Hey, você aí

Não, não quero seu dinheiro.
Estava mais pra dizer 'Hey Jude', ou algo assim.
Bom, este blog é sobre mim. Não apenas eu, mas o que penso, sinto, etc. Já foi meio invasivo, já foi vazio. E no fundo ainda é legal, pra mim. Meu cantinho de desabafo e filosofia, se assim posso dizer.
Eu sou um livro aberto. O que quiser saber, pode achar aqui. E o que não conseguir, é porque ainda vamos nos esbarrar por esta vida irônica.

The Beatles

The Beatles
Abbey Road

sábado, 29 de junho de 2013

Matemática da vida

Os nutricionistas dizem que devemos fazer refeições de 3 em 3 horas. Uma refeição qualquer, em média, leva de 15 minutos à meia hora. 
Eles e alguns outros médicos especialistas também dizem que devemos dormir 8 horas do dia, e praticar pelo menos 1 hora de atividades físicas de qualquer natureza.
Nisso vem a sociedade e nos impõe 8 horas de trabalho, estudo, seja lá o que for na dada idade.

Façamos uma conta rápida. 

Julgando pelo limite máximo de uma refeição, temos 11 horas, por dia, pra fazermos o que quisermos livres das imposições e sugestões da sociedade de forma geral.

Isto, julgando que a cada 3 horas, paramos pra comer. Isso não acontece, dormimos 8 horas (ou bem mais) ininterruptas. Trabalhamos ininterruptamente. Seriam então 16 horas sem rigorosamente comer nada, deixando 8 para comer a cada 3 horas. Daria 2 refeições. Comemos então em intervalos menores, ou então parcelamos as horas de trabalho e atrasamos ou diminuímos as nossas horas de sono.
Mas, ainda assim. 11 horas, de 24, livres. Isso sabendo que podem ser alvo de substituição, dependendo do azar. 

Cerca de 46% da nossa vida, de forma arredondada, é o que temos pra aproveitar se não formos felizes no trabalho. E isso se conseguirmos atender à todas essas demandas que de fato são importantes.

Aí sabe o que dá vontade de fazer diante da estatística?


Desliga o despertador. Deu fome, vai e come. Quer correr, corra, não marca tempo. 

Esquece as rédeas do que é recomendável. Faz o que te cabe porque você quer. Se você quer, mal ou bem te fará feliz. E esse tempo, não tem estatística que diga como estender. Encontra o teu rumo e vai ser o que der na telha.

terça-feira, 25 de junho de 2013

Dream

Lembrei de um sonho bom hoje. E olha que isso é raro né. Geralmente sabemos que sonhamos, difícil é saber o que sonhamos. 

Simples o fato: era um dia perfeito. O sonho claramente em 24 horas. Provavelmente, em algum momento do meu dia, ele se prolongou comigo acordado, sem que eu percebesse. Fosse o dia ontem, hoje, não sei. Sei que é tão profundo no meu subconsciente que talvez viva paralelamente sem fim ao meu ser desperto, mas isso é suposição.

De fato, o que sonhei: acordava, em alguma cama espaçosa e bem macia. Minha. Olhava pra cima, o teto parecia do quarto dos meus sonhos. Parei pra pensar, se é meu sonho, então tem que ser o quarto dos meus sonhos. Dito e feito: pôsteres e mais pôsteres dos Beatles e outras bandas que amo, meus ídolos pelo teto e paredes do quarto. Bandeiras do Botafogo, meus instrumentos em posição de destaque. Daí de repente um braço delicado e quente me envolve pelo pescoço. Não estou sozinho na cama.

Me viro de lado. Minha namorada/esposa/mulher/amante, defina como quiser, mas minha. E eu, dela. Certo, claro, como água. 
Como ela é? Linda. Os olhos profundos, intensos, procurando os meus. A pele macia, dourada do sol que caprichosamente deixara suas marcas de biquíni pra me tirar do sério a qualquer momento. Os cabelos longos, sedosos, caindo de suave pelo rosto, vindo se misturar e dar mistério, sem esconder o sorriso mais lindo deste mundo. As curvas sinuosas e sensuais o suficiente para que não houvesse necessidade alguma de pensar no mundo exterior, que o corpo dela fosse meu mundo. (Claro, não sabia eu o nome ao acordar, mas no sonho eu deveria saber há vidas).

Um beijo pra levantar. A vida acontece, estejamos distraídos ou não. E lá vamos dividindo as tarefas. Faço carinho no meu cachorro, ela vai trocando de roupa. Eu me distraio com a escultura que é essa mulher. Faxino rápido a sala, me deparo com nossos retratos. Minha pena de ouro, também. Diplomas em quadros, CD's (teria eu de fato sido bem sucedido na carreira?). 

Sento, preparo o café. O acontecimento que chamo de amor senta ao meu colo, rouba uma torrada que mal levei à boca.

"Abusada".
"Que você ama."
"Não deixa de ser abusada."
"Posso abusar mais?"
"Tranquilo. Vou abusar mais tarde também."
"Eu gosto que você abuse."

E me rouba o prato todo, vai saltitante ligar a TV, ouvir o noticiário. Grita da sala enquanto eu ainda como alguma coisa, lavo a pouca louça suja.

"Amor, hoje tem jogo né?"
"Tem sim."
"Me avisa quando for 1 hora pra eu lavar esse banheiro logo, to com muita preguiça. Aí ele seca eu vejo o jogo com você."
"Pensei que você não gostasse de como eu fico assistindo jogo."
"Não gosto dos gritos perto do meu ouvido quando eu to de chamego né. Mas você fica muito engraçado torcendo, me divirto!"
"Beleza então meu bem."

