições de me diminuir, de me derrubar. Doeu muito. Muito. Não esperava. Apesar de tudo que você já estava se tornando, eu não esperava. 

Eu nunca vou te perdoar por isso. Nunca. Tenho escrito e dito. 

Posso ser uma pessoa boa, mas tenho limite. E você pisou onde não podia. Esse texto é meu troco, e só meu. Se um dia você ler, não venha tentar discutir. Não venha tentar rebater. Fica na sua, me deixa. Tudo o que está aqui talvez te faça entender o quanto me fez mal. Quero que você sinta isso. Como eu senti. Te peço esse último (único) favor. Não vem falar nada comigo, se um dia ler. 
E ainda vou provar pra você, sem a menor necessidade de ser baixa como você foi, de que vou atingir tudo, tudo, o que sonho. Não vou esfregar na sua cara, porque o mundo vai fazer isso. Não vou procurar saber a sua reação. 
Até porque, e você tem que saber: se você não mudar, nunca vai atingir o que quer. Jamais. Te falta muita coisa, não só como o que você quer, mas por quem você é. Você não tem psicológico. Você não leva a sério o que realmente importa. Você não sabe focar. Você tá mais preocupada com seu status nas baladas mais ricas da Zona Sul do Rio de Janeiro. Então vá pra elas, e que um raio parta a sua cabeça e teus sonhos junto.

Te conheço melhor que qualquer um que você tenha conhecido recentemente. E só por isso eu digo: não te conheço mais. Não te conheço e se for pra você continuar nesse rumo não quero jamais ter que conhecer. 

Hoje você é todas as pessoas vazias que eu observei ao seu redor e desprezei em minha mente. Pior que eu sou um babaca que se sente mal com isso. Eu devia só ignorar você, como você faz comigo. 

Por vezes, após essas confusões que me fizeram perder a fé em você, ainda me procurou, né? Com as mesmas intenções interesseiras. Os mesmos ideais vãos. 
A minha amizade não existia mais pra você. Eu tentei ainda "ajudar". A verdade é que eu só queria um pretexto pra gente fazer piada com qualquer coisa e voltar a ser aqueles adolescentes de 15, 16 anos. Queria voltar no tempo pra quando eu achava você o máximo. 

Não dá. Não existe como desfazer. O tempo passou, nós rimos, brincamos, e eu perdi quem você era pra algum destino incerto. Já não faço questão de tentar enxergar o que via nessa sua nova forma. 

Espero um dia que, sinceramente, você seja feliz. Não acredito que você sequer saiba o que é felicidade de verdade, que você tenha isso rotineiramente, pois tudo que vejo em você são sorrisos fáceis que agradam um público transitório enquanto este quiser te agradar. Não sinto felicidade, sequer vida, em você. Sua vida na minha vida já se esvaiu. 

Não sei se um ia eu vou poder te chamar de amiga novamente. Não torço por isso. Mas também tento não me opor a possibilidade. Só é remota. Muito remota. 
Pegue seus interesses fúteis e jogue fora, se aceita um último conselho. Decida o que realmente é importante dentre as coisas importantes que você faz. E tome vergonha na cara de saber o que é importante de verdade. Senão, você é só mais uma, não pra mim, mas pra todos. E seus "amigos" sabem disso melhor do que você pode achar que sabe...






quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Jogos de sorte

Você dá um passo, eu dou outro.
É lá e cá, não tem enrolação.
Cada um com sua vez nesse jogo
Que faz parecer certa a canção.

Vira a moeda, lance os dados. 
Sorte sua é sorte minha.
Não vê que estamos condenados
A andar na mesma trilha?

Pode reclamar das regras,
Sei que você só quer ganhar.
Pode reclamar das regras,
No fundo vamos sempre jogar.

Você me pergunta se eu levo a sério
E eu digo que claro sem pensar.
Você fica com medo e lança seus mistérios
Mas seu sorriso está aí pra te contrariar.

