Hey, você aí

Não, não quero seu dinheiro.
Estava mais pra dizer 'Hey Jude', ou algo assim.
Bom, este blog é sobre mim. Não apenas eu, mas o que penso, sinto, etc. Já foi meio invasivo, já foi vazio. E no fundo ainda é legal, pra mim. Meu cantinho de desabafo e filosofia, se assim posso dizer.
Eu sou um livro aberto. O que quiser saber, pode achar aqui. E o que não conseguir, é porque ainda vamos nos esbarrar por esta vida irônica.

The Beatles

The Beatles
Abbey Road

sábado, 27 de dezembro de 2014

About a girl

Se possível, empreste o ouvido (ou os olhos) pra se ater ao que devo relatar.

Quis a vida que eu a encontrasse. Não havia uma razão exatamente justificável pra que isso acontecesse. Talvez fosse o pior momento, para ambos. Mas assim o foi.

Não pude deixar de notar, desde o primeiro instante, a forte empatia que para com ela tive. Aliás, eu até sabia o que era empatia, mas nunca havia sentido dessa forma. Ela gosta da palavra. Fez-me achar interessante, também.

Fez-me relembrar o que é sentir-se bem pela simples presença de alguém na sua vida. O que é achar graça num comportamento até bobo em dado momento aleatório. E aliás, acho que nunca me envolvi num meio de falas e eventos tão aleatórios quanto estes aos quais fui exposto devido a existência dessa, digamos, ninfa. 

Ninfa é um dos poucos termos que conheço em meu vocabulário que consegue descrevê-la quase em sua totalidade. Quase, pois é um nível de complexidade tão denso que sinto que adentro um universo particular quando tento conhecê-la mais. E honestamente, a maneira com que sorri - tão tenra - pra mim,enquanto me guia nesta jornada (tão veloz quanto seu passo possa permitir) de alguma forma me alegra. Mas atendo-me à alcunha de ninfa: seus traços remetem a um quê de Europa, algo nórdico e místico. E tal como as ninfas gregas, este ser bailarina pelas florestas e campos verdes com a vivacidade mais espontânea e indomável que posso recordar de ter mirado em vida. Lança feitiços de paixão aos desavisados e inocentes, sem nem recordar-se de tê-lo feito. Mas não se pode acusá-la de nada. É seu jeito, é apaixonada pela vida que leva. Quando focada neste jeito, é genuinamente feliz, e aqueles que de fora atentarem hão de concordar que vê-la feliz é talvez a coisa mais sincera e preciosa, e que os custos para preservar isso jamais serão altos a quem puder pagar.
Perde-se em seus próprios saltos, e atira-se totalmente entregue nos meus braços. É sempre de surpresa, sempre quando eu não espero. Mas por alguma razão eu consigo ter tempo de apoiá-la, recebê-la com todo o carinho que posso oferecer. O carinho que ela me inspira a dar. Ninfas têm dotes artísticos, rezam as lendas. Ela parece possuir todos.

E foi nesses dotes que me conectei de verdade à ela. Já haviam milhares de razões para nos aproximarmos, mas esta foi o carro-chefe, a solda definitiva. Aquilo que nem eu e nem mesmo ela poderíamos prever ou especular. Muito sem querer, construímos algo. Algo que ainda não sei definir. Sei que faz parecer natural qualquer coisa que disserem a nosso respeito. Dirão que somos amigos, amantes, namorados, e quaisquer outros status possíveis. Todos vão parecer plausíveis. Todos vão parecer algo que em dado momento buscamos ou buscaremos. A incerteza do tempo não tira a certeza do laço: a música nos fez um do outro

Talvez seja triste limitar tal pertencimento à música. Talvez não. Sempre detestei indecisões, mas ela me trouxe algumas muito relevantes. E as que nela habitam se tornaram alvo de minhas preocupações, de meus anseios também. Tanto a se ganhar, tanto a se perder...
Se estivéssemos num jogo de perguntas e respostas, seríamos eliminados pelo contador de tempo. Em pensar que sempre fui extremamente decidido e objetivo..

Gosto de quando estamos juntos. De como nos divertimos falando das coisas que odiamos e amamos. De como nos entendemos falando do meu passado ou do dela, que por azar ainda é meio presente. Gosto mais ainda de como eu sempre encontro um jeito de fazê-la se conectar mais comigo, apesar de todo o cenário e das mil razões pra que isso não acontecesse. Engraçado, sempre estive acostumado a lutar contra o mundo pelo que queria; e embora pareça que eu estou lutando, tenho feito tão pouco esforço e as coisas deram muito resultado, no que cabia. 
Gosto quando ela se joga nos meus braços, e me puxa pra si sem querer. Gosto quando felinamente se entrelaça com meu corpo e faz seus cabelos lhe caírem da forma mais sensual no rosto. Gosto de perambular entre esses cabelos, beijá-la. Gosto dela. Ela me faz bem.

