Hey, você aí

Não, não quero seu dinheiro.
Estava mais pra dizer 'Hey Jude', ou algo assim.
Bom, este blog é sobre mim. Não apenas eu, mas o que penso, sinto, etc. Já foi meio invasivo, já foi vazio. E no fundo ainda é legal, pra mim. Meu cantinho de desabafo e filosofia, se assim posso dizer.
Eu sou um livro aberto. O que quiser saber, pode achar aqui. E o que não conseguir, é porque ainda vamos nos esbarrar por esta vida irônica.

The Beatles

The Beatles
Abbey Road

sábado, 27 de abril de 2013

Na falta da exatidão

Depois de tantas desventuras, talvez eu pudesse ser mais evasivo.
Estar no paraíso foi bom demais. E sair me deu meu mais força pros projetos antigos e pras novas responsabilidades.
Porém, mais que tudo isso, me fez lembrar da força que o sentimento tem.
E mais que o sentimento pela memória, pelo lugar, mas especialmente pelas pessoas.
Percebi, claro como água, que a saudade toma conta diante de toda a amargura, e vem trazer forte o amor pelas coisas. Pelas pessoas e histórias.
Percebi, dentre todas as percepções, que o prazer do reencontro em ternura é tão bom quanto o desbravar da primeira impressão. Em suma, que dentre erros e acertos, o que se viveu vale tanto quanto o que ainda vou viver. Mas, sem dúvida, há momentos que são sem igual.
Guardarei com zelo cada segundo daquela noite onde o tudo fez sentido novamente.
E na falta da exatidão necessária das palavras para definir tudo que senti, deixo apenas a promessa de seguir, e sentir coisas ainda mais bonitas por aí algum dia, com a certeza de voltar..

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Os últimos passos

Já faz um ano.
Em pensar que a vida nos leva por caminhos sinuosos e cheios de confusão, por motivos talvez não tão claros. Mas que, de alguma forma, nos fazem encontrar a nós mesmos.
Já faz um ano que me peguei em 2 paradoxos. Entre a criança que se aventurou nos primeiros passos e o projeto de gente que dava uma despedida, além de comparar este singelo projeto com tudo aquilo que um dia eu projetara para mim naquele dia.

E nada parecia possível.

Jamais poderia eu, ainda criança, dimensionar os amigos que conheci, nos primeiros passos e desde então me acompanham. Jamais também poderia, mesmo já dentro do paraíso, dimensionar este amor. Esta necessidade visceral de estar em um ambiente.

Qual terá sido o momento em que me tornei quem sou hoje por lá? Porque é engraçado ter esta certeza: sei que sai como sou de lá. Sei que me transformei no que quis ser ainda lá. E todo o resto foi consequência das batalhas que batalhei, com a força que aprendi a ter por lá.

Porquê é tão difícil cortar os restos do último laço?
Porquê hoje meu corpo dói indisposto e minhas lágrimas resolveram dar as caras?


Não é de ontem que acabou. Não foi repentino. Estava anunciado, muito antes de cerimônia no Mário Lago ou no Salão Nobre. Existe algo mais que se perde.
É mais que uma pena de ouro. Mais que uma réplica da pena usada pela princesa Isabel pra alforriar os escravos. É a alforria de minha estadia oficial como aluno do Colégio Pedro II. Mas quem foi que disse que quero esta liberdade? Talvez pudesse eu ser escravo soldado amigo do livro de meu senhorio CPII, que pouco me maltratou? A maior tortura é esta, ter sido expulso de casa antes e, não obstante, não poder dormir na esquina próxima!

Os últimos passos oficiais que me prendem. Fazer a sucessão, ver a nova geração dos projetos de gente que sofrerão esta saudade, esta angústia. E enquanto isso não acontece, estarei lá vendo a nova geração das crianças que não sabem quem são, e dos que ainda vivem lá a se descobrir dia a dia sem saber que o fazem.
Tão certo como isso, é que quando todos estiverem fora, serão como eu. Como Larissa, também.
Com aquele choro bobo, quase egoísta de quem perdeu o chão mas já sabe voar.

Também certo é dizer que há muito mais que se ganhou. E quase tudo eu já falei enquanto balbuciava meus lamentos e tentava manter razões pras minhas lágrimas, sempre tão discretas mas tão doídas e sinceras como o espetar da farpa ao dedo juvenil.

Preciso dar razões a mais para as lágrimas, mesmo que sejam óbvias. E virão pessoas, das mais queridas e respeitadas, amadas e admiradas; dirão que entendem e sabem o que é. Me questiono se tal coisa é possível para aqueles que não são soldados da ciência. Se seria possível não jurar concorrer com zelo pelo avanço das ciências e letras do Brasil e entender este sentimento. O destino tem seus caprichos, há sim pessoas com tal capacidade de fora de nosso círculo eterno em São Cristóvão. Feliz sou eu, que estive lá, e posso me dar ao luxo de duvidar das mais sinceras considerações, pois é bem verdade que poucas terão de fato compreendido meu sentimento.