Pode reclamar das regras,
Sei que você só quer ganhar.
Pode reclamar das regras,
No fundo vamos sempre jogar
Tantas vezes quanto for
Até você se entregar.



terça-feira, 17 de dezembro de 2013

I should be more careful but I can't help myself

Vou brincar a sorte.
A sorte que resolveu aparecer, dar o ar da graça.
Com toda a pompa e estripulia que ela podia ter.

Acho engraçado, até, como as coisas são.
A vida nos dá as oportunidades apenas quando vamos saber aproveitá-las, e não mais que isso. Cada vez fica mais claro pra mim que enquanto choramos pelas portas que achamos injusto não terem se aberto pra nós, fechamos de forma burra as que estavam abertas. 

É, o destino tem disso, das coisas no seu tempo certo. Ah, os clichês imbecilizados e fatais da vida... Sempre nos provando que não importa o quanto racionalizemos e evoluamos como seres em essência, estamos sempre sujeitos a uma mesma variável aleatória que tem sua lógica própria (pior que a feminina) e que cedo ou tarde nos atingirá, quando lhe aprouver.

Como você se convence, após um bom tempo de desilusões baratas e vãs, que pode ter achado alguém de grande potencial pra sua vida?
Não obstante, alguém que esteve ao seu alcance pra interagir o tempo todo. 
Só não houve interesse. De nenhuma das partes.
Até a vida fazer os caminhos se encontrarem novamente. Sobre outras circunstâncias. E com olhares diferentes que se trocam.

Diferentes daqueles olhares talvez curiosos de 1 ano e pouco atrás. Olhares que queriam mais que perguntar a si mesmos sobre quem era a pessoa, mas que queriam era fazer-se descobrir. 

E de repente, pra quem nunca conversou, ao vivo surgiu uma espécie de intimidade diferenciada. E uma curiosidade quase obsessiva.

"Nossa....eu tenho que falar com ela depois.."

Melhor foi achar-se. As conversas começando. Quase testamentos. E diretíssimos. 
Talvez não houvesse tempo pra jogos muito complicados, muita formalidade. As semelhanças que facilitavam a simpatia já haviam se denunciado. O interesse, também. 
Tudo foi muito rápido. Não me dei conta de quanto tempo havíamos levado naquela loucura inconcebível nos meus cenários mais otimistas. 

Foi lindo. E teve mais.
Ainda vai ter muito mais.

Tento, com calma e perseverança, não me deixar empolgar demais. Tentar apenas ir levando dia à dia, papo a papo, encontro a encontro. Ainda não aconteceu tudo. Não cabe meter os pés pelas mãos. Ainda não.

E ela sabe disso. E topa. Brinca com meu jeito durão que fica bobo com sua presença. Joga franco. E não recua, mesmo em timidez típica de um charme que me derrete. Eu posso até dizer que tal charme é previsível, mas com ela é uma coisa tão diferenciada que eu não posso conseguir afirmar que realmente eu já vi algo assim. 
Lembro: eu tava tentando andar de coração fechado.

Pra ela, não deu.




sábado, 14 de dezembro de 2013

Major plans and new goals

Finalmente, o ano se abriu em oportunidades que eu realmente vou poder aproveitar.
As coisas vinham andando bem apertadas, e eu passava dia após dia apenas pensando em quanto tempo mais levaria pra que tudo estivesse acabado. Oficialmente, ainda não, mas eu só terei mais um compromisso na faculdade em breve, sem nada de rigor. E como já não tenho provas ou aulas, posso me considerar livre pra tudo que estou programando, sozinho e com amigos..

Dentre as muitas coisas que estou acertando: aulas de violão (que darei), aulas de canto (que serão dadas para mim), apresentações ao vivo, ensaios, quase tudo está se encaminhando.
Meus amigos são o programa certo também pra quase todos os fins de semana. Mesmo os programas 0800 serão essenciais. Preciso dessas férias em seu máximo e portanto vou entregar meu máximo de comprometimento à tudo aquilo que pretendo fazer. Vou com felicidade, com tranquilidade.


