Hey, você aí

Não, não quero seu dinheiro.
Estava mais pra dizer 'Hey Jude', ou algo assim.
Bom, este blog é sobre mim. Não apenas eu, mas o que penso, sinto, etc. Já foi meio invasivo, já foi vazio. E no fundo ainda é legal, pra mim. Meu cantinho de desabafo e filosofia, se assim posso dizer.
Eu sou um livro aberto. O que quiser saber, pode achar aqui. E o que não conseguir, é porque ainda vamos nos esbarrar por esta vida irônica.

The Beatles

The Beatles
Abbey Road

sábado, 1 de outubro de 2022

Aprendendo a ser sem você

Oi, tudo bem? Faz algum tempo. 

É engraçado que eu ainda me refira como se você estivesse lendo, mas algo em mim diz que sim, houve alguma hora que você passou por aqui. Espero que não tenha sido na época em que eu não excluí o último texto, que tinha uma terrível vibe suicida. 

Eu não vou negar, já que eu sempre preferi a honestidade: pensei que ia enlouquecer e morrer ou me matar de alguma forma. Esse pensamento veio sim à minha cabeça. Eu precisei ter forças pra reconhecer isso desde o primeiro dia, pra que eu pudesse procurar terapia. E foi e tem sido um longo processo, desde então.

Eu fui contra mim mesmo em algumas situações. Te procurei quando deveria ter ficado na minha, e deixei de procurar quando senti que devia. Fiquei tentando descobrir como você estava em algumas vezes, e os rastros que você deixava só me magoavam mais. Parei com isso, que eu queria nem ter começado. 

É porque não era só o amor e a saudade. Nós éramos melhores amigos e eu precisei de você. Bem como sabia que em algum grau talvez você tenha precisado de mim. E isso piorava o luto, a dor por não estarmos e não sermos mais juntos. Eu me tornei dependente de você e nunca percebi.

Ou negava que era, também. Eu sempre fui assim, teimoso, você bem sabe. Você é pior nesse quesito. Mas não é sobre você que eu vim falar. É sobre mim. 

Estou há alguns meses me fortificando. Não apenas focando em mim, mas em me conhecer de verdade, além do que eu já sei. Trabalhando meus traumas, meus medos e limitações. Estou abrindo a cabeça como nunca fiz antes. Até espiritualmente. Estou tentando ser mais atento aos sinais que a vida dá. Não me apegar somente nas minhas convicções, mas também no entendimento de que, às vezes, um passo pra trás ajuda a dar mais passos pra frente. 

Parei de questionar a validade dos meus esforços. Todos foram necessários, pra bem ou pra mal. Estou atento ao que puder aparecer, quero explorar novos caminhos. Não quero ficar esperando o emprego perfeito, porque tentei só esse tipo de situação e não deu certo. No mundo de hoje, que todo mundo é migrante, eu não deveria me achar tão especial a ponto de achar que não faria migrações, não encontraria novos rumos pra atingir meus objetivos. E só dessa vez eu vou te alfinetar: coragem pra isso eu sempre tive, nunca senti a necessidade, mas nunca faltou coragem. 

Mas eu sou especial em algo. Eu sei que vou conseguir ser feliz. E sei que eu mereço isso de forma plena, de um jeito que seja igual ou muito melhor do que eu consigo conceber e desejo. Batalhei e batalho por isso. Vou seguir batalhando. Eu nunca fui de me entregar, e reler alguns textos dos últimos meses me faz perceber o quão baixo eu fui por você.

Não é que eu não tenha errado com você. Ser dependente é um erro, bota pressão desnecessária, mesmo que eu não tenha tido a intenção. Sei que fiz besteiras, mesmo que não muitas. Você tem a sua cota também. Mas eu precisava ter me respeitado mais. Te situado com mais veemência do que eu enxergava e me afastado quando percebi que você não estava pronta pro que eu mereço. 

E talvez você nunca esteja, e c'est la vie. 