Sento no quarto, já arrumado. Pego o violão. Repito uma harmonia continuadamente, balbucio palavras sem dizer. Penso em letras, em frases de efeito que reflitam o que sinto no momento. Sei que estou fazendo algo bom, só preciso focar. E vou ali tomando nota do que levanto como possível de caber na melodia. Estou ali, naquele universo. Canto algumas frases, cantarolando até apenas pra caber, pra saber aonde pôr cada coisa, até que percebo uma sombrinha que se estica no quarto. É ela, na porta. O sol lhe pega pelas costas, faz brilhar os cabelos. A divindade está calada, apenas observando com seus olhos devoradores.

"Tá quase saindo alguma coisa."
"Não tem importância. Achei lindo."
"Você é suspeita pra falar."
"Tem bastante gente que acharia o mesmo. Feliz sou eu que vejo na íntegra."
"Quantas músicas dediquei pra você ou contei sobre nós?"
"10 em 1 ano. Sucesso nas paradas do meu celular."
"E do Brasil."
"Metido!"
"Não posso?"
"Mais ou menos. Se é pra ser metido seja o tempo todo, você todo humilde querendo bancar agora Calvin? Seu besta."
"Sabe que to zoando."
"Sei."
"Vem cá."

Ela se atira encima de mim, mas mal temos tempo para nada.

"Esqueci o feijão!"


Almoço bem feito. Não que ela tenha feito sozinha, fui lá contribuir com minha especialidade: filé de peito de frango à milanesa. E comemos felizes.
O noticiário passa histórias sobre os últimos corruptos presos. Ela me vem nostálgica.

"Lembra quando fomos pra rua?"
"Jamais esqueceria. Teve tanta coisa boa, e tanta merda também."
"No fim deu tudo certo. Mas nem tudo dá pra erradicar né.."
"Tentamos e continuaremos tentando."

E assim foi um papo político, por meia hora, mais ou menos.

Hora do jogo. Primeiro tempo disputado. 1 a 1. Não lembro quem jogava contra o Fogão. E ela rindo da minha cara séria. Dá um sorriso malicioso. Sai da sala. 15 minutos, começa o segundo tempo. Ela irrompe na sala com minha velha camisa dos Beatles, que nela fica como uma camisola. E apenas isso. Foda-se o jogo.

É noite, já. Esquecemos de tudo naquela tarde. Abrimos os olhos, de volta ao começo do dia. 

"Não consigo enjoar disso."
"Nem eu."
"Você nunca é demais pra mim."
"Tem vezes que você é demais. Não por eu não aguentar, mas por ser demais."
"Te amo."
"Eu também te amo Calvin."

E voltamos ao que nos fez cansar pela tarde. De manhã seria outro dia.

E aí acordei. 

É triste acordar ou é bom pra buscar acontecer? 

Devaneios à parte, sinto que o momento tá chegando.

sábado, 22 de junho de 2013

Óbito da sanidade

Não foi nesta madrugada que me peguei, uma vez mais, pensando nas situações românticas que atravessei pela vida. Mas foi nesta que sentei pra escrever.
Já disse muitas vezes que tirei lições valiosas de cada experiência. Mesmo aquelas em que nada de fato aconteceu. Falei muito destas lições, mas por vezes ajo como se não tivesse aprendido realmente nada.
Devia, como estou pra fazer, ter parado pra pensar no que de fato essas pessoas despertaram em mim. O que elas mudaram pra mim, como eterno amante. Só por perceber mesmo, o que fato mudou em mim como homem que quer uma mulher pra si e ser feliz com ela. 

Teve gente que me despertou simplesmente a fascinação pelo sentimento. De estar apaixonado, de achar isso legal. É até idiota muitas vezes, mas devo admitir, quando se está, não há como negar que ficamos perigosamente idiotas mas com uma sensação muito boa.

Outras me despertaram o talento. Descobrir que eu era bom nessas coisas de namorar. Não era bom em cantadas, nem era bom pra ficar com quem eu quisesse, mas quando eu tinha a sorte eu era bom o suficiente pra não ser esquecido. Descobrir isso botou minha moral em tal altura que até hoje existem reflexos positivos e que não me permitem aceitar o azar de solitário.

Algumas vieram no momento certo pra me fazer bem e não souberam a hora de ir embora. Ou fui eu que não soube abrir a porta e pedir pra se retirar. Dá na mesma. No fundo não importa de quem foi a culpa, é certo que tinha data de validade pra ambos os lados. 

Houve aquelas que só me fizeram mal mas despertaram o meu melhor. Trouxeram à tona em mim coisas que eu não sabia que seria capaz de fazer, e que acabariam por definir o meu jeito de ser. Engraçado, justo as que não mereciam. Hoje acho graça de ter perdido esses contatos, seriam coisa pra me divertir ao invés de me envergonhar das besteiras que fiz como sempre faço.

Também pintaram aquelas que resgataram em mim esse melhor que por vezes se adormeceu. Me deram motivos pra acreditar, me fizeram ser querido pra continuar. Só não me deram o amor que eu podia dar. Mas estas, não guardo com rancor, ainda amo do jeito devido e saudável, por tudo que representam pra mim. Uma delas, em especial, foi quem me deu o sopro que eu precisava pra abraçar de novo minha maior paixão.