E tudo vai melhorar o que tenho sentido por agora. 
Só não entro em assunto de mulher porque eu pareço não ter jeito xD 
Mas isso é coisa da vida. Uma hora, melhora. Quem sabe logo. 

Enfim.
Por vezes, como agora, sinto falta de vir aqui e escrever algo que seja. Não precisa ser profundo nem filosófico. Às vezes, só registrar algo sobre mim mesmo. Sobre o que ando fazendo. Eu não faço a menor ideia se alguém acompanha. Deve haver. 
Mas a graça é que eu mesmo venho e revejo algumas coisas com o passar do tempo. 

Esse blog é o registro da minha evolução. Como ser humano mesmo. Não só como um nerd que não sabe se dar bem com garotas ou um rockeiro que descobre seu talento e tenta melhorar sua produção e técnica musical. Como um ser que vive. Tem cada coisa aqui que eu registrei que olha, dá orgulho tanto ver que algumas coisas eu já tinha percebido e adquirido, como dá orgulho percebi que certas coisas que registrei eu já superei, hoje. 

Bom, acho que é isso pro dia.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Feira livre

Dia de feira.
Você vê a movimentação já cedo. O galo canta, mesmo começando rouco. E não tem como não ouvir, vide que há diversos galos cantando ali pela rua, cada um ou dois em casas no redor da feira. 
E claro, os galos que serão vendidos. Alguns são mortos ali mesmo, num rito seco e direto, sem cerimônia. Não dá tempo nem pra sangue escorrer. Geralmente é a pedido do freguês que não possui o sangue frio pra fazer esse ato que há 30 ou 40 anos nossas avós e bisavós faziam diariamente com prazer até. Como é fácil de concluir, raramente há crianças nessa sessão da feira. Ou até há, criadas pra ser como os adultos daquela época. E vai saber no que isso vai dar..

Seja como for, ouve-se o canto (último ou não) dos galos, e anuncia-se, assim, o movimento da feira.  As barracas vão sendo montadas. É a hora que acordo. 

Lavo o rosto, escovo os dentes. E vou abrindo o apetite. Coloco uma roupa qualquer meio amassada, não me importando muito se há rasgos ou manchas. Eu vou pra lá, vou ali na feira. O povo não liga pra isso. Até estranha excesso de finura, por que qual o sentido? Há lógica em roupas de marca e no estado mais impecável pra cutucar uma fruta e ver se está madura? Me perdoem as burguesas pão duras que vão pra feira economizar mas gostam de ostentar seu status, mas pra tombar e cair de cara é sempre mais fácil ir de salto. E quando o chão tem casca de banana, se torna um fato tão certo quanto em desenhos animados.

Desço as escadas e abro a porta, vou direto na padaria. Ali do ladinho da feira. Aquele sanduíche de mortadela que não tem igual. Coca-cola na garrafa de vidro. Não existe café da manhã melhor, me desculpem os politicamente corretos. E tais iguarias só tem tal poder na padaria. Quem não come sanduíche de mortadela com coca da garrafinha de vidro, não sabe o que é ser suburbano, e talvez nem o que é ser feliz. 

Vem o padeiro entregar o pedido, e o papo sobre o futebol. Sempre. Nisso vamos discutindo, amigavelmente. Padaria sempre tem aquele retrato com o time do padeiro. E se não é Vasco, é Fluminense. Sempre. Não conheci nem padeiro flamenguista. Ou é Vasco, porque é filho de português, ou é Fluminense, porque se acha importante. E eu, Botafogo, tiro sarro. Hoje tiro muito sarro. Cada um tem sua vez. Mas fica no companheirismo daquelas boas horas. E o papo segue, enquanto a feira se monta. 