E sem ofensa a quem tenta me confortar, quem o faz sabe bem o quanto eu prezo e necessito do sorriso, assim sem motivo. Só duvido porque sou cético. E sou cético por ser eu, e sou eu porque estive no CPII.

Ainda assim, compenso a quem me faz bem. E muito por isso, estar em eterna dívida ao Pedro II não é exagero. Como já disse, deu-me ele os verdadeiros amigos que o tempo não afastou por completo, deu-me os amores para aprender a viver e amadurecer, deu-me uma história para com a qual me orgulho e me fez me encontrar para saber o quanto o orgulho me é importante.

O Pedro II me permitiu saber o que queria. No dia em que recebi a pena de ouro e eternizei meu nome na elite do colégio, senti que alcançara a supremacia de minha alma. Completei-me em fulgor e alegria, afastando a tristeza da despedida. Hoje, a senhora despedida bate à minha porta, de braços dados com o futuro. Hoje, de novo em meus paradoxos, o projeto de gente vê o que se tornou, a pessoa que queria ser. Mas não esquecendo, como bem diria Raul Seixas, eu tenho uma porção de coisas grandes para conquistar e eu não posso ficar aí parado.

Por tudo que conquistei, por tudo que vou conquistar. Sou hoje o que quis ser, porque descobri que assim o  queria, e foi lá que isso aconteceu.
Agradeço ao destino. De muito antes eu já tinha meu laço com São Cristóvão. Que oficialmente ele se parta, mas que viva forte como sempre no meu coração. Agradeço ao destino por cada rosto que nele habita, e que nas memórias me vem forte e com ternura. Agradeço ao destino por neste momento, tão dolorido mas tão lindo, não estar sozinho. Pois apesar da solidão com que tenho lidado, hoje terei com quem partilhar tal capítulo. E esta solidão hoje se desfaz em nome da memória viva, em nome da presença querida, em nome do lugar a que devo a vida.


Ao Pedro II, mais uma vez e sempre, tudo.



Deixarei meus pés me guiarem, já pesados de dor. Mas o caminho é inercial. Que o vento que sopra naquelas bandas da Zona Norte do Rio levem as dores e dúvidas do futuro e me tragam de novo o aroma daquele lugar, me enchendo com a fibra que aprendi a ter. E que um dia, alguém possa estar fazendo o mesmo que eu sobre as mesmas condições e com a mesma perfeita companhia.
Jamais duvidei da mística do CPII, está escrito e haverá de acontecer.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Somente detalhes

Que se pode dizer uma rotina que nos consome mas também nos inspira?

Já fazem algumas semanas que a faculdade está de volta, e sinto como se estivesse novamente naquele ciclo interminável que foi 2012/2. O pescoço é uma pedra, as juntas doem, os músculos constantemente dão espasmos ou reflexos inesperados. Os olhos, por sua vez, preferem manter-se quase sempre fechados. E como eu funciono com tanta coisa eu não sei dizer.

Porém de fato, queria falar sobre algo batido, de forma inusitada.

O que é a vida senão detalhes?

Ou melhor, vou reformular. O que se é da vida sem detalhes?

Penso na elasticidade da fatia que se corta e se ajeita ao talhar da faca, dali então me pego lamuriosamente comemorando poder tragar do churrasco mais sangrento depois de 3 semanas de frango assado e sem gosto. E aí vem uma primeira riqueza dos detalhes, e das menos ressaltadas pelos que se julgam cultos: os detalhes do paladar, tão aguçadamente estimulados quando somos presos dentro da falta de liberdade de sabores. Tão rica atividade é coletar os detalhes das fragrâncias que atiçam esta imaginação fértil.
Mais que essências aperitivas, me atiça mais o cheiro suavemente doce de mulher.
Não é aquele doce enjoado ou forte que nos entope, mas o cheiro é levemente doce. Levemente, pois cabe o açúcar pra amenizar aquele fulgor vívido que só desperta a libido. Ah, às vezes sinto o cheiro atravessar o meu caminho lá pela faculdade, encarnado em diferentes olhares e corpos mas todos ricos de sensualidade, todos dando sentido à palavra 'balbuciar'. Quero mais que isso, quero ter de volta o prazer de roubar um olhar destes e tê-lo só para mim, e deixar que cheiros e sabores se misturem ao tato mais certo.

Se não houvessem detalhes, eu nem mesmo escreveria. Porém, certo é, melhor é viver para ver com ou sem afinidade cada detalhe do que nos aguarda.

domingo, 14 de abril de 2013

Eu quis

Eu quis nascer para saber que era mais que respirar.
Eu quis viver para entender.
Eu quis.
Eu quis crescer para descobrir que era mais que envelhecer.
Eu quis tocar para sentir mais do que a dor.
Eu quis comer para sentir cada sabor.
Eu quis perder para saber dar valor.


Eu quis, então, explorar mais.
Eu quis conquistar um mundo novo.
Eu quis ser algo novo.
Eu quis ser feliz no objetivo.
Eu quis manter o passo firme.
Eu quis abandonar o medo.
Eu quis conhecer o amor.