E teve aquela que nunca me desceu na garganta. Porque sempre que as coisas estão meio complicadas, ela volta. Porque foi ela, que acima de todas, encheu o peito pra dizer que eu podia ser amado por alguém incrível, e me fez perceber isso. Porque ela dizia que queria ser essa pessoa. E nunca desceu ela não ter sido, a verdade é essa. Eu nunca superei isso por completo porque nunca encontrei aquela que poderia ser o que ela me mostrou que eu merecia. E a sombra dela, sempre que me pego solitário, paira sobre minha cabeça. Hoje eu banco o indiferente, não quero mais me expôr e dar a cara à tapa, brigar pelo que devia ter tentando anos atrás. Não creio sequer que ela lembre de mim com carinho, não posso crer que seja possível. Só queria meter na minha cabeça, no meu peito, nesses momentos em que por idiotice venho pensar nela, que foi tudo brincadeira de uma menina que mal conhecia a vida. E provavelmente mal conhece ainda, rica que era.
Mas fato é, ela em mim despertou o amor mais intenso.


E todas, loucas. Sem exceção. 

É madrugada, esquecerei que escrevi isso tudo.


O pulo da gata

Nunca fui fã de gatos. Nunca mesmo. 
Sempre achei bichos muito metidos. Porque não dizer traiçoeiros? Se a sua casa pega fogo, o cachorro só sai se você tiver junto dele. O gato já fugiu tem 3 horas, e se for no seu enterro é só pra pensar em sua língua felina coisas do tipo "servo humano imbecil, além de não me dar filé mignon ainda me queima meu enlatado, BEM FEITO que morreu queimado junto!". Vamos lá, quem nunca foi adepto da teoria de que os gatos querem escravizar a nós? Querem voltar ao Egito Antigo. Gato não é católico, que dirá evangélico, assombrem-se ultra religiosos  com seu devido bichano. Também, você queria o quê depois da Inquisição? Isso devo admitir, gato sofre, principalmente gato preto. Mundo preconceituoso esse né. Gato branco até passa desapercebido, mas gato preto saiu na rua é chute! Gato branco virava violino, coisa fina; gato preto é churrasco de pobre! Quando não levam pra macumba. 
Engraçado, sempre adorei outros felinos. Linces, gatos do mato, pumas, guepardos, tigres, leões (principalmente). Mas gato eu bato o olho, já fico: "Nem vem."

Porém, como em tudo que se desenrola de acontecer na minha vida, algo tinha que vir me contradizer em meus pensamentos já muito acertados do amadurecimento. 

Não sei bem quanto tempo, só sei que tem tempo. Conheci uma gata. Do tipo manhosa. 
Essa domina a arte essencial do gato: o pulo. E bem compassado. 

Não foi algo do tipo conhecer e passar o tempo todo grudados. Não, ela é gata. Gato roda, gato sai e não tem hora pra voltar, gato não tem dono. E nem queria eu ser dono ou coisa do tipo. Mas gostava da gata que por vezes me cruzava o caminho, buscando nossos amados lírios em comum, e não se sentia lá a realeza dona de minha humanidade insólita. Fato é, a gata pulava. Um pulo aqui, manhas e mais manhas que me faziam achar graça, e mais 3 pulos pra cá, sem errar o passo, caminhando em qualquer outra direção. Dali mais uns instantes pulava de novo no meu caminho. E eu ria. Passei a achar graça. 



Mas gato sofre, eu disse. E vinha a gata, manhosa, miar. Isso é uma coisa que eu sempre odiei nos gatos. Porque cachorro late pra caramba de noite pra qualquer coisa, mas é pontual e logo para. Gato não. Gato é aquela cantoria, o silvo dos infernos. "Miau miau miau" o gato nos telhados, "miau miau michupa e cala a boca" diziam alguns vizinhos. Porém, vai lá saber porquê, não quis eu ser vizinho mandando a gata pros piores lugares cabíveis. Primeiro que se gato quiser ele vai. Segundo que a gata me pareceu humana, assim. Mais do que já aparentava. Não fui eu então ódio pelo miado. Achei tocante. "Gato sofre, como você". Vai ver eu era gato e nem sabia? Não, sou lobo e esta metáfora é irretocável, mas realmente me peguei pensando nas sinas daquela felina diferenciada.
E no que a gata miou, dei-lhe um novelo.

Gato ama isso. Não sei porquê. Mas ama. Dei à ela um novelo. Fio longo, talvez remendado. Não sei nem a cor. Gato vê cor gente? Não sei. Vou dizer que é verde o fio, é verde, por provocação, porque não é só a gata ser manhosamente querida que eu não posso ser abusadamente sabido das escolhas. 

O novelo é sonoro. Vem de dentro. Ecoa e fica infinito, mea culpa. Pra ela não faz mal, gato gosta. Ela gosta. Desenrola o novelo, brinca, sorri. Pula pra trás, hora da gata ser gata longe de qualquer um. Pula de volta, ainda é gata. 

Divirto-me com o sorriso e as manhas da gata. Divirto-me fazendo com que aconteçam. 
Amigo de gata, o lobo rei dos cães, onde esse mundo foi parar... =)

Resumo e desabafo: Brasil agora

Okay, isso aqui vai ser longo. Bem longo, mas eu peço que, da forma que vocês puderem, prestem atenção, leiam.


Estamos em um momento crítico da história brasileira.
Fazia tempo que movimentos não surgiam espontaneamente do povo. Os 20 centavos foram a gota d'água pra décadas de corrupção, infra estrutura ruim, péssimos serviços públicos e elefantes brancos pra gringo ver. 

E começou, e em muitas partes das manifestações ainda é, muito lindo de se ver. O povo ia nas ruas, pacificamente, cobrar mudanças. Teve vândalos como tem em qualquer lugar sem que em momento nenhum se precise de motivos para o ser, e teve uma PM fascista descendo o pau em quem fosse.