É curioso observar a disposição dos feirantes. Chegam rápido, e cada um sabe seu lugar. É quase uma organização instintiva, genética. Açougueiros e peixeiros, frutas, verduras, flores, iguarias, e até gente que vende o que podemos chamar de variedades.
Não erram nunca. Cada um no seu lugar. Não se atrapalham nem interferem entre si, a não ser pra concorrência. Mas é saudável. De modo geral, sua organização os ajuda como um todo. A feira parece mais bonita do que realmente é. Mais agradável aos olhos, e à mente também. Podiam ensinar isso pros "gênios" de arquitetura e design que temos por aí planejando cidades...

E o dia então vai começando. Eu, sentado na padaria, vou terminando meu café. As barracas estão prontas. As pessoas começam a se aproximar, os primeiros clientes. 
Daí começa a vida das feiras: barulho e agitação. Mas nada que seja indistinguível ou ensurdecedor. Cada grito e oferta é um só e você reconhece. Aliás, fechar os olhos e apenas ouvir é uma experiência interessante - pode-se imaginar os rostos sorrindo ao pronunciar em plena garganta e pulmões ofertas que rimam com piadas e provocações aos rivais. E também as reações dos fregueses, que avaliam o produto criteriosamente e vez por outra cedem ao bom papo dos feirantes. 

Claro, se cada cliente cede vez por outra, não é problema para o feirante, que vez por sempre convence pelo menos 50 fregueses diferentes por dia de feira. E isso em dias fracos. Sabe a retórica, aquela habilidade crucial dos políticos? Garanto-vos, há feirantes que bolariam slogans de dar inveja à Obama e seu "Yes, we can". E sem perder nem um pouco de sua simplicidade. Gosto disso, pessoas simples mas fantásticas.

Levanto, mais uma piada com o péssimo desempenho do time do padeiro. Vou andando pela feira. Tenho que fazer algumas compras também.

Começo pela parte mais tranquila. Frutas. Com o tempo você aprende a avaliar direito o que está maduro ou não, e o que pode ser levado pra segurar em casa até que madure. Gosto de fazer isso encarando o feirante. Eles ficam revoltados. É quase como uma insulta. 

"Mas como você ousa? Confie em minha palavra!"

Eu acho engraçado. Claro que ficam ofendidos, mas no fundo sabem que é necessário. O feirante produz e leva pra vender, mas sabe que nem tudo tá 100%. E se você tem intimidade -vulgo comprar sempre com o mesmo cara - é certo que ele te dá um desconto se não tiver muito maduro, ou mesmo se você achar que tá um pouco caro e até se você não tiver dinheiro. A barganha não é exatamente livre, mas é justa. Depende apenas do seu bom senso, porque eles têm bastante. 

Levo umas laranjas e maçãs, preferencialmente seletas e gala. Banana também, e tem que ser prata. Entendam, fruta também tem "marca" boa. E os feirantes também sabem. Eu não vejo banana d'água cara por nada nessa vida. Se não é grande coisa, ninguém paga mais que a média. 
Dali vou pras verduras, que compro pouco. Alface e chicória. Legumes: tomate, cebola, batata, cenoura. Tudo necessário. E pra cada sacola um trocado a menos no bolso, um sorriso a mais no rosto do feirante. E acabo deixando nascer um em mim também. 

Carnes. O açougue parece um verdadeiro campo de batalha. O açougueiro se sente um gladiador, um sobrevivente de guerra, caçador. Sua tenda é seu lar de troféus que quer dividir, mas não antes de exibir com a pompa merecida. E ele corta pra você, com a crueldade requintada de sua faca. O sangue no avental é marca de vencedor. O açougueiro é o mais orgulhoso dos feirantes, e também o mais tenso. Se o gelo e o isolamento acabam, o sol age e seu produto vira torta de moscas. Impedir isso por vezes pode ser uma tarefa de calibre inalcançável. Então o açougueiro, cruel, também tenta ser simpático. Mas de fato ele não precisa. Carne barata é raro. Ele vende muito rápido.
Da mesma forma que o peixeiro. Esse é basicamente um samurai. Se houver um ser humano capaz de criticar seus robalos e camarões, ele comete suicídio.
Sério, não duvide.