Não sei se foi nosso último beijo, não sei se foi o último toque. Não sei também se é amor, se será amor. Pelo menos da perspectiva romântica. Eu gostaria de estar chateado. Chateado com a certeza de que fora o último, chateado e com raiva e com algum motivo para não pensar mais nisso jamais em vida. Motivo o suficiente pra que ela não discordasse. Mas eu não consigo.
E também não quero tentar conseguir. A ironia que nos rege poderia me levar a amá-la em definitivo na minha tentativa de odiá-la. No momento, só sei que a necessito. Preciso de sua presença. Ela me faz bem. 

Achei uma amiga fácil que é livre a noite. Espero ainda o dia pra lhe acompanhar nas auroras, aquecendo-a ante o vento do norte.  


sábado, 13 de dezembro de 2014

Step by step

Não precisa pressa. 
Não precisa ansiedade. 
Até porque quando está comigo, você esquece da hora.
E de livre e espontânea vontade.

Não precisa aviso.
Não precisa preocupação.
Até porque eu sei muito bem aonde estou me metendo.
E convenhamos, tem sido bom que eu me meta.

Não precisa tensão.
Não precisa nervosismo.
Até porque você sabe como relaxar no meu colo.
E eu acho a coisa mais fofa do mundo te ter nele.

Não precisa medo.
Não precisa pânico.
Até porque eu só seguro a sua mão quando você quiser.
E você sabe que um dia você vai querer. Comigo ou não.

Enfim. 
Não precisa ter medo do que ainda não veio, do que talvez nunca venha. 
E não precisa pensar em sacrificar o que existe por esse medo.
Mas saiba que independente de tudo, eu jamais poderei te esquecer.
E espero que possamos viver o nosso melhor juntos. Seja ele o que for.

Never ask me to say I don't care about you, never tell me to not worry. I'll always care about you, I'll always worry about you. And I'm proud. Of you, of us. Always gonna be.


quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

O ballet de Bougainville

Plié.

1º ato. Um clima nostalgicamente triste, pianos e violoncelos. Soa um tanto confuso. O espectador está muito interessado, mas ainda não consegue identificar o enredo e até mesmo a personagem principal. Também, quem manda entrar levemente atrasado. Perdera a entrada principal, e grande parte dos acontecimentos que teriam impacto direto no desenrolar da dança. Ele pensa em levantar.

É aí que a vê. Se destacando de leve, entre toda a companhia. Entre cada salto leve, cada olhar curioso e aéreo, ela insinua sua presença ante o espectador, que se atém. Não consegue levantar, não consegue nem piscar. 

Cada movimento por ela executado levanta uma ideia, e ela faz tantos ao mesmo tempo que o espectador não consegue mais fiar a linearidade dos argumentos corporais. Ele simplesmente se perdeu acompanhando-a com o olhar, porém não consegue não continuar fazendo-o. 

As luzes estão se apagando, e o espectador, ignorante, levanta e bate palmas. O susto distrai a bailarina, que erra o salto e tomba. O público vaia, o espectador se encolhe em seu banco cheio de vergonha. Olha a bailarina, ainda no chão: ela o fitava, magoada. Sim, magoada! Ela não o odiava, não o detestava, e nem mesmo o cobrava. Ela só não esperava aquela reação. Ela estava exposta, estava fora de seu mundo. A dor não lhe cabia, ela não a aceitava. Do espectador, ela não queria palmas. Não agora.

Fim do 1º ato. O espectador vai remoendo os últimos minutos passados. De súbito, se vê com uma ideia. Levanta, apressado. Checa o cartaz na entrada do teatro:

"Ballet de Bougainville"

Não consegue conter o sorriso. Se apressa mais ainda, sai do teatro.

Começa o 2º ato. O clima era outro. Como uma tarde de sol, céu claro e poucas nuvens. Gosto de férias aos que merecem. Entra novamente a bailarina, recém recuperada da queda. Na verdade, ela ainda busca se recuperar. Tem o voto de confiança da platéia, mas ainda não sabe se será capaz de brilhar acima da mancha anterior. 

Entre piruetas e alguns passos, com toda a delicadeza que lhe cabia, mirou na direção daquele espectador, quase que como desafiando-o a provocar outro problema. Eis que se surpreende: o banco estava vazio.

No primeiro instante, julgou que assim seria melhor. Mas, poucos segundos depois, pensava se não havia sido dura demais com o pobre sujeito. Pensava que talvez, se ela pudesse superar o ocorrido, ele também poderia esquecê-lo e nenhum dos dois sairia ferido daquela apresentação. Pensava, demais. Não devia, mas pensava.

E de tanto pensar, perde o foco nos movimentos. Seu rosto, de fragilidade amável e doçura gentil, franzia em frustração e inquietude. Contrastava demais com a música alegre ao fundo. Mais um salto, e a perna fica bamba.