Cabe dizer que existem 2 formas de vandalismo. O deliberado sem motivo e sem representatividade, que só enfeia os movimentos (quebrar placas de trânsito, queimar carros de gente que não tem nada a ver com isso, atacar a imprensa que já tende a nos criminalizar e dar razões para isto); e o simbólico, que vem como reação direta à repressão violenta da PM e ataca símbolos importantes da corrupção e passividade política. Este último, por mais "doloroso" que possa ser, é extremamente natural, e pode vir a ser necessário dependendo do rumo que as coisas venham a tomar. Não to incentivando a violência não, prestem bem atenção, mas eu gostaria que alguém me dissesse que em momento algum sentiu vontade de fazê-lo. Como não querer derrubar Brasília até o último tijolo? Como nos manter pedindo paz enquanto a PM nos subjuga como assassinos, não importando nossas intenções? Coisa que aliás ela fazia nas favelas todo santo dia, e só agora os filhinhos de papai se revoltaram, afinal, a favela é um mundo a parte e eles não ligam enquanto tiverem seus Ipads na mão. Mas isso é outro papo.
Isso que às vezes afasta algumas pessoas do movimento: sabemos que em dado momento vamos explodir numa fúria muito maior que a dos vândalos que não precisam de motivo, e ninguém aqui quer se machucar. Nossos pais querem isso muito menos, afinal, essa conta sempre recai nas costas da juventude, querendo ou não. Mas é difícil não nos arriscarmos. É difícil sofrermos tantos abusos dos corruptos e seus peões e não podermos enfrentar isso, reverter. E quando vamos a rua e somos reprimidos, estouramos e tentamos revidar. Quebra pau na Alerj, eu não começaria, mas não repreendo quem mostrou do que o povo é capaz.

Outra questão é o desfoque no movimento. Tá que talvez um impeachment no Feliciano, no governador ou no prefeito fosse um recado bem dado pra certos partidos câncer, e que tem motivação clara (é o governo do estado que ordena que a PM vandalize com a gente, é o governo do estado que é responsável pela saúde, e a prefeitura usa e abusou da imagem de um novo Rio que na verdade só exclui cada vez mais a população mais pobre, Feliciano é racista, etc). Mas isso é pontual daqui, e pode ser feito num momento posterior às prioridades (que são nacionais), uma vez que o mandato de ambos já está no fim (exceção à Feliciano, mas ele é apenas um que tem sido usado como fantoche, e isso tem atrapalhado seriamente no foco do movimento). A Dilma não tem tanta culpa quanto certos larápios (já comento isso melhor) acusam: é uma sinuca de bico, PT centro esquerda com coligações com certos partidos de direita não tem lá muita condição de resolver os problemas diretamente, direita = conservador = classe abastada = patrões burgueses = contra o povo , isso é 99% dos casos dos políticos desses partidos e só discorda quem é muito iludido ou está sentado do lado desses crápulas. Sabendo disso, admitamos, o PT faz o que ele pode fazer pra se, ao mesmo tempo, agradar a população e se manter no governo. Falam da corrupção, ela SEMPRE existiu. Desde os militares, desde Getúlio. Desde que o Brasil é Brasil, desde que o mundo é mundo. A questão é: quando o governo é de direita, ele costuma encobrir melhor seus rastros. Costume de quem já gere ou representa quem gere rios e rios de sistemas ilícitos. Não é o caso de partidos mais esquerdistas. Quando estão no governo, não sabem esconder sua corrupção, e fica fácil pra direita (que é oposição neste momento) apontá-los, e usando a mídia, escândalo. O mensalão é o maior esquema já descoberto. QUANTOS MAIS NÓS DESCOBRIMOS? Isso é uma baita ponto.
Combater corrupção tem que ter nomes, propostas. Assim como apoiar a educação e saúde. Não adianta gritar pelo fim da corrupção, em teoria até o corrupto quer isso.
Da mesma forma, de que adianta rechaçarmos a Copa? Acho válido deixarmos claro que não pedimos isso. "Eu abro mão pela saúde e educação!". Sim. Isso vale. Mas FIFA GO HOME...rapaz. Até achei bom no começo, mas parei pra pensar. Já temos 500 elefantes brancos construídos nesse país. Cidade da Música lembra alguma coisa? Melhor, deixa eu ser mais recente: ENGENHÃO. Um estádio lindo, moderno, sem nenhuma infra estrutura de acesso adequada. E com erro de obra. Erro que ninguém falou nada, até o Maracanã ficar na reta final (curioso) das obras. E de repente, fecham o Engenhão. Ferram o Botafogo, complicam a vida de outros clubes do Rio que também precisavam. Aí todos lançam os olhos pro novo Maracanã: moderno, até bonito. ELITISTA. No projeto da obra está escrito: "mudança do perfil do público frequentador". ESCANCARADO PRA QUALQUER UM VER. E deixamos acontecer, a mídia achou lindo. Morreu o Maraca do povo. E se os clubes do Rio vão se estrebuchar pra jogar no Maracanã, ainda vale lembrar que ele pode ser praticamente privatizado pelo consórcio do dono do Brasil, Eike. Se veremos um Maraca cheio, com gente pobre e rica, talvez, mas não vai ser comum. E o ponto vai além disso, da questão emocional como fanático do futebol e apaixonado pelo meu clube, pelo meu Rio: o ponto é que o Maracanã JÁ TINHA SOFRIDO UM CAMINHÃO DE REFORMAS PARA O PAN DE 2007! Superfaturadas, claro, como tudo no Brasil. Mas já não estava no padrão FIFA? Não seria coisa de poucos ajustes? Estranho que não sejam.
Mas lembra da Copa da África do Sul? Vocês fazem ideia de como o povo de lá passou a despontar? Sabem alguns dos benefícios obtidos? Como bem disse um bom amigo meu, hoje a África do Sul faz parte dos BRIC'S. Ela atingiu esse status após a Copa.
Onde eu quero chegar com isso? Simples: as obras pra todos esses grandes eventos são grande fonte de corrupção quando poderiam ser formas de alavancar a moral do povo e investir nas áreas escolhidas como sedes de quaisquer competições. Dizer NÃO à Copa é dizer não a corrupção, mas também é dizer não a chance de fazer a Copa e Olimpíadas andarem A NOSSO FAVOR.