Já estou com a cota de sacolas cheia, basicamente. Mas não há como não se seduzir pelos ambulantes que vem com carangueijos, ervas e aparatos improvisados. Sempre conseguem nos fazer comprar. Primeiro porque o que vendem não é fácil conseguir. Segundo, vendem muito barato. Terceiro, são as pessoas mais humildes da feira. E por último: não fazem disso desculpa pra ser infeliz. Trazem sempre o sorriso mais largo, mais sincero.

São daquelas pessoas que te fazem achar graça no fato de hoje ser 11 do 12 do 13. Vai saber o que acham de especial, mas são seres humanos profundos. Acendem aquela paixão pela vida, pelo simples fato de estarmos vivos.

Após isso, me perco, ainda mais atabalhoado, pelas barracas de variedades, por assim dizer. O que não falta é peixe de aquário em sacolinha de água. No chão pode ter alguns cágados e jabutis, então deve-se tomar um certo cuidado pra não tropeçar ou apoiar suas compras num "banco andante". Logo ao lado, vassouras. Pás e raquetes elétricas. 
Não faz sentido algum. Mas fica estranhamente bem compassado. 

Subo de volta pra casa, já cansado. Guardo as compras enquanto vejo os cachorros da vizinhança se agitarem na direção da feira. Catam as sobras, e brincalhões que são fazem graça pra quem passa. Alguns se agitam e derrubam latas de lixo, pelo simples prazer de xeretar. Fico de bruços na janela achando graça. Não é nada anormal que um dos cães roube uma linguiça do açougueiro. 
"Pega ele guerreiro, pega ele!" grito em tom de zombaria. O açougueiro sai em disparada, mas não tem como alcançar o cão e muito menos abandonar seu posto. Volta desolado, e ouve minhas risadas. Olha quase ameaçando. Eu retruco:

"Tá olhando o quê maluco? Tão levando tua picanha!"

Pior que estavam. Cães, e gente sem vergonha na cara. Não há lugar que não brotem.

Algumas horas depois, broto na janela de novo, já me deixando levar pela boemia de quem não bebe mas filosofa demais. A feira já acabou. A rua se invade de breu, não parecem haver vestígios de que havia vida nela há pouco tempo. Tudo é solidão e silêncio. O vento frio chama pra descer e buscar algum lugar, alguém pra encontrar. E semana que vem a feira vai me divertir de novo, pra eu ter a tranquilidade de estar feliz pra fazer alguma coisa nestas noites insólitas.








segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Quase no fim de ano

Muita coisa acontecendo.
As semanas finais do ano chegaram em um ritmo alucinante e com tantas boas notícias e acontecimentos que vem compensando tudo que aconteceu de ruim no ano até mesmo nas vésperas dessas semanas.

Minha animação se renovou. Justo no momento ideal, eu diria. Eu andava tão tenso e cansado que já não tinha motivação, e alguns resultados como Cálculo 3 pioraram tudo (nem foi culpa minha - 500 reprovados cara, os malucos estavam querendo reprovar geral mesmo e conseguiram). As composições se acumulavam na cabeça e não saíam. 

Mas agora, parece que tudo se encaminha pra um inesperado happy ending. 
Falta pouco pro Botafogo ir pra Libertadores. Pra meu deleite, tanto Flu quanto Vasco estão pagando pelo que plantaram e foram pra segundona.
Passei em matérias por pouco, mas passei, e talvez meu CR não caia tanto.

E a música voltou a ter tempo, e fluir.
Mais importante que isso tudo, tenho reforçado amizades incríveis. Velhas e novas. As novas tem sido um capítulo a parte que eu estou adorando.
E sei lá mais o que o futuro reserva. 

Só acho que estou bem, que estou feliz. Isso é bom, afinal de contas.
Engraçado, já já é Natal e eu nem arrumei nada nessa casa. 
E quando eu der por mim vou me perguntar quando foi que fiz que não lembro.

É, por aí vai. 

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

I've been around

Estive por aí um tempo. Batalhando como todo mundo.