Ela ia cair, novamente. Ia, de fato. Foram segundos de desespero: pensava nos ensaios duros e cansativos, nas coisas que deixara de fazer, no quanto aquele momento lhe era importante e agora tudo iria por água abaixo. Tudo em função de um maldito espectador. 
E ao tocar o chão, ouviu um som abafar sua queda. 

Mais que isso, algo havia simplesmente arrastado todos os olhares da platéia para os fundos do teatro. 

Era o expectador, que havia batido a porta de emergência. Trazia um buquê nas mãos. 


Eram bougainvilles. Ah, ele não podia estar mais certo. Estivera errado o tempo todo, mas estava tão certo que os olhares de reprovação do público pouco lhe importavam. Ele só mirava a bailarina. Esta, ainda estatelada no palco, estava incrédula. 

Acontece que o espectador acabava de lhe salvar. Por um único segundo, chamara as atenções todas pra si, no exato momento em que o foco na bailarina poderia ser fatal para todos. Ela então se recompõe rápido, segue seus passos, e sorri para seu herói atrapalhado.

Ele volta, quase exorcizado pelo resto dos presentes, a seu lugar cativo. Buquê em mãos. Não consegue tirar os olhos da bailarina. E então é ele quem se surpreende: agora ela retribuía. 

Naquele instante, ele era feliz. Feliz por ter a ideia certa, feliz pelo acaso que lhe promovera a um novo status. Feliz pela chance de encará-la, olhos nos olhos, e - pelo tempo que fosse - participar de seu mundinho particular. Esperou, pacientemente, cada movimento e cada sorriso da bailarina. Reparou na luz que realçava cada centímetro de sua beleza, e que refletia nos cabelos castanhos e de pontas ruivas devidamente planejadas. Desejou tê-los ao redor de seu peito, ou caindo por seus ombros. 

Ela estava feliz, naquele instante. Feliz porque ele havia voltado, não estava magoado. Feliz porque tudo havia dado certo no final. Feliz porque eram bougainvilles. Feliz porque ele não havia desistido de vê-la brilhar. Feliz a ponto de dançar o melhor que já tivera dançado em vida, sem sentir a pressão do momento. Voou linda, de ponta a ponta do palco. 

Fim do 2º ato, chuva de palmas. Alguns estão emocionados. Mas ninguém poderia entender ou imaginar o sentimento compartilhado pela bailarina e seu atrapalhado espectador. Ainda trocavam olhares, os dois.

Horas depois, batem à porta do camarim. A bailarina abre. Um buquê, uma carta. Um convite, na verdade. Ela se vê aflita: viajaria em algumas horas para a Suécia com a companhia. O que faria?

O espectador não sabia disso. E se soubesse, talvez não lhe importasse. Ele estava na saída do teatro. E com o mesmo sorriso de um pouco mais cedo, recostava-se na parede. 

Era uma terça-feira, fazia calor. Nuvens começavam a se formar, talvez chovesse. O ballet tinha acabado. Não se sabe, porém, o que havia começado.








segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Irrefutável

Quando o céu se aquietar, sem nuvens nem vento, e ainda assim chover.
Quando o sol não brilhar em nenhum momento, e ainda amanhecer. 
Vou lembrar de como te conheci.

Quando a vida nascer, em meio à guerra, e ainda viver.
Quando a morte vier, calma pela noite, e ainda assim doer.
Vou lembrar sua destreza em me fazer feliz.

Quando tudo que conheço não passar de ilusão.
Quando o que desconheço for realidade.
Quando eu amar outro alguém, até de verdade.
Ainda assim, vou querer estar com você.

Quando o lírio desabrochar, sem água nem terra, e ainda crescer.
Quando o vulcão acordar leve e discreto, e ainda tremer.
Vou lembrar que nunca tive você.

Quando o rio secar triste e mesmo assim correr.
Quando o homem exterminar e hipócrita, dizer se arrepender.
Vou lembrar que lutamos juntos.

Pois quando tudo o que existe se extinguir.
Quando a paz e o amor em guerra se findarem.
Quando a dor e o sangue forem irmandade.
Vou pensar que devíamos estar juntos.

E quando a vida disser que é a hora da morte.
Quando os sinos da igreja cantarem à vontade.
Quando por fim eu, exausto, e em lealdade.
Te direi que você eu amei de verdade.

domingo, 23 de novembro de 2014

900 recomeços

Como caminhar do zero?
Levantar a cabeça, alçar passo? 
Como superar o temor de voltar ao zero?
Como superar a dor de já ter voltado?
E vezes, e mais vezes, tantas quanto se pudesse imaginar.

O quanto a dor nos afasta de nós mesmos?

Às vezes me pergunto isso tudo. 
Geralmente quando algo dá errado. Foge do controle, se desenrola de forma imparável e cruel muitas vezes. 
Quando o inesperado supera as expectativas de maneira ruim.
Há tantas razões pra voltar ao zero...

