Hey, você aí

Não, não quero seu dinheiro.
Estava mais pra dizer 'Hey Jude', ou algo assim.
Bom, este blog é sobre mim. Não apenas eu, mas o que penso, sinto, etc. Já foi meio invasivo, já foi vazio. E no fundo ainda é legal, pra mim. Meu cantinho de desabafo e filosofia, se assim posso dizer.
Eu sou um livro aberto. O que quiser saber, pode achar aqui. E o que não conseguir, é porque ainda vamos nos esbarrar por esta vida irônica.

The Beatles

The Beatles
Abbey Road

sexta-feira, 18 de abril de 2014

What if it's the end?

No meio do tédio desses dias, em que eu me coloco evitando deveres acadêmicos e também evitando a fadiga de atividades que ruem assim que planejadas ou que não me motivam tanto, deitei-me na cama e deixei os pensamentos fluírem. 

Muitas coisas brotavam sozinhas. Vai ver é por isso que guardamos bem a informação que memorizamos antes de dormir. Há algo no relaxamento e abstração total que liberta nossa capacidade intelectual e criativa.
E deste algo, me brotou o seguinte questionamento:

E se de repente fosse o fim do mundo?

Se, por algum motivo, não importando qual (meteoro gigantesco se aproximando, implosão do núcleo terrestre, apocalipse zumbi), a vida na Terra estivesse fadada à extinção?

Sei que é meio bizarro, e até sem sentido. Mas sei lá, simplesmente foi algo que me bateu.
O que será que as pessoas fariam?

Não é muito difícil imaginar. Sendo otimista, pelo menos 90% do planeta entraria em frenesi. Saques, migrações em massa desesperadas (se houvesse uma chance de salvação relativa à localidade), violência generalizada nesses atos e em outros como desobediência civil, pânico e suicídio coletivo. Não ia importar muito a classe social ou orientação religiosa, o caos seria uma lei no tempo restante. É como se as pessoas não assistissem filmes de ficção científica, ou não prestassem atenção caso o fizessem. Replicam o mesmo comportamento inútil.

Vamos, seriamente, pensar que tal hipótese - fim do mundo - é um fato constatado para um futuro qualquer. Então, uma coisa deve ser imposta, antes de qualquer planejamento de ato para aproveitar o tempo restante de vida.

Nada que possa ser feito impede o fim do mundo, portanto, quanto mais rápida a aceitação, mais fácil será o que vem até o momento derradeiro.

O pânico e o frenesi citados mais acima são justamente o que levam à humanidade a findar mais rápido, em qualquer cenário imaginável. Não seriam necessários metade dos zumbis estimados, nem que ET's precisassem fazer algo mais do que simplesmente aparecer. A humanidade é tão desmiolada e de psicológico fraco que ao primeiro sinal de problema o desespero é rei. Daí começam os sensos de sobrevivência individualista, acirrando as já existentes desigualdades e preconceitos. Se ainda houvesse chance de sobrevivência ante à ameaça que fosse, esta chance se perderia pra toda a humanidade, dado que 90% dela comprometeria o sucesso da espécie por sua própria natureza imbecilizada.

Ou seja, se houver chance de sobreviver, a melhor ideia possível num primeiro momento é a de se acalmar. Não é que manter a ordem social seja importante, não, nada disso! Toda e qualquer estrutura social pode ser reconstruída ou melhorada após a garantia de sobrevivência. A questão é que é mais negócio deixar que o 90% se mate sozinho e esperar que isso aconteça isolado, escondido. Sejamos francos, se é pra espécie continuar, claramente não é proveitoso passar o gene do pânico para gerações futuras. E tentar estabelecer ordem no caos é inútil. Essas pessoas se destruiriam sozinhas ou se expondo ao perigo iminente com ou sem orientação de quem conseguisse entender a importância da sobrevivência como coletivo. E esse é o primeiro paradoxo ao qual um sobrevivente deve se adaptar: para que haja algum coletivo no futuro, não se deve tentar impedir o fim da maior parte do coletivo presente. Basta pensar um pouco. Se você quer sobreviver, e pode (tentar) garantir a sobrevivência de mais algumas pessoas ao seu redor, tentar salvar todo e qualquer ser humano no seu raio de alcance provavelmente vai arruinar a todos de uma vez. 

Enfim. Aprendido isso, vêm a segunda lição: abrigue-se e espere pra ver no que dá. 
Não adianta tentar resolver tudo sozinho: militares e governos se matarão tentando vencer a  ameaça que for. Se por acaso não o podem, não vai ser um civil que o fará. Portanto, ficar dando uma de herói quando não é estritamente necessário só vai acelerar o seu próprio fim. Vai que você, escondido, sobrevive com quem mais você arrastou? 

Pois bem. Era isso que ficou na minha cabeça. 
Acho que o único desespero que eu teria, nessa situação hipotética, seria de salvar as pessoas mais próximas. Mas constatando a impossibilidade em todos os casos que me chamariam a atenção, seguiria em frente. Pois essa é a lição final: você só lamenta a perda das pessoas que ama após conseguir sobreviver, pois se parar pra isso vai junto delas. 