Talvez hoje eu nunca tenha encontrado tamanhos desafios como os que me deparo hoje. A faculdade aperta cada vez mais, e já não enfrento um simples nível de dificuldade de matéria: enfrento má fé, falta de didática, falta de profissionalismo de muitos professores e coordenadores de departamento. Reprovações em massa. Me incluindo nessa massa. Mas se fosse só isso, talvez eu me sentisse melhor.

A música nunca foi um caminho fácil. E eu sei que consigo. Mas é foda. Você às vezes passa por fases ruins que não pode se dedicar, ainda mais no meu caso. Mas quando vem inspiração no tempo livre, eu acho que é uma festa. É uma das poucas coisas nesse mundo que jamais consegue me decepcionar. Eu poderia passar a vida inteira tentando ser músico e não desanimar pelo simples fato que amo fazer música. E isso tá acima de qualquer público e opinião que eu tenha que agradar. 

Amor? Pouco tenho me esforçado em procurar. Aparecem chances, jogo uma meia verdade, e nada. Então não insisto. Não quero stress. Quero naturalidade de compatibilidade, se podem me entender. Não quero uma irmã gêmea, mas também detestaria alguém que não consegue compreender a magnitude de meus sonhos, interesses e paixões.

E se for demorar, que demore. Eu acho que sinceramente que aprendi muita coisa nos últimos anos. Meu amadurecimento foi exponencial. Já me acho outra pessoa, completamente diferente em experiência. Mas com os mesmos princípios e fé.

Tenho andado por aí. Vivendo, tropeçando e levantando.
Vejo as pessoas ao meu redor. Reparo em uma ou outra que mereça atenção. Talvez todo mundo tenha algo a ensinar mesmo, afinal de contas. A gente recebe os golpes mais estranhos quando menos espera. E alguns são bons, daí é importante ficar observando.

Quero ter o prazer de dizer, pra quem for que estiver disposto a ouvir, que eu vivo de um jeito que gosto. Não é o ideal, ainda não é o meu sonho. Mas dentro do que posso fazer, eu acho que to fazendo quase tudo. 

Deve ser esse o truque. Pode até não ser o melhor momento da vida, mas tá indo como você gosta de viver, então tá bom. Tudo se resolve.



Veneno tentador

Há veneno em você.
Em tudo que você faz. 
Mas não é algo do tipo, veneno daqueles que a gente tem asco ou repudia com vigor, que temos mania de atribuir à cobras ou quaisquer outros vetores que podem nos ser prejudiciais. 

É aquele veneno que judia dos outros. Judia de mim.
Chama pra perto, e brinca. E fica ali, guardado.
É heroína, cocaína, o que for que possa ser injetado, cheirado, provado.
É álcool, talvez destilado. 
E como vicia.


Não sei dizer. Não quero que você entenda isso como se você fosse venenosa, prejudicial. 
Não, não, jamais. Não há nenhuma conotação negativa no que digo.

Mas é que você é do tipo apaixonante. Aquele tipo que me ganha. Ganha todo mundo, pra ser mais exato.

Gosto de pensar que nossa aproximação é proibida. Que tem um quê de algo que não deveria ser. E no fundo tem, sendo você como é, e eu como sou.
Tenho meus porquês. Razões dignas pra evitar falar com você desprevenido. Coisas que você deve entender e imaginar, na tua cabeça esperta. 
Mas ainda assim, você sabe me pegar de surpresa. E joga o veneno. Eu mordo. 

Intoxicado, abro feridas nos espaços da lógica, pra vazar a contaminação. "É só uma boa amiga."

E esse "só" não tenta magoar, nem te diminuir. É mais pra me lembrar do que não devo.
Devo?

Sei lá. Você parece gostar de mistério. 

Então deixo aqui registrado pro seu deleite, se um dia você esbarrar de ler, e se tocar que é pra você. 

Você é esperta demais pra não se tocar, oh se é..

E aí eu vou arrumar um problema.
Seria um maior se eu não pensasse e simplesmente agisse após ser exposto ao teu veneno.
Delícia de toxicidade.