Não tenho todas as respostas que procuro. Jamais terei.
Também nunca serei imune à dor e à possibilidade de ser dilacerado pela vida. 
Talvez eu apenas descubra, ainda em tempo, como sobreviver com menos sequelas. Como não parar de caminhar. 
Será como não regressar rigorosamente a zero. Poderei regressar à 0,0000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000001, algo que é basicamente um zero. 
Mas não é zero. E talvez isso mude tudo.

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

I'm so tired

Cansei.

Cansei do medo de amar das pessoas.
O medo de arriscar, o medo de ser feliz.
O medo de se ver em situações vulneráveis apenas pra quem não sabe o que é bom.

Cansei também da falsidade.
A necessidade de tentar agradar a todos e não agradar a si mesmo, e ainda só pra desagradar no final.
A falta de personalidade, que não se assume como é. 

Cansei, ainda, da burrice.
A incapacidade de distinguir honestidade de grosseria. 
O mau gosto pra passar um recado e pra fazer escolhas na vida.

Cansei, principalmente, da acomodação coletiva.
Todo mundo parece querer se inserir em tudo isto que me cansa. 
Todos acham que é mais correto ser quadrado, covarde e limitado.

Que o sejam. 
Que se explodam em sua mesmice. 
Que percam o melhor da vida em seu medo.
Que evoluam apenas para perceber o erro, e não poder repará-lo.
Que a dor que provocam nos poucos como eu volte em dobro.
Que de posse dessa dor, ataquem uns aos outros em busca de respostas.
E que se isolem do mundo.

Deixem espaço pra quem quer ser feliz e só quer plantar amor.
Eu não mereço vocês, de alma pequena. 
Nem vocês me merecem. Menos ainda. 
Só espero achar logo alguém que entenda o que digo.



quinta-feira, 23 de outubro de 2014

O vale e a escalada

O fundo do poço é um vale escuro e rochoso, aonde vem deitar as águas da vida. 
Elas descem, sem maior esforço, vindas da nascente sonhada. Bem no topo dos anseios.
E, conforme imaginamos, o topo se eleva. Põe-se distante, proporcional às nossas ambições. 
Geralmente, é difícil avistá-lo. Não surpreende: estamos mais acostumados a nos queixar do relevo acidentado do vale, de como as águas da vida fizeram poças que nos cercam e até banham dependendo de quanto tempo passamos ali, no fundo. Daí, a querer enxergar um sonho, parece impossível.

Mas o fundo do poço te dá as respostas. O vale pode ser feio, úmido, escuro, mas com razão de ser. O pouco de luz que nele bate reflete na água. E a água então brilha, e chama a atenção do passante e do imerso: a quem ousar ter curiosidade de olhar, verá, antes de qualquer coisa, a si mesmo.

Sim, a luz procura a água, que desenha tudo em reflexo, com o bônus de um brilho adicional, e talvez seja o brilho proposital! É pra aquele que jamais pôde imaginar-se assim, envolto em brilho. O reflexo pede pra que não mais apenas nos olhemos, mas olhemos procurando este brilho ali tão pertinentemente imposto. Se a luz o impõe à água, por quê não o impomos a nós mesmos?

Eis que, dado um tempo de reflexos e reflexões, é possível aos mais corajosos notar que o brilho na água não está sozinho; ela também reflete cores. Cores de um campo verde e florido, não lá exatamente distante do vale. Na verdade, são poucos passos. 
A falta de costume de levantar a cabeça cega os viajantes, que fazem das águas do vale sua areia movediça.
Então os mais corajosos se pegam maravilhados. Questionam como tamanha beleza era possível, ainda mais tão próxima a um vale que sempre lhes pareceu sinistro e intransponível.
Atraídos magicamente, erguem passo e sobem a leve inclinação, bem motivados. Acham o campo, deixam-se cair sobre as folhas e sentem os aromas das flores. Sentem paz. Notam as águas escorrendo pelo desfiladeiro, cortando o campo. Mais agitadas que no vale, porém ainda calmas. Olham pra cima e de repente choram de emoção: a nascente estava mais próxima. O suficiente para planejar uma rota até o topo.

Mas, cedo ou tarde, chove. E as águas se tornam vorazes, devoradoras. Carregam tudo. E até os mais corajosos, eventualmente, são carregados e devolvidos ao vale. O fundo do poço aguardava-os, certo de que ninguém monta acampamento eterno em grandes alturas.

Ainda assim, a luz ainda gera o mesmo reflexo. E os corajosos, novamente, podem tentar outra escalada. Vez a vez, chegando mais longe e enfrentando cada vez maiores inclinações, e águas mais brutas. 
A cada novo recorde, um sorriso mais largo. E a vontade de viver renovada. Capaz de suportar mais vales, capaz de suportar mais chuva. Até atingir o topo dos anseios.

E uma vez ali, feliz quem chega, ainda anseia mais. Então se dá conta: a vida é uma cordilheira. Pra cada topo, um vale. Pra cada vale, um novo topo. E aos corajosos, a escalada.





terça-feira, 21 de outubro de 2014

A quem interessar

Demorou, mas firmei uma banda. Espero que gostem do nosso trabalho.