É, esse é o ponto. Não, eu nunca deixei de amar você, e vai demorar um pouco ainda a passar. Mas eu estou finalmente disposto a deixar pra trás. Começar a ser mais ativo nesse sentido. Vai ter algum dia que eu vou arquivar fotos, mesmo que eu chore. Vai ter um dia que eu não vou querer mais te mandar mensagem, mesmo que eu sinta saudades. E eu resolvi abraçar esse futuro de vez ao invés de impedi-lo de chegar.

Até porque, convenhamos, você não é mais a mesma pessoa. E eu não sou. Eu estou mudando. Você, imagino eu, está em busca de mudar também. Mesmo que um dia você bata na minha porta novamente, e o sentimento continue o mesmo entre nós 2, você será outra pessoa, e me prender a esse zumbi seu que tenho na memória é um atraso pra ambos. E se você não bater na minha porta, alguém vai. 

E eu estou cansado de achar que ninguém vai ou que quem vai bater é pior que você. Vai ser melhor, seja você melhor ou outra pessoa. É isso que eu mereço. Não esse silêncio besta, essa saudade desmedida e essa culpa que nunca foi minha. 

E não, caso você ainda tenha dúvidas, não estou fechando a porta pra você. Eu só cansei de desperdiçar minha vida segurando a porta sem você nem ter pedido, sem você mostrar real interesse. E isso é a minha culpa. Não ter me respeitado. Não saber que o meu valor é maior que tudo que você possa me proporcionar. 

Não tenho mais tanta raiva. Sinceramente, nem pena. Você escolheu o que achou melhor pra você. Passei muito tempo discordando da sua decisão, e ainda acho que foi errada, mas eu devo admitir que pelo menos, me serviu pra passar esse processo. De me entender, ir a fundo nos meus traumas. Não repetir o ciclo dos meus pais. Abrir a cabeça. E reconhecer que eu mereço ser feliz exatamente no tamanho dos meus sonhos, não menos que isso. 

Um dia, pelos velhos tempos, quero te encontrar e contar as novidades. Desse tempo, inclusive. Vai gerar mais risadas do que parece agora. Mas esteja você no meu futuro ou não, saiba que agora eu sei que vou ser feliz. Só não perca mais tempo se decidir fazer parte disso, porque oficialmente a porta está aberta pra quem fizer por onde. E aí se você ficar triste vai ter que engolir o choro. 

Cuide-se. Te amo. Até.

quarta-feira, 9 de março de 2022

Dia 1 sem você

  Pensei que eu nunca mais fosse escrever. 

Pensei também, por exemplo, que nós nunca terminaríamos. 

Quer dizer, tecnicamente, você que quis terminar, com razões maduras pra tal - sem outros interesses românticos (se você foi sincera como acho que foi), sem querer prolongar uma situação de você não estar bem com  a vida e tudo o mais. Eu aceitei porque te forçar não me levaria a lugar algum. E cá estamos. 

Noite passada foi uma das piores noites da minha vida. Dormi pouco, disfarçava o choro pra não acordar ninguém e perguntava ao universo e todas as entidades possíveis por quê isso estava acontecendo. Percebi que eu precisaria encontrar formas de desabafar, pra não enlouquecer. 

Então cá estou. Estamos, talvez, se você por um milagre decidir ler. Não sei se é bom ou ruim se você ler. Mas, também, você não sabia se era bom ou ruim que continuássemos juntos, e da mesma forma que quer descobrir se estar separado te faz bem, preciso descobrir se voltar a desabafar vai fazer. 

Ironia: meu último post foi uma despedida do blog pra "nunca mais ou até a crise dos 27, pra evitar de entrar no Clube". O famoso Clube dos 27: artistas e celebridades de sucesso, que ainda assim não foram capazes de encontrar a felicidade e morreram como decorrência dessa busca nas fontes erradas (overdose) ou diretamente por suicídio. Cá estou eu, 27 anos, entendendo como parte dos meus ídolos se sentia. Não pretendo coisas tão radicais, então escrevo. 

Eu sinto raiva de você, sim, mas não é nada gritante. A raiva é pela impotência e pela injustiça da situação. Não há nada nesse mundo que eu já não tenha feito pra te fazer feliz e te ajudar a se encontrar, a falta de resultado só cabe a você. Mas eu esperava, sim, que no momento em que todas as portas da minha vida têm se fechado e me tratado como o sinônimo do fracasso, você estivesse do meu lado como eu estive pra você. E apesar de tudo, ainda quero estar. 

