Hey, você aí

Não, não quero seu dinheiro.
Estava mais pra dizer 'Hey Jude', ou algo assim.
Bom, este blog é sobre mim. Não apenas eu, mas o que penso, sinto, etc. Já foi meio invasivo, já foi vazio. E no fundo ainda é legal, pra mim. Meu cantinho de desabafo e filosofia, se assim posso dizer.
Eu sou um livro aberto. O que quiser saber, pode achar aqui. E o que não conseguir, é porque ainda vamos nos esbarrar por esta vida irônica.

The Beatles

The Beatles
Abbey Road

quarta-feira, 9 de março de 2022

Dia 1 sem você

  Pensei que eu nunca mais fosse escrever. 

Pensei também, por exemplo, que nós nunca terminaríamos. 

Quer dizer, tecnicamente, você que quis terminar, com razões maduras pra tal - sem outros interesses românticos (se você foi sincera como acho que foi), sem querer prolongar uma situação de você não estar bem com  a vida e tudo o mais. Eu aceitei porque te forçar não me levaria a lugar algum. E cá estamos. 

Noite passada foi uma das piores noites da minha vida. Dormi pouco, disfarçava o choro pra não acordar ninguém e perguntava ao universo e todas as entidades possíveis por quê isso estava acontecendo. Percebi que eu precisaria encontrar formas de desabafar, pra não enlouquecer. 

Então cá estou. Estamos, talvez, se você por um milagre decidir ler. Não sei se é bom ou ruim se você ler. Mas, também, você não sabia se era bom ou ruim que continuássemos juntos, e da mesma forma que quer descobrir se estar separado te faz bem, preciso descobrir se voltar a desabafar vai fazer. 

Ironia: meu último post foi uma despedida do blog pra "nunca mais ou até a crise dos 27, pra evitar de entrar no Clube". O famoso Clube dos 27: artistas e celebridades de sucesso, que ainda assim não foram capazes de encontrar a felicidade e morreram como decorrência dessa busca nas fontes erradas (overdose) ou diretamente por suicídio. Cá estou eu, 27 anos, entendendo como parte dos meus ídolos se sentia. Não pretendo coisas tão radicais, então escrevo. 

Eu sinto raiva de você, sim, mas não é nada gritante. A raiva é pela impotência e pela injustiça da situação. Não há nada nesse mundo que eu já não tenha feito pra te fazer feliz e te ajudar a se encontrar, a falta de resultado só cabe a você. Mas eu esperava, sim, que no momento em que todas as portas da minha vida têm se fechado e me tratado como o sinônimo do fracasso, você estivesse do meu lado como eu estive pra você. E apesar de tudo, ainda quero estar. 

Sinto mais medo. Medo do que vai ser de mim sem você. Acho que nunca percebeu né? Que eu precisava de você talvez mais que você de mim? Talvez seja exagero meu, mas eu não consigo ver de outra forma e é assim que me sinto. Mais do que o costume, 5 anos juntos me fizeram ter a confiança e a certeza de que você estaria do meu lado e nós seríamos felizes, como vínhamos sendo como casal. Eu nunca me iludi sobre seus problemas e como te afetavam, e sempre tentei te ajudar. Mas eu ainda assim tinha como certo que você ia superar tudo e não se sentiria mais uma pessoa inferior.

Sinto também saudade, já. Saudade que me faz questionar se você realmente parou pra pensar em cada detalhe do que significa terminar. Você pensou no que vai acontecer quando você for ver um filme que te lembre de mim? Vi "The Batman" ontem e queria comentar cada segundo dele contigo na volta pra casa. Você não estava láVocê pensou o que vai acontecer quando for ver "SnK"? Quando escutar as músicas que eu te mandei um dia? Você pensou como vai se sentir quando eu tiver a coragem de excluir as fotos do Instagram? E as tatuagens que a gente ia tirar pra fazer? E outros planos legais?

Parece pouca coisa, né. Mas como você vai se sentir quando cada uma dessas pequenas coisas nossas te causar dor e saudade ao invés de prazer compartilhado? Você obviamente não vai entrar no Facebook pra atualizar status e vai deixar pra mim essa bomba, mas em contrapartida vai ter que se virar pra responder as pessoas que você obviamente não avisou. O que você vai fazer com o nosso porta retrato? Vai jogar fora? Vai guardar na esperança de que consiga se resolver em tempo e me procure? Ou vai ficar encolhida na sua mesa, olhando pra ele sem coragem de tomar uma atitude? Se jogar fora, significa que não quer ter esperança. Se guardar, não deveria ter terminado. Se não se decidir sobre, vai sofrer ainda mais. 

Você pensou nessas pequenas coisas te torturando? Eu tenho certeza absoluta que não. Nós compartilhamos coisas demais pra você ter antecipado o impacto disso. Esse sofrimento, na minha opinião, é desnecessário. Mas se é o caminho que você quer escolher, eu não posso fazer nada. 

Eu só queria poder estalar um clique mágico na sua cabeça pra você se sentir melhor. Não sofrer tanto com faculdade. Não ficar se achando uma pessoa ruim ou sem talento. Eu estou com 27 anos, desempregado na casa de mamãe sem passar nos concursos e agora chutado por você: e AINDA não me acho uma pessoa ruim ou sem talento. E isso não é ego, é realidade. Eu queria, mais que tudo nesse mundo, que você conseguisse estar feliz. 

E é isso que mais me dói. Você disse que me ama também. Que era feliz no namoro. Eu fiz a minha parte. Você não fez a sua consigo e com as outras coisas. Não é culpa minha, não tem o que eu possa fazer, mas eu queria demais poder fazer alguma coisa por você. 

Hoje mandei mensagem pra sua irmã e pra sua melhor amiga. Não pedi pra intercederem em meu favor nem nada do tipo. Pedi pra cuidarem de você. Fazerem você conversar nem que seja arrastada, já que eu era a única pessoa que sabia que só assim pra você botar pra fora as coisas. É o máximo que posso. Me resta confiar que você seja feliz. 

Pretendo mandar uma mensagem no seu aniversário, que tá próximo. Se você quiser falar comigo antes ou se encontrar, é óbvio que eu vou. Enfim. 

Não sei se vou te esquecer. E nesse momento, eu não quero. Te amo muito, e sei que podemos ter muito mais pela frente. Mas eu preciso que você sinta confiança nisso também. 

Fique bem. Eu estou péssimo e no fundo do poço, mas eu sobrevivo. Até pra te provar que dá pra dar a volta por cima...