Pouco a pouco, as coisas tem se acertado. Estou muito feliz com isso. Não sei o que o futuro me reserva, nem ao meu pessoal, mas estou otimista. 

Grandes coisas virão. 


sábado, 11 de outubro de 2014

Sobre a nostalgia das melhores sensações

Existem coisas que são simplesmente fantásticas de se vivenciar. Momentos que marcam de uma forma única, e cuja breve duração torna-os ainda mais valiosos. E mais ainda revivê-los, por mais alguns raros segundos.

Por mais que se tente, acho que é difícil descrever a felicidade de reconhecer rostos. Não por laços de quaisquer naturezas possíveis que sejam relembrados ao avistar tais rostos, mas sim pela época a que eles remetem. Talvez isso me afete em especial como aluno do Pedro II: rever gente que estudava por lá, ou que pegava o ônibus comigo no caminho. Mesmo à distância, e mesmo que essas pessoas nem sequer fossem lá muito minhas amigas. Só é muito bom relembrar o contexto que explica eu poder reconhecê-las. Talvez outras pessoas sintam isso em seus campos da vida de outras maneiras, e não lhes soe tão absurdo o que digo.

Também é muito bom voltar a sentir, por alguns minutos, como é legal ser notado e causar interesse. Trocar olhares de forma nada discreta, com sorrisos de canto de boca e uma situação desfavorável que impede o avanço desta interação inocente e levemente hilária. E se conformar com essa pequena memória que há se esvair, mas não por completo: haverá um rastro que puxará toda a história quando ela menos parecer provável e importante de ser lembrada. 

Mas talvez o melhor de todas as sensações nostálgicas é poder voltar a se encontrar. Definir quem é, se afirmar mais uma vez. Ver o caminho dos sonhos mais próximo conforme suas atitudes, ver o reconhecimento se tornar real. 
E isso servir como o impulso até pra achar alguém que aprecia isso. Essa sensação é boa, perdurando ou não. Mas que perdure, espero eu.

Enfim. Cultive momentos que valham a pena de se relembrar. Acho que a vida não tem sentido se for pra reclamar do que passou.

domingo, 28 de setembro de 2014

A dark hole grows in my mind while I'm on the road

Sinto um pouco de nada, por vezes.
Um nada chato, tedioso, e ao mesmo tempo incrivelmente curioso.
Sei que não faz tanto sentido. Mas é curioso: como é possível se instalar uma sensação vazia, com tantas coisas positivas e mesmo negativas a se pensar e sentir?
Não sei bem explicar tal fenômeno, e por isso me soa ainda mais curioso quando paro pra pensar a respeito.

Talvez o meu complexo de maturidade precoce esteja adiantando a famigerada crise dos 27 anos. Ou o mundo a meu redor ande tão precoce com casais firmes (e até casados) e colegas tendo filhos que eu sinta como se estivesse perdido no caminho da vida. Como se o bonde estivesse passando, e eu assistisse lentamente sem poder de reação alguma. 
Como se as pernas pesassem toneladas e afundassem no chão como na areia movediça. 

Mas o mais estarrecedor é que me queixo pouco. Há algum conformismo da minha parte, nesta tranquilidade tediosa  (e nem por isso vantajosa e positiva em todos os sentidos), e que parece se justificar. Baseado em quê, essa é a questão.
Engraçado como essa sensação é familiar pra mim. E depois de alguns minutos pensando, finalmente consegui entender por quê:

Trata-se, simplesmente, da minha postura com transporte público.

Tá, agora soou mais absurdo ainda. Mas faz todo o sentido. 
Quando eu estou no ponto de ônibus, geralmente estou sempre adiantado. Tenho uma folga boa pra encarar engarrafamentos, imprevistos, etc.
Quando passa uma van ou um ônibus que me serve, mas está um pouco cheio, eu não subo.
Simplesmente por falta de comodidade. "Daqui a pouco tem outro mais vazio." - penso eu. E de fato, tem sim. Sempre tem, sempre vem uma opção melhor. Pode demorar mais 10 ou até mesmo 20 minutos, mas passa. E dá tempo de chegar onde quero, como quero, e de maneira mais folgada. Menos custosa. Dá pra chegar "feliz", por assim dizer, ao ponto que eu queria, sem um stress desnecessário. Salvo raras exceções de eu estar atrasado. Engraçado constatar que, sempre que eu espero por uma opção melhor e a consigo, a cabeça dispersa dos mil pensamentos aflitos e relaxa com mais facilidade. Submeter-me ao stress faz com que eu pense mais ainda nos problemas.

Fechando a analogia: eu estou fazendo exatamente isso neste exato momento com o panorama geral da minha vida. Estou esperando um ônibus melhor. Estou parado, no ponto esperando, com mil coisas na cabeça, e me preocupando com algumas delas. De repente passa uma van lotada, e eu fico com preguiça de encarar. Tá certo mesmo. Daqui a pouco vem outra, mais vazia. Vou escutar umas músicas e relaxar, chegar onde quero. Tudo no seu tempo.