Voltando..
Gritem pela cassação de Calheiros, Genoíno e outros que foram CONDENADOS pelo mensalão e mesmo assim exercem cargos importantíssimos no poder, porque por mais que sejam apenas alguns dos ladrões, daríamos o exemplo para a corja toda. Gritemos e façamos pressão pra barrar o PEC37, pra que os poucos como Joaquim Barbosa ainda tenham condições de investigar essa laia toda. Gritemos por 100% dos royalties do petróleo na educação, e distribuídos NACIONALMENTE (aquela passeata do Rio pelo petróleo só pra gente foi UMA VERGONHA, UMA GANÂNCIA DESMEDIDA, num mundo onde todos buscavam formas alternativas de energia e éramos o exemplo de malha energética equilibrada, retrocedemos e foram pra rua com os nossos digníssimos que merecem impeachment E A GLOBO. É óbvio que merecemos maiores parcelas pelo prejuízo ambiental, mas não tão maiores assim, o resto do Brasil tem que ter também e pelo que eu soube graças a Deus vai ter. Dinheiro pra compensar o custo de manter a cidade sempre teve, a corrupção que faz parecer o contrário). Gritemos pelo fim do voto secreto na Câmara, pra saber quem realmente está do nosso lado. Gritemos contra o ABSURDO do processo de privatização dos hospitais universitários (EBSERH, se não errei a sigla). Gritem por transparência nas obras e investimentos na infraestrutura para grandes eventos. Deixa eu até resumir:

- Não ao PEC37
- Prisão aos condenados do mensalão
- 100% dos royalties do petróleo para a educação brasileira
- Não ao EBSERH
- Transparência 100% nas obras da Copa e Olimpíadas, junto com investimentos na qualidade de infraestrutura e mobilidade urbana (isso inclui transporte público GRATUITO) das localidades escolhidas para sedear algo
- Fim do Voto Secreto

Entre algumas outras causas DE EXTREMA IMPORTÂNCIA NESTE EXATO MOMENTO, e que se sobrepõem ao pontual das cidades e dos indivíduos. Serão benéficas ao Brasil todo, e mexem no jogo do poder. E nem precisam ser cobradas no mesmo dia, na mesma passeata. Talvez uma boa ideia seja cobrar uma de cada vez em escala nacional, avaliando qual delas possa ser mais possível como primeira a ser alcançada, gerando uma pressão contínua e UNIFORME. Depois de atingida uma meta, debate-se outra. E assim vai. DEMOCRACIA DÁ TRABALHO. Não acreditem que gritar por tudo de uma vez dá resultado, ainda mais sem argumentação. Só quebrar tudo também não dá, vira bagunça por mais vontade que dê. Vai demorar, mas sabemos ao menos que a mentalidade do povo mudou na hora certa (não existe tarde demais quando precisamos mudar).

Também cabe lembrar: movimento NÃO É MICARETA. Qual o diabo do problema na cabeça que o sujeito tem pra vir num protesto fumando maconha? Aliás, só por estar fumando. As pessoas numa rua com espaço não são obrigadas a inalar sua porcaria de cigarro, que dirá 1 milhão de pessoas numa rua, certo? Respeito seria bom. E não venham com esse papo que o cigarro queima o que se planta, que pode até ser, mas o cigarro não cura as doenças que causa pra quem não quer fumar. Fumantes causam prejuízo enorme a saúde pública mundialmente, e não por si mesmos, e sim por fumantes passivos com doenças. E os beberrões? Vi gente com isopor, até. Aí bebe, fala besteira, grita qualquer coisa sem nem saber o que significa no fundo, e em certos casos fica bêbado o suficiente pra virar vândalo deliberado. "Odeio PM, vou bater na PM". Não me provoca pra eu não te bater seu retardado, eu também odeio PM. Mas não é provocando os caras que eu vou fazer algo produtivo. Muitos desertaram pelo horror que tem sido. Uma coisa é revidar deles, a outra atacar. E eles são peões, já disse. Quem realmente merece um vandalismo pra lá de deliberado está sentado numa mesa mexendo seus pauzinhos pra fazer o movimento se estragar, E ELES ESTÃO CONSEGUIINDO. Deixamos, de alguma forma, isso acontecer.
Não sou contra o bom humor, aliás, SOU ADEPTO. Acho perfeitamente cabível o nariz de palhaço, acho lindo vários cartazes com piadas e trocadilhos. É engraçado, faz bem. Mas existe uma diferença entre ironizar, que é o que eu faço, e ficar lá pulando feito criança rindo de tudo, soltando fogos (PELO AMOR DE DEUS, JÁ VIVEMOS COM A POSSIBILIDADE DE LEVAR BOMBA DA PM A QUALQUER MOMENTO, E VOCÊS AINDA DÃO SUSTO INTERNAMENTE?), fazendo foto pro facebook...isso é patético.

