Hey, você aí

Não, não quero seu dinheiro.
Estava mais pra dizer 'Hey Jude', ou algo assim.
Bom, este blog é sobre mim. Não apenas eu, mas o que penso, sinto, etc. Já foi meio invasivo, já foi vazio. E no fundo ainda é legal, pra mim. Meu cantinho de desabafo e filosofia, se assim posso dizer.
Eu sou um livro aberto. O que quiser saber, pode achar aqui. E o que não conseguir, é porque ainda vamos nos esbarrar por esta vida irônica.

The Beatles

The Beatles
Abbey Road

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

O vale e a escalada

O fundo do poço é um vale escuro e rochoso, aonde vem deitar as águas da vida. 
Elas descem, sem maior esforço, vindas da nascente sonhada. Bem no topo dos anseios.
E, conforme imaginamos, o topo se eleva. Põe-se distante, proporcional às nossas ambições. 
Geralmente, é difícil avistá-lo. Não surpreende: estamos mais acostumados a nos queixar do relevo acidentado do vale, de como as águas da vida fizeram poças que nos cercam e até banham dependendo de quanto tempo passamos ali, no fundo. Daí, a querer enxergar um sonho, parece impossível.

Mas o fundo do poço te dá as respostas. O vale pode ser feio, úmido, escuro, mas com razão de ser. O pouco de luz que nele bate reflete na água. E a água então brilha, e chama a atenção do passante e do imerso: a quem ousar ter curiosidade de olhar, verá, antes de qualquer coisa, a si mesmo.

Sim, a luz procura a água, que desenha tudo em reflexo, com o bônus de um brilho adicional, e talvez seja o brilho proposital! É pra aquele que jamais pôde imaginar-se assim, envolto em brilho. O reflexo pede pra que não mais apenas nos olhemos, mas olhemos procurando este brilho ali tão pertinentemente imposto. Se a luz o impõe à água, por quê não o impomos a nós mesmos?

Eis que, dado um tempo de reflexos e reflexões, é possível aos mais corajosos notar que o brilho na água não está sozinho; ela também reflete cores. Cores de um campo verde e florido, não lá exatamente distante do vale. Na verdade, são poucos passos. 
A falta de costume de levantar a cabeça cega os viajantes, que fazem das águas do vale sua areia movediça.
Então os mais corajosos se pegam maravilhados. Questionam como tamanha beleza era possível, ainda mais tão próxima a um vale que sempre lhes pareceu sinistro e intransponível.
Atraídos magicamente, erguem passo e sobem a leve inclinação, bem motivados. Acham o campo, deixam-se cair sobre as folhas e sentem os aromas das flores. Sentem paz. Notam as águas escorrendo pelo desfiladeiro, cortando o campo. Mais agitadas que no vale, porém ainda calmas. Olham pra cima e de repente choram de emoção: a nascente estava mais próxima. O suficiente para planejar uma rota até o topo.

Mas, cedo ou tarde, chove. E as águas se tornam vorazes, devoradoras. Carregam tudo. E até os mais corajosos, eventualmente, são carregados e devolvidos ao vale. O fundo do poço aguardava-os, certo de que ninguém monta acampamento eterno em grandes alturas.

Ainda assim, a luz ainda gera o mesmo reflexo. E os corajosos, novamente, podem tentar outra escalada. Vez a vez, chegando mais longe e enfrentando cada vez maiores inclinações, e águas mais brutas. 
A cada novo recorde, um sorriso mais largo. E a vontade de viver renovada. Capaz de suportar mais vales, capaz de suportar mais chuva. Até atingir o topo dos anseios.

E uma vez ali, feliz quem chega, ainda anseia mais. Então se dá conta: a vida é uma cordilheira. Pra cada topo, um vale. Pra cada vale, um novo topo. E aos corajosos, a escalada.





terça-feira, 21 de outubro de 2014

A quem interessar

Demorou, mas firmei uma banda. Espero que gostem do nosso trabalho.


Pouco a pouco, as coisas tem se acertado. Estou muito feliz com isso. Não sei o que o futuro me reserva, nem ao meu pessoal, mas estou otimista. 

Grandes coisas virão. 


sábado, 11 de outubro de 2014

Sobre a nostalgia das melhores sensações

Existem coisas que são simplesmente fantásticas de se vivenciar. Momentos que marcam de uma forma única, e cuja breve duração torna-os ainda mais valiosos. E mais ainda revivê-los, por mais alguns raros segundos.

Por mais que se tente, acho que é difícil descrever a felicidade de reconhecer rostos. Não por laços de quaisquer naturezas possíveis que sejam relembrados ao avistar tais rostos, mas sim pela época a que eles remetem. Talvez isso me afete em especial como aluno do Pedro II: rever gente que estudava por lá, ou que pegava o ônibus comigo no caminho. Mesmo à distância, e mesmo que essas pessoas nem sequer fossem lá muito minhas amigas. Só é muito bom relembrar o contexto que explica eu poder reconhecê-las. Talvez outras pessoas sintam isso em seus campos da vida de outras maneiras, e não lhes soe tão absurdo o que digo.

Também é muito bom voltar a sentir, por alguns minutos, como é legal ser notado e causar interesse. Trocar olhares de forma nada discreta, com sorrisos de canto de boca e uma situação desfavorável que impede o avanço desta interação inocente e levemente hilária. E se conformar com essa pequena memória que há se esvair, mas não por completo: haverá um rastro que puxará toda a história quando ela menos parecer provável e importante de ser lembrada. 

Mas talvez o melhor de todas as sensações nostálgicas é poder voltar a se encontrar. Definir quem é, se afirmar mais uma vez. Ver o caminho dos sonhos mais próximo conforme suas atitudes, ver o reconhecimento se tornar real. 
E isso servir como o impulso até pra achar alguém que aprecia isso. Essa sensação é boa, perdurando ou não. Mas que perdure, espero eu.

Enfim. Cultive momentos que valham a pena de se relembrar. Acho que a vida não tem sentido se for pra reclamar do que passou.