Fiquei feliz em perceber isso. No fim meu instinto pode até não ter no que se basear, mas está certo e posso confiar nessa intuição. Estou levando a vida como levo meu dia a dia em coisas básicas, e talvez nada possa soar mais natural para alcançar uma felicidade plena.

Pegar um lugar na janela, encostar a cabeça e por os fones.






domingo, 21 de setembro de 2014

Inquietação do pacífico

Parece que está tudo em ordem. 
Parece estar tudo bem, e de fato, não há grandes motivos pra que não esteja. 

Realizações pessoais, sejam já realidade ou próximas de se tornar: confere.
Estabilidade emocional: confere, dá pra se dizer isso.
Tempo pra arcar com as responsabilidades: confere.
Vontade: tá, vai, confere. Mesmo que de leve.
Distrações saudáveis ocasionais: confere. Até bastante.

Mas falta algo. Um fator de caos, uma faísca, uma explosão. 
Um som violento e vibrante, que ecoe perpetuamente e vibre na mesma duração, com intensidade forte o suficiente para desviar a ordem vigente o suficiente pra sair do caminho do tédio.

Não que as coisas estejam ruins. Não mesmo.
Mas falta algo pra arriscar. Algo que brote sozinho e se molde pelo tempo, criando oportunidades. Falta um pouco do imprevisível, que há de se tornar presente quando lhe aprouver.

Já é uma boa hora. Vou tocar o resto. 


quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Sobre o destino e o tempo certo

Você me conhece, né.
Conhece muito bem, aliás. Desde o primeiro momento, pareceu conhecer de um jeito só seu. 
E por me conhecer, talvez não se surpreenda com esse pedaço de lirismo e romantismo exagerado. Talvez.
Mas ainda posso tentar te arrancar um sorriso espontâneo; e com isso fazer valer o texto, o esforço e o resto dos meus dias.

E se eu te dissesse que te queria desde que nos encontramos, não seria surpresa pra você também. Tenho certeza de que já mencionei esse fato. Contexto literalmente infantil o do nosso encontro. Quase um desencontro até. 

Ironicamente, o que nos aproximou foi algo tão maduro quanto um rito de passagem. Na verdade, era de fato um rito de passagem. Abracei sua coragem, seus feitos, e continuo abraçando. Você sempre foi o tipo de pessoa que fazia minhas maiores honras serem até sem sentido quando não lhe foram atribuídas. 

Talvez caiba dizer que até hoje pra mim é difícil me acostumar a como você gosta de mim. Você por vezes deixa bem claro, enquanto em outras faz um silêncio charmoso, mas deixa escapar sua admiração nas entrelinhas. Faz com que eu me sinta mais do que sou. Pode ser até que eu tenha me tornado o que você enxergava. Não sei dizer exatamente o quanto você já me influenciou.

De tanto em comum ao "não" por mim inesperado, e agora depois de tanto tempo quer virar um "sim". Acho que já posso dizer que será um "sim". 
O que levou a isso? Como foi que chegamos na conclusão que já havíamos chegado, mas desta vez a abraçamos?
Sinceramente, acho que pouco me importa. 
Eu só sei que sempre quis isso. Sempre. Mesmo quando eu não queria, era só falar com você que ficava pensando o quanto seria bom. Minha imaginação viajava e é provável que ela tenha desenhado mil cenários onde isso acontecesse, mas sem nunca acertar a previsão sempre que tais cenários pareciam se replicar. 
Simplesmente aconteceu. Da forma mais clichê. 
Está pra acontecer, talvez eu deva deixar dessa forma. Mas vai. Sei que vai.

E eu não sei dizer exatamente como será. Nem o que vai ser depois que acontecer. Pensar isso já é provocar demais a minha já presente ansiedade, que você tem aturado com louvor. Sabe que a compensarei por isso, e muito. Mas, sem perder o fio da meada, eu queria dizer o seguinte:

Não precisa pensar muito pra notar que a gente já criou um amor. Uma relação boa, firme, saudável e divertida. Com nossas próprias histórias cruzadas. De uma forma bem inusitada e sincera, nos amamos. Como os amigos que aprendemos a ser, como nossos fracos pessoais encarnados. Criamos, devagar e espontaneamente, um amor. Agora é vivê-lo. E ver se é amor em sentidos maiores. Não vou ficar cravando palpite. Mas..com toda a certeza, eu vou lutar pra vivenciarmos isso. Porque eu já sou feliz, hoje. Muito, até. E sei que você também. 
Mas é que você às vezes me faz pensar em escalas maiores. Sabe lá o que podemos fazer juntos. 

Enfim, eu já to me empolgando um pouco. Por garantia, me dê um tapinha nas costas pra eu acordar. E um beijo longo pra sonhar.

sábado, 9 de agosto de 2014

Tinha que ser

Você tinha que ser assim.
Tinha mesmo. 