Porém, no meio disso tudo, seja no vandalismo simbólico ou na falta de foco no movimento ou na falta de seriedade por muitos foliões (que manifestantes não são), vêem os oportunistas. Gente muito mais perversa que os vândalos deliberados. Gente bem pior que os saqueadores. Tem gente se misturando nas manifestações, desde o começo. Gente que pinta a cara com as cores do Brasil e canta o hino nacional de uma maneira um pouco diferente. Eu acho bonito o nosso hino. Eu tenho orgulho de ser brasileiro apesar dos problemas. Eu acho saudável exaltar isso. Mas, tão fazendo de alguma forma um pouco diferente. Não é como num jogo, numa competição, numa solenidade. Também não é como um ato de pertencimento. É como se cantassem o hino e dissessem algo como: "em nome da nação brasileira, farei o que for necessário para defender os bons costumes". Sentem isso também, essa impressão de ver pessoas com este tom? Quer dizer, eu to lutando pelos meus direitos, pela democracia, pelo meu povo brasileiro e pelo meu país, mas quando foi que nacionalismo virou terrorismo? Porque é isso que eu vejo, terroristas. Melhor, integralistas, pra lembrar da história.
Gente que pega bandeira do partido político A ou B da esquerda e destrói. Gente que grita "Fora Dilma" pra incitar causas que nada a têm a ver com o que realmente é a indignação agora. Sabe o que dizem por aí?

Golpe. É isso que muitos intelectuais pressentem. Eu não descarto. Tem cheiro estranho no ar desde que isso começou. Reparem:

Partidos de esquerda não fundaram o movimento, mas estão intimamente ligados a quem fundou em cada cidade. Seja por serem filiados, ou pelo simples fato de que os partidos de esquerda BRIGAM por essas melhorias há décadas. E de repente vem um povo quebrando as bandeiras? Falando de apartidarismo?

Não gosto de ser massa de manobra. Me afastei de muitos movimentos porque SIM, havia mais que uma participação dos partidos, havia SIM uma propaganda. MAS NÃO É O CASO DESTE MOVIMENTO. Os partidos não estão filiando ninguém, nem incitando a isso. Os de esquerda, ao menos, estão presentes. Os de direita tem a cara de pau de ficar fora e depois aparecer na sua TV dizendo que querem dialogar ao lado da população.
O movimento é apartidário no sentido de que não pertence à partidos: ele pode receber orientações e ajuda de ambos os tipos de partidos, mas não foi fundado e nem pertence aos mesmos. Não é terreiro eleitoral, bandeira é liberdade de expressão.
Agora quando surgem pessoas agressivas gritando apartidarismo e botando tudo a perder, o nome disso é fascismo. Sem partidos, sem definições ideológicas, abrimos espaço para a falta de pauta, que está acontecendo agora. Quando falta pauta, falta coesão. Falta identificação. O movimento vira uma bagunça que grita por qualquer coisa e gera instabilidade política, do tipo que os governantes não sabem resolver porque mesmo que saibam o que a população deseja, não vêem propostas coerentes para debater e se já não existe vontade política com propostas, que dirá sem. Instabilidade política que derruba governos. E não precisa de militar pra isso. Lembram do Collor? Ele fez muita besteira, mas deu início a estabilidade econômica brasileira. Coisa na qual o FHC focou completamente (a preço de sucatear completamente a educação e saúde), e que o Lula consolidou mais tarde. Mas a muita besteira dele botou o povo na rua. Com ajuda de quem? Quem puxou o movimento? Ahhhhhhh, revista Veja, rede Globo.
A mídia hoje se inclina novamente a favor do movimento, mas só mostra o vandalismo. Esse pânico gera instabilidade.
Esse pânico dá força a discursos extremistas. E não falo de revolução, caso não tenham notado a esquerda brasileira não faria nenhuma ditadura no poder como muitos temem, ela daria enfoque a reformas de base, que é o que precisamos E É A NATUREZA DO MOVIMENTO. REFORMAS DE BASE. Eu to falando de gente que tá doida pra derrubar o PT. É saudável que o PT seja substituído, democraticamente falando. Mas, por quem?
A esquerda pode começar a ganhar força agora, mas ainda é temida indevidamente e se um esquerda chega à presidência, estará sozinho sem congresso (que realmente decide o que passa ou não) e não poderá mudar nada. E aí, tem mais gente ganhando força aqui. A direita conservadora se veste de manifestante e ganha força. Fala pra derrubar a Dilma. Tá ruim com o PT? Não gostaria de dar margem pro PSDB, muito menos PMDB.
Eles só precisam de um empurrãozinho. Não podemos dá-lo.
Por hora amigos, tomem cuidado. Não entrem numa de manifestar sem saber quem está organizando, o histórico político dessas pessoas, gritando por qualquer coisa. Aguardem definições claras. Saiam da furada. Mas não desistam de lutar.

Paz e amor à todos! Saibam pelo quê estão brigando!

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Nossa voz

Nos fizeram esquecer.
Nós tínhamos. Viva e poderosa. E nem o AI-5 a calou por completo. Mesmo que quase silenciosamente, ela ecoava em cada corajoso ato de represália, em cada briga comprada quase suicida. A voz ecoa até hoje carregando a dor dos que foram torturados e morreram pela democracia, pela liberdade de expressão, pela igualdade e justiça.
E quando Cazuza, no primeiro Rock in Rio, pra encerrar seu show, anunciava a chegada de uma nova era da democracia brasileira, o poeta do povo jamais poderia ter imaginado o que viria. Nem o pior e mais cruel  dos ditadores poderia.
O que houve foi a consolidação do silêncio. Silêncio que vinha vibrar nas costas a cada golpe dos militares, mas que aprendeu a ser mais sutil e se instalava devagar com o sinal da televisão.
"(..) Silence like a cancer grows (..)" diriam Simon & Garfunkel.