Eu quis ser amado.
Eu quis conquistar alguém.
Eu quis ser conquistado.
Eu quis ser esquecido e seguir em frente.
Eu quis reencontrar quem me disse amor.

Eu quis esquecer novamente.
Eu quis focar no meu batente.
Eu quis ter a noite perfeita e você estava lá.
Eu quis nesta noite te deixar ir.
Eu quis nesta noite encontrar um novo amor.
Eu quis uma pessoa que acabara de conhecer.

Eu quis saber que era impossível.
Eu quis me esbarrar na viagem.
Eu quis então esquecer de novo.
Eu quis na rotina perder a razão.
Eu quis na confusão achar um porquê.
Eu quis no meu sossego achar outro alguém.

Eu quis durante um ano um suplício doentio.
Eu quis naquele ano chegar nos meus sonhos.
Eu quis conhecer muita gente incrível.
Eu quis registrar com ouro a minha história.
Eu quis sentir a brisa contar as vitórias.

Eu quis fazer a brisa virar furacão.
Eu quis então sentir solidão.
Eu quis sentir solidão.
Eu quis solidão.

Eu quis confirmar a sina.
Eu quis ser lobo porque soube que seria.
Eu quis uivar sem esperar eco.
Eu quis esperar com amor no olhar.

Eu quis depois acariciar o violão.
Eu quis mostrar minha voz e andar.
Eu quis passo a passo um dia superar.
Eu quis correr, cheguei a saltar.

Mas ao cair no chão, e sem saber levantar
Você voltou e eu não sei reagir.
Porém tão certo como tudo que aprendi
É que hoje só me resta voar.


Eu quis com isso quebrar a forma da prosa.
Eu quis também não chamar poema.
Eu quis apenas lembrar hoje
De tudo que um dia me fez feliz.

sábado, 6 de abril de 2013

Coisa assim, por mim, de necessidade

Talvez me faltasse o verbo.
Não, mais que isso. A verdade é que pela primeira vez em tempos, não estou amando.
Ao menos é disso que me convenci. Pois tenho tido algumas reações que não me condizem para com amizades. Antes fosse com alguma desconhecida, ou alguém que acabei de conhecer.
Mas que se dane, não me atenho aos detalhes. De fato não faço ideia se sinto algo a mais por alguém hoje.
Só sei que uma coisa é certa.

Depois de tanto apanhar pela vida, de tanto rodar e chegar ao mesmo lugar, talvez eu finalmente tenha aprendido alguma coisa.
O que não faz uma boa noite de sono, não? 12 horas de sono então...

Aprendi finalmente que não temos muita escolha para preencher os vazios momentâneos. Acho que preenchi meu vazio existencial há algum tempo, mas o custo pra enfrentar momentos de desordem não vem incluso e é muito normal que desabemos. A gente talvez precise cair do penhasco pra se sentir vivo dentre alguns sonhos e pesadelos. Sim, nós precisamos disso.

É chato, pior, horripilante e aterrorizante. Dá a sensação de que tudo está perdido e de que jamais poderá ser consertado ou reavido. E já aconteceu antes. E vai continuar acontecendo quando uma tempestade for necessária.

Será que era necessária agora? Eu me pergunto. Você se perguntará quando lhe acontecer parecido.
E eu até hoje não saberia responder tal pergunta. Só sei que depois melhorou, porque tinha de melhorar também. Quando se chega ao fundo do poço, a única opção é subir.


Eu sei que se perseverar, ao menos uma grande e boa notícia chegará. O resto, no entanto, está aquém do simples esforço próprio. Mas, cá comigo sei, que a sorte há de sorrir no momento certo e eu hei de sorrir de volta.


Mas enfim, o que se há de fazer? Só resta ir caminhando, devagar ou rápido. Não sei, só deve ser do jeito que ainda dê pra respirar.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

800 bpm

Eu gosto muito de quem sou, da minha vida e tudo o mais.
Mas tem horas que é ridículo. Ridículo, infernal, sem razão de ser.
Este é meu post de número 800, se o contador oficial não estiver pirando. 800 posts, e vamos ver no que a minha vida mudou...


Bom, eu ganhei altura.
Talvez tenha ganhado peso, e aparentemente emagrecido. Até aí, tudo bem.
Namorei duas psicóticas. Isso joga tudo lá pra baixo.
Estou mais bonito, adotei algum estilo (me deixa achar se não for verdade).
Descobri minha música e mal ou bem estou fazendo acontecer. Isso são muitos e infinitos degraus pra cima.
Me formei, fui pena de ouro, passei pra faculdade dos sonhos e fiz novos e incríveis amigos. É quase um apogeu.

Aí perdi alguns grandes, me distanciei de outros muitos e estou pra perder mais alguns pra distância.
E depois de tanto tempo, eu continuo um grande zero a esquerda no amor.
É como se o vazio quisesse voltar. Nem o que me anima por completo parece poder fazê-lo, depois de tantas batalhas e guerras perdidas por nada.


E lá vou eu me arriscar. Me meter em encrenca. Não sei pra que tantas vou.