Procurei tanto e tanto por alguém assim, e quando eu já havia desistido - meses e anos atrás - de tal busca, você apareceu.
Belo presente de aniversário.

Eu deveria e queria apenas comemorar isso. E ao seu lado, claro. 
Mas você tinha que ser assim, justamente assim como é, e também é isso que me impede. Ou nos impede.

Você tinha que fazer piadas sem graça, tão sem graça que me fazem rir no fim das contas. 
Você tinha que ser a pessoa mais irônica por mais tempo que eu consegui cruzar o caminho.
Você tinha que ser inteligente, perspicaz, ativista e racional.
Você tinha que ter surtos de fofura que me fazem querer ser fofo com você.
Você tinha que ser divertida, e sempre buscar o lado bom das coisas.
Você tinha que ser atenciosa (e não pense que não notei) e interessada de verdade nas pessoas que te cativam. 
Você tinha que ser todo ouvidos, e também corajosa pra se expor.
Você tinha que ser linda, linda demais.
Você tinha que persistir no amor, mesmo que ele esteja morto e te faça mal, te impedindo de viver por completo.
E você tinha que ser assim, levemente desacreditada em tudo que lhe atribuo e possa vir a atribuir.

É, você tinha que ser igualzinha a mim.
Digo isso porque sei quem eu sou. E pode perguntar pra qualquer um que me conheça, se eu erro quando falo das essências das pessoas. Esse é o meu dom, ou maldição. 
Reitero: Você é igualzinha a mim. Idêntica, cópia fiel, meu molde feminino. E se me deixar viajar em romantismo, eu poderia arriscar alma gêmea. 
Você é tão igual a mim que consegue cometer os mesmos erros que sempre cometi. O que te narrei, pouco antes de ter que deixá-la ir. Pense bem a respeito, você vai ver que no fundo é a mesma coisa. A vida tá acontecendo ao seu redor e você segue presa a algo em que acredita, mas que não vale o seu acreditar. Não vale o seu sentimento, o seu valor. 
Ah, quem dera eu pudesse te fazer perceber esse valor! Posso fazer mil textos como esse, não sei se fariam mais do que simplesmente te tocar. Nenhuma mudança vem de fora pra dentro. É você quem deve decidir se vai seguir com isso, se torturando à espera de um milagre; ou se vai buscar coisas que te façam bem de verdade. 

Eu torço muito pra que as busque, mesmo que eu seja apenas um expectador, e não aquele que te espera do outro lado da ponte. 
Mentira, pois eu jamais conseguiria me conter esperando do outro lado. Posso até não atravessar tudo, pois há de convir que dar 9 passos a espera de um único é desigual. Mas dê-me 5, darei 5. E aí estaremos frente a frente, e seria bom torcer pra não se tratar de uma velha ponte de madeira e cordas, dado que a gravidade poderia nos surpreender. 
Talvez eu até topasse ser surpreendido. Há algo em você que me faz sentir como se tudo fosse solucionável e até passível de risadas, se estivermos juntos.
Há algo em você, definitivamente.

E não me venha com "a gente acabou de se conhecer". Eu sei disso. Você sabe disso.
O que não impediu em momento algum que a gente tivesse uma química, uma fluidez fácil de se conectar, se entender. Nem tudo é somente coincidência. Já disse (e rimos disso juntos), eu não sou um cara que chega pra ser como outros tantos. Coisas mudarão, isso eu garanto. 
Que essa mudança seja boa, pra nós 2.

Enfim, já tá claro que eu vou lutar por isso. Do meu jeito, que calha de ser o seu.
Tinha que ser, tinha que ser...



quinta-feira, 17 de julho de 2014

Partes à parte

Dilema aqui, dilema acolá. 
Difícil pensar momentos em que não nos encontramos divididos em escolhas. Ideias ou ideais, vontades e obrigações, etc etc etc. 

Quanto mais hesitamos em fazer de fato uma opção, mais parecemos sentir o impacto dessas dúvidas. Talvez isso seja um pouco daquela conexão mente - corpo que citam por aí. Quando temos aqueles problemas (até em nível subconsciente) que começam a afetar nosso corpo de maneira física mesmo. 

Este texto mesmo, é uma guerra física e mental. A cada linha, penso se devo ou não escrever a próxima, e posteriormente me questiono se devo ou não apagá-la. A dúvida, em ambos os momentos, é acentuada pelo movimento errôneo dos dedos que se direcionam com vida própria em outras palavras ou mesmo em nenhuma. 

Somos partes de nós mesmos, o tempo todo. 
Sou pé pra querer correr, sou peso pra sentar, sou mão para escrever e pra tocar. Sou voz pra falar, gritar, cantar, calar. Sou boca pra comer, pra amar. Sou cabeça pra pensar, solucionar e principalmente, complicar. 