Sinto mais medo. Medo do que vai ser de mim sem você. Acho que nunca percebeu né? Que eu precisava de você talvez mais que você de mim? Talvez seja exagero meu, mas eu não consigo ver de outra forma e é assim que me sinto. Mais do que o costume, 5 anos juntos me fizeram ter a confiança e a certeza de que você estaria do meu lado e nós seríamos felizes, como vínhamos sendo como casal. Eu nunca me iludi sobre seus problemas e como te afetavam, e sempre tentei te ajudar. Mas eu ainda assim tinha como certo que você ia superar tudo e não se sentiria mais uma pessoa inferior.

Sinto também saudade, já. Saudade que me faz questionar se você realmente parou pra pensar em cada detalhe do que significa terminar. Você pensou no que vai acontecer quando você for ver um filme que te lembre de mim? Vi "The Batman" ontem e queria comentar cada segundo dele contigo na volta pra casa. Você não estava láVocê pensou o que vai acontecer quando for ver "SnK"? Quando escutar as músicas que eu te mandei um dia? Você pensou como vai se sentir quando eu tiver a coragem de excluir as fotos do Instagram? E as tatuagens que a gente ia tirar pra fazer? E outros planos legais?

Parece pouca coisa, né. Mas como você vai se sentir quando cada uma dessas pequenas coisas nossas te causar dor e saudade ao invés de prazer compartilhado? Você obviamente não vai entrar no Facebook pra atualizar status e vai deixar pra mim essa bomba, mas em contrapartida vai ter que se virar pra responder as pessoas que você obviamente não avisou. O que você vai fazer com o nosso porta retrato? Vai jogar fora? Vai guardar na esperança de que consiga se resolver em tempo e me procure? Ou vai ficar encolhida na sua mesa, olhando pra ele sem coragem de tomar uma atitude? Se jogar fora, significa que não quer ter esperança. Se guardar, não deveria ter terminado. Se não se decidir sobre, vai sofrer ainda mais. 

Você pensou nessas pequenas coisas te torturando? Eu tenho certeza absoluta que não. Nós compartilhamos coisas demais pra você ter antecipado o impacto disso. Esse sofrimento, na minha opinião, é desnecessário. Mas se é o caminho que você quer escolher, eu não posso fazer nada. 

Eu só queria poder estalar um clique mágico na sua cabeça pra você se sentir melhor. Não sofrer tanto com faculdade. Não ficar se achando uma pessoa ruim ou sem talento. Eu estou com 27 anos, desempregado na casa de mamãe sem passar nos concursos e agora chutado por você: e AINDA não me acho uma pessoa ruim ou sem talento. E isso não é ego, é realidade. Eu queria, mais que tudo nesse mundo, que você conseguisse estar feliz. 

E é isso que mais me dói. Você disse que me ama também. Que era feliz no namoro. Eu fiz a minha parte. Você não fez a sua consigo e com as outras coisas. Não é culpa minha, não tem o que eu possa fazer, mas eu queria demais poder fazer alguma coisa por você. 

Hoje mandei mensagem pra sua irmã e pra sua melhor amiga. Não pedi pra intercederem em meu favor nem nada do tipo. Pedi pra cuidarem de você. Fazerem você conversar nem que seja arrastada, já que eu era a única pessoa que sabia que só assim pra você botar pra fora as coisas. É o máximo que posso. Me resta confiar que você seja feliz. 

Pretendo mandar uma mensagem no seu aniversário, que tá próximo. Se você quiser falar comigo antes ou se encontrar, é óbvio que eu vou. Enfim. 

Não sei se vou te esquecer. E nesse momento, eu não quero. Te amo muito, e sei que podemos ter muito mais pela frente. Mas eu preciso que você sinta confiança nisso também. 

Fique bem. Eu estou péssimo e no fundo do poço, mas eu sobrevivo. Até pra te provar que dá pra dar a volta por cima...