E talvez isso seja parte do que poderia me matar. Será que eu aguentaria pra lamentar depois ou deixaria pra me levarem junto?
Vai saber. Viagens do tédio.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

E quando eu tiver de ir, você há de me entender

"Adeus."

É tudo o que vejo, em todos os cantos. 
Anunciados, atrasados, na eminência de acontecer. "Adeus, tenho de ir."

Será que fomos feitos para as despedidas? Não sei se é bem o momento da minha vida e por conseguinte o daqueles que me cercam, mas não me lembro de ter me visto cercado por tantas e tantas despedidas em vida.
E de certa forma, isso me assusta.

Bem verdade que o mundo, apesar de limitado, tem diversos caminhos os quais temos que seguir por conta própria, queiramos ou não. Pra cada escolha que façamos (ou das que nos são permitidas fazer, mas isso é outra história) haverão caminhos perdidos. Caminhos com vivências, sentimentos, pessoas. Adeus a todo caminho anterior pra seguirmos outro, assim é. 

Mas esse lado talvez seja tão familiar que não sentimos este peso. Mesmo a morte, caminho inevitável de quem vive, tem uma despedida tão breve quanto trágica. Por mais que nos apeguemos, aprendemos a deixar pra trás o desespero e o medo da falta de alguém. Guardamos as lembranças (estas sim, indissociáveis da alma!) e, passo a passo, voltamos a seguir na direção errônea que nos aprouver.

O que me faz refletir, entretanto, é a despedida incerta. 

Qual a necessidade do clima fúnebre em separações curtas? Será que gostamos do drama? Será um medo surreal que se desenvolve em conjunto com o nosso apego por terceiros?
Não sei. Não sei mesmo.

Pode ser um complexo de progenitor. Mania de pai e mãe. Especialmente de mãe. De tanto sermos alvo desse comportamento, acabamos por replicá-lo inconscientemente.
"Vai que." Exatamente isso o que pensamos. "Vai que dá uma merda...."

Será que desejamos que dê? Não duvido que muitas vezes sim. O ser humano é um poço de surpresas, e em sua maioria, ruins.
Seja lá como for, é um drama e tanto. Parece que é mais fácil tudo dar errado antes de se reencontrar com a pessoa que se afasta.
Isso quando a ironia da vida sempre nos faz cruzar o caminho daqueles a quem nós já desejamos "adeus" com um tom de quem ameaça outra pessoa de morte. 

Não consigo ser assim. 

A vida me parece triste quando pautada por tamanha resignação ante às incertezas. Ainda mais quando estas podem ser facilmente contornadas por tudo aquilo que se tem de certo. Nem toda partida é irreversível, dado que nem todo destino é a morte. O que são algumas horas, meses ou anos pra quem tem décadas a viver?

Deve ser culpa da nossa incapacidade de ver a longo prazo. Miopia de planejamento. E incredulidade nas coisas que sentimos. Ou só excesso de afeto. E aí, se for o caso, sou cruel de julgar.

Mas ainda assim, não consigo achar normal. O que tanto tememos? Tantos e tantos motivos, cuspidos com aflição por quem recebe a pergunta. Até razoáveis. E vai saber por quê, mas soam pífios. Não convencem. Ainda parece irracional.

Eu acho que nunca disse um "adeus" na vida. Digo, de dizer seriamente, no sentido literal. Nem pra quem viajava. Nem pra quando eu me separava das pessoas e lugares. 

Talvez eu ainda acredite que o amor, em todas as suas formas, é eterno.

E isso até faz sentido. Amor aos amigos, aos colégios, casas, parentes, e amores propriamente ditos. Eu acho que nunca tracei o ponto final das coisas às quais me apeguei. Sempre deixei na mão do destino. Mas não da mesma forma que critico. 
Enquanto vejo as pessoas encolherem suas cabeças assegurando que não podem ter certeza sobre o retorno das coisas que lhe ficaram para trás, eu deixo que o universo guie o resto das minhas histórias sem ter a certeza de que eu poderei voltar à elas. E a diferença parece sutil, mas é crucial.

Não se trata de esperar que o que se perdeu volte. Se trata de você mesmo fazer o possível pra reaver o que julga poder perder pro destino.

Por isso, não me julgo capaz de dizer "adeus". Ao menos, não em circunstâncias claramente menos definitivas que o fim da vida. E isso já é muito.

Mal olho pra trás quando me despeço de alguém que seja. Tenho fé no que posso fazer, e nas coisas que sinto. 

Sendo assim, quando for a minha vez de traçar caminhos pelos quais andarei sozinho, mais uma vez, peço a quem ficar pela estrada que não chore nem se desespere.
Sempre soube cuidar de mim mesmo, e estarei fazendo o possível, desde já, pra voltar. Saudade é um motivador fortíssimo.
E aos amigos que, pouco a pouco, vão partindo: até breve. Sabem bem que estarei esperando.