E realmente, como um câncer. Governos que usavam a dívida externa como foco, esculhambando a educação. E dando mais liberdade pra uma mídia controladora. O câncer cresceu.
Por muitas vezes eu pensei que éramos caso terminal. Escrevi não sei quantas vezes aqui, até na descrição desta humilde página:
"Libertamos as mentes primeiro antes de libertar os corpos".

Era quase como um mantra pra me fazer acreditar sempre, não perder as esperanças na justiça, na bondade, nos dias melhores. E justo quando este povo tão doente parecia pedir eutanásia, o governo desligou as máquinas rapidamente e sem educação, e não morremos.


Não morremos. Não tivemos medo de abrir os olhos, não nos calamos.
A voz ecoou novamente.

Talvez não houvesse momento mais adequado para a volta do Maracanã. Porque a voz que descrevo só pode ser exemplificada pela euforia de um gol aos 45 do segundo tempo numa final lotada do maior patrimônio físico do futebol carioca (e porquê não brasileiro?). É uma explosão, um arruaço, mil meteoros que se chocam no mesmo ponto instantaneamente e vem abalar as estruturas terrenas daqueles que tentaram  reprimir o céu. Céu da nossa boca, mais do que o exercício de bater línguas e dentes para produzir sons, e sim uma arte. A essência de todas as artes, o ato de expressar.


Apesar de quererem nos tirar de lá. Não entendo porque "modernizar" implica em elitizar. Aliás, é esta a elite brasileira? Meia dúzia de corvos manipuladores que enchem os respectivos rabos de dinheiro enquanto destroçam a vida de milhões de outras pessoas neste e em outros países? Não sou ninguém para dizer quanto ao direito à vida, mas eu tenho bastante certeza que esse é o tipo de gente que já deixou de ser humano há muito tempo. São vampiros, são abutres, são vírus. Pior, são humanos ruins. Humanos não costumam ser melhores do que outros seres vivos. Estes conseguem se superar, pois acham que são enquanto sua existência é um estorvo para com todo o resto do universo.

E ver que não estou sozinho perante o mundo para jogar estas palavras ao vento é mais que um alívio.



Pouco a pouco, surgiu novamente a voz. Porto Alegre, São Paulo, Rio. Está se espalhando. O Brasil não fala mais, canta. Em puro gutural. É um grito. O trovão dos ideais.

E chamarão de vândalos quem apanhou por décadas a cada dia. Chamarão de iludidos quem não se deu ao luxo de deixar de buscar os sonhos. Luxo não, lixo!
Reacionários em seu lixo reclamam como donos de seu mundo luxuoso e irreal. 
Erro por erro é complicado. Mas luxo não justifica ser imbecil, lixo não justifica inércia, então que não julguem quem não aguenta mais ser saco de pancada. Querem "baderneiros" presos? Ótimo. Leva metade (to sendo generoso, já diria o Capitão Nascimento) das câmaras, prefeitos e governadores. Leva preso, Bangu 1 do ladinho do Beira Mar. Excelentíssimos. Em seu devido lugar. Justiça feita, aí "baderneiros" não se incomodarão nem um pouco de ficar presos. Melhor, junta eles com as vossas excelências. Não precisa mais que 10 minutos.

Nações unidas (nem tanto mas digamos que sim) já disseram: a PM tem que acabar. 
Já passou da hora.
Chega de corrupção. Chega de Rio pra quem pode pagar. Chega de Brasil pra quem pode se calar. Chega de violência. Chega de mídia manipuladora que precisa perder sangue pra fazer um trabalho decente. Chega de policial achando que é rei, indo contra o povo. Chega disso. Chega.

A voz acordou e está no ar. Mudanças vem aí. Só pro dia nascer feliz de verdade pro poeta do povo, só pro trovador solitário saber dizer que país é esse. Pro primeiro sonhador dizer que o mundo é um só.

Pra mais que isso. Pra você e eu, e quem mais vier. "Vem pra rua" - eles disseram. 
E fomos, estamos. 





quinta-feira, 13 de junho de 2013

Acordamos



O Rio de Janeiro quer continuar lindo. Antes vândalos do que políticos.

O POVO ACORDOU!

Deita, tempo

Deita, tempo, a cama é sua.
Engraçado como você parece não se cansar nunca, e segue sempre andando. 
Isso é saudável. Na verdade, faz bem que você ande. Você talvez seja o único capaz de receber a alcunha de indispensável para toda a existência. Pois a existência está nos teus passos, e você segue andando, e trilhando-a. Teu caminho é o viver. 

Mas você já andou tanto e muitas vezes eu me pego pensando nas mesmas coisas que pensava antes. Anda tanto tempo, anda tanto, e talvez eu não ande. Por vezes não ando mesmo, admito.

Tempo rei, sabes o que preciso. Deita. Só pra eu me acertar.
Quer dizer, pode vir pra ver que estou tentando. E tenho conseguido lá alguma coisa. Vai saber os planos superiores, o que Deus os demônios e o universo pensaram quando me incumbiram da tarefa de ser impaciente ao mesmo tempo que persistente. Persisto para colher longe, mas não sou paciente para esperar. E fico nesta tortura, persistindo e esperando, esperando você passar, tempo.

Então por um minuto, deita na minha cama. Só pra me dar o desconto de não esperar. Deita ali na minha cama, quem sabe eu vá deitar também. Só pra saber o que devia ter esquecido hoje e voltou a me incomodar. Só pra saber o que eu devia ter recuperado antes e sinto falta. Só pra saber o que eu ainda sei que não vou abandonar. E não posso abandonar.

