Hey, você aí

Não, não quero seu dinheiro.
Estava mais pra dizer 'Hey Jude', ou algo assim.
Bom, este blog é sobre mim. Não apenas eu, mas o que penso, sinto, etc. Já foi meio invasivo, já foi vazio. E no fundo ainda é legal, pra mim. Meu cantinho de desabafo e filosofia, se assim posso dizer.
Eu sou um livro aberto. O que quiser saber, pode achar aqui. E o que não conseguir, é porque ainda vamos nos esbarrar por esta vida irônica.

The Beatles

The Beatles
Abbey Road

quinta-feira, 13 de março de 2014

Limite da sensação


O corpo humano é fantástico e nos permite vivenciar sensações incríveis. O amor é mais que um sentimento, pode ser uma manifestação física do paraíso. 
Triste que nessa vida passemos tanto tempo limitados, nos privando de nossos instintos mais humanos. Ficamos atrofiados, sensorialmente falando. Não diferenciamos a dureza das rochas ante a leveza dos dentes de leão, nem nos impressionamos pelo perfume das rosas em meio ao pântano em que estamos inseridos. Música e gritaria são um só, o caos é a lei e nada adocica.

E mesmo o amor, que seria das sensações, a mais forte, se perde neste emaranhado. Para quem o acha, nem sempre o vivencia puramente. 

Não é que exista uma forma ideal de haver amor. E de fato não há, essa é a graça.
Mas é possível notar barreiras. Barreiras pra esta liberdade de manifestação, impostas pelo mundo e por nós mesmos. 

Até os mais lúcidos podem não ser capazes de compreendê-lo. Isto porque a lucidez é tomada como academicidade. Confundimos inteligência com feitos escolares, universitários. Conheci gente genial que não completou o primário. Lucidez e genialidade, são coisas mais abertas, mais fantásticas. Quem hoje carrega o título de lúcido nem sempre de fato o é.

Enfim, devo dizer que tais barreiras nem merecem a citação. São cotidianas, repetidas, e tão familiares que por vezes nos esquecemos da real natureza de sua existência. Deixam de ser um evento necessário para ser um evento viciante, um transe eterno. 

No meio deste transe, digo-vos: amem com toda intensidade que lhes for possível.

Soa como um conselho idiota. "Nossa, ele quer me aconselhar a fazer algo que com certeza eu e todo ser humano do mundo pretende fazer!" Mas calma, tenho lá meus adendos a fazer.

Como eu bem dizia, ficamos atrofiados. Pode ser também influência de algum complexo evolutivo, que nos fez querer distanciar de nossas habilidades físicas e dar preferência ao esforço mental. Isso é um desconto pras barreiras sociais. Mas de qualquer forma, o que eu sei e percebo é que somos cada vez mais dependentes da visão e da mente. E apenas disso.

Imagens falam mais que mil palavras, não é? Pois bem. Imagens determinam nossas expectativas, preconceitos, argumentos, e muitas vezes gostos e personalidade. 

Só pra começar, aprende-se muito mais sobre uma pessoa pelo que você escuta dela, e não pelo que se vê. Como se pode esperar vivenciar algo bonito com qualquer pessoa sem termos a capacidade de escutar?
Não só no amor, mas pra vida, não escutamos bem uns aos outros. Consequentemente, não há surpresa em nunca se chegar a paz mundial.

Vigiamos os hábitos alimentares dos outros além dos nossos hoje em dia, tamanha a neura. Saúde é importante, e sou um dos mais fervorosos defensores de precauções nesse sentido. Mas há pecado em apreciar sabor? Desculpem-me então, vou pro inferno feliz. E amor tem disso. Amor tem brincadeira, tem chocolate, tem morango, tem pimenta, tem muito sabor a se explorar. Tem sabor humano. Quer coisa melhor?

Temos asco do toque alheio. Somos iguais, quando a intimidade virou desculpa pra nojo? Colocamos os amores num pedestal, imaculados. Ao passo que ao descobrimos que tais amores já vivenciaram toques de outrem, alvejamo-os com pedras e cuspes. Que diabo de hipocrisia é essa que nos faz pensar que é proibido ter um passado e um presente que não nos envolva?  Egocentrismo e complexo de Midas, tudo numa panela sutilmente cozida por dogmas religiosos e muitas vezes machistas. Pecado é o do outro, até nos incluir. Aí tá tudo limpo.

Procuramos odor. Somos surpreendidos pelos aromas mais doces e profundos, e pouco nos atemos a estes. Por um instante que fosse, talvez fosse suficiente. Fragrâncias tem um poder inimaginável: melhoram o humor, estimulam a fome, causam arrepios, palpitações. Um cheiro bom é prelúdio de muita coisa interessante para as mentes criativas. Mas não, Rita Lee pode usar seu lança-perfume à vontade que muita gente vai procurar sentir o cheiro de suor do trabalhador, das necessidades de animais, da fuligem de escapamento dos carros. Haja masoquismo. Amigo, você já sentiu o cheiro da sua mulher hoje?

Escolhi o amor pra tratar aqui não por um idealismo romântico. Mas talvez por ser a única coisa que na pior das hipóteses ainda é capaz de fazer um ser humano atentar pras coisas boas da vida. Isso acontece de forma até egoísta, mas se todo mundo for egoísta nesse sentido, então que o egoísmo se multiplique. Esse não seria condenado. E se vamos então atentar pro que é bom, que usemos adequadamente nossos 5 sentidos.

Vejamos a bela menina que para o trânsito, escutemos sua voz doce e suave anunciar as palavras que a imaginação fértil possa conceber. Sintamos o calor do seu corpo, a intensidade de seu perfume, o gosto de seu beijo. 

Pelo amor de Deus gente, vamos amar direito. Feito isso, talvez o resto se acerte.

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