Deita, faz-se. Tempo, se dê o tempo, me dê o tempo. 

Só pra eu poder dizer de novo que não vejo a hora de você passar. 
E então tranquilo você passa, ah, há de passar. 
E vou lembrar de quem já foi, vou esquecer se precisar.
Vou viver pra quem vier agora, vou viver pro que virá.
E tudo o mais é você, tempo, que há de registrar nos teus passos por onde eu procurei me embalar.


terça-feira, 4 de junho de 2013

Lições de duras penas

Nem sempre o que está ficando claro é claro pra sempre.
Nem sempre o "sim" é imutável. Ele pode ser "não".

Então, argumente o quanto quiser, mesmo com todas as suas certezas, é melhor realizá-las na hora do que esperar que se tornem mais certas. Mais sábio é se deixar levar pelo impulso que se tornou evidente o quanto antes possível. Esperar as confirmações só nos faz encher a cabeça de pensamentos perigosos e expectativas que levam à quedas desastrosas.

E, como eu já venho a perceber, você realmente pode estar jogando fora chances que aconteceriam de verdade. Não é só mais uma conversa pra dar moral ou extravasar meus pequenos problemas. É mais externalização de experiência, conselho, se preferir.


Minha queda mais recente não me doeu tanto. Me doeu perceber o que cite no parágrafo acima. Nem sempre é falta de sorte, temos que saber assumir que por vezes não somos competentes. Não somos o que pretendemos o tempo inteiro, e é comum sabe. Você percebe que amadureceu quando se dá conta dessas coisas, e começa a lidar melhor com tudo.

Porque nessas coisas de sentimentos incertos, a única certeza é que é tudo uma grande bagunça mesmo, e alguma hora a gente se acha.

domingo, 2 de junho de 2013

A verdadeira roda viva

Parei pra pensar hoje, não sei exatamente em que momento em que isso aconteceu.

Me peguei questionando tantas coisas em tantas pessoas. Pessoas que às vezes são como eu, e que ridiculamente cometem erros, quase gafes em suas vidas, tão fáceis de se perceber...

Exemplo: Eu sou artista. Me considero, ao menos. E tenho amigos artistas. Às vezes os vejo por aí, se afastando do mundo. Achando que a arte é um oxigênio além da metáfora. 

"Vou me dedicar à carreira". Nossa, chega a doer no ouvido. Bato no peito pra dizer que tenho ou tento ter uma carreira também. Mas porquê me sinto diferente neste sentido? Quer dizer, eu tenho orgulho demais de ser artista, de procurar um caminho meu. Mas sei que em nenhum ponto eu deixei de ser quem sempre fui. Nada nunca subiu à minha cabeça, e mesmo que um dia eu tenha algo que me torne passível, não vai ser assim. Não é assim que eu sou. Nem nunca serei. Mas é triste, ver gente que se afasta completamente dos amigos, familiares. Amores também. 

"Olha aqui que legal isso que eu fiz!". 
Legal mito. Legal mesmo, meus parabéns. Sem ironia, sem zoeira. Mas aí vem um desses amigos que perdeu o bonde da carreira, por assim dizer, e diz a mesma coisa.
Vem a estrela e responde.

"Ah que saudade de você, cara".

Hmm, saudade. Vê se depois a pessoa corre atrás, marca algo que seja. Façamos o desconto: tem a rotina de estrela né. E realmente existe essa rotina. Realmente é apertado.
Mas sabe, você pode ver de longe quando existe boa vontade ou não. 

Tem gente que, por outro lado, nem essa desculpa tem. Quem nunca teve aquelas amizades de interesse finito? Ou pior, as paqueras eternas?

Gente que te parece fiel, confiável até o fim dos tempos. Aí basta parar de se ver. Nem puxar papo via net rola minha gente, olha que desaforo. Desaforo maior são essas paqueras eternas.  No meu caso é especialmente dolorido. Você não ouve "eu te amo" a primeira vez na vida pra ficar no "tenho namorado" e nunca nada acontecer mesmo com ambos solteiros, certo?


Dentre outras coisas que vejo e continuarei vendo acontecer, porque talvez a vida realmente não venha com um manual de instruções nem uma previsão das consequências das nossas escolhas. 

Em compensação, tem gente que apesar dos erros se acerta. Melhor, tem gente que vive essas coisas todas e não erra. Tem artista que não perde os amigos nem fica de falsidade, meus melhores companheiros são assim. Tem gente que nunca encontrou seu amigo online ao vivo alguma vez na vida, mas mesmo com alguns afastamentos sempre tenta se fazer presente e é sincero. 

Tem gente que não brinca com "eu te amo".

Sou feliz de ter conhecido gente que queima meus primeiros parágrafos. Porque é isso que eu procuro. Não quero mais amizades falsas, não quero gente que prefere sua imagem. Não quero gente que não sabe amar. Mesmo que a maioria seja assim fútil e nós sejamos iludidos de tempos em tempos a ponto de atribuir a tais pessoas a alcunha de amigos. Essa minoria que quebra os versos citados é que faz a diferença.


E pra essa maioria que tem muito o que aprender, justifico meu título com os versos de um mestre:

"Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração"

O tempo faz passar o indesejado. Então, se vive a vida nesta falsidade majoritária, quantas rodadas do tempo você precisa pra se tornar indesejado? Não só no meu coração, mas no teu próprio, porque se a vida não tem previsão, ela tem espelho pra se ver o passado. 

Eu reflito. Nesta roda, quero consertar o que sair do eixo, mas que não tenha tido medo de entrar na roda antes.