Somos as dores das nossas dúvidas em cada parte nossa que é a solução.
Isole a conexão, e seremos apenas dúvida ou corpos autômatos sem emoção. Enfim, reflexão pós-janta. 

domingo, 13 de julho de 2014

Carma

Acima da opinião, acima do raciocínio, acima do previsível. 
Este é o Carma, que não pede passagem pra ser apresentado. Muito menos respeita as vontades alheias.

Fato certo: o Carma existe, e pega a todos. 
Não tem hora nem lugar exato, mas sempre tem razão. E a razão é simplesmente o fato de que não existe só bem e só mal em uma vida. Ou em todas as vidas, que seja. 

Nossos caminhos são linhas constantemente desviadas pela forma com que interagimos com os acasos que nos são fornecidos. O entrelaçar destes caminhos costuma ser o determinante dos acasos, aquilo que lança as oportunidades para fazer escolhas e traçar assim um caminho diferente. Caminho este que não só pertence a cada um, mas a todos que foram alvos do entrelaçamento: um mesmo acaso e uma determinada escolha geram diferentes vivências e resultados para os envolvidos de forma individual num caminho que lhes é conjunto até o próximo acaso e consequentemente próxima escolha que rompa ou solidifique essa conexão.
Dito isso, é perfeitamente possível que alguém ande em círculos a vida toda; simplesmente por tomar a mesma escolha direcional nos mesmos acasos. 

A questão que se levanta é: por quê surgiram os mesmos acasos? De modo geral, não existe uma explicação 100% racional e convincente que possa dizer com precisão o motivo pelo qual tamanha repetição possa ser possível por diversos momentos em vida ou mesmo a vida inteira. Trato agora a questão em base do que acredito pelo que eu mesmo aprendi. 
Mas entendam, não que eu queira soar autoritário, o fato é que o que digo me parece tão certo que dificilmente a concordância ou não alheia altera a realidade do mesmo. Não é por presunção minha, é simplesmente como o Carma funciona.

Quando você faz uma escolha inadequada que prejudica a você ou outras pessoas, um acaso compensatório é criado no universo pra balancear a ordem e dar uma nova chance de acerto. Basicamente, se você erra consigo mesmo ou se sacrifica pelos outros, seu prejuízo pode vir a ser compensado mais a frente, se souber aproveitar a chance dada. Mas se você tira vantagem do erro alheio ou age de maneira vil com os que te cercam, fatalmente a sua queda vai chegar se você não abrir o olho. 
Até aí, percebam que é tudo um jogo de possibilidades: com certa carga de experiência e um olhar mais atento, é possível acertar o próprio caminho sem prejudicar os outros sem ter que passar por sofrimento algum e também ser um verdadeiro vilão de telenovela sem que um castigo lhe alcance. Mas, embora a experiência possa ser facilmente adquirida após alguns erros e acertos ainda em juventude, o olhar atento não é algo que todos possuem naturalmente. Pior, este olhar atento é algo que deve estar sempre se adaptando: diversas situações que parecem únicas podem ser na verdade apenas variações de um mesmo padrão já vivenciado, padrão este ao qual já se tem uma resposta (certa ou errada) em nossas mentes. Diante de tal fato, um olhar que não se adapta é incapaz de aplicar os conceitos aprendidos com as escolhas anteriores em situações similares, o que aumenta o risco de escolhas ruins que poderiam ser evitadas. 

Ou seja, de um modo geral, o Carma pega 99,99% de todas as pessoas do mundo em algum momento. Ninguém consegue, a vida toda, ter um olhar tão perspicaz a ponto de sempre identificar um acaso e suas possíveis consequências e como tirar bom proveito dele para si ou para os outros. Fatalmente, ao invés de podemos optar pela compensação dos atos anteriores, somos forçados a abraçá-la como destino certo: quem sofre ainda pode vir a sorrir, quem sorri hoje ainda vai sofrer. Nem só bem, nem só mal. Uma dicotomia constante e necessária.

Pode ser de qualquer forma. Um filho que se desentende com os pais pode se tornar um pai que discute demais com os filhos. Um cara infiel pode se tornar o corno mais sacaneado da praça. E claro, eu posso reencontrar depois de anos uma garota a quem neguei a chance muito mais linda, gostosa, inteligente e tudo a ver comigo, sendo que ela tem namorado.
Normal.

O que é meu tá guardado. O que é seu tá guardado. Todo mundo. O Carma que sabe.



quinta-feira, 10 de julho de 2014

Mais um

Era só mais um.

Não tinha se tornado um artista famoso. Também não era rico.
Não era um gênio realizador de grandes descobertas. Nem um revolucionário que lidera os grandes movimentos libertadores e promotores de mudanças. 
Ele não tinha realizado todos seus objetivos de vida. Talvez nem sequer tivesse descoberto a verdadeira extensão de seus sonhos.
Mas havia realizado alguma coisa até, de suas resoluções. Na medida do possível. Era jovem demais, isso se podia dizer. E talvez, em função disso, imaginassem que ele não estava se queixando na hora fatal por ainda não ter alcançado a plenitude de sua determinação.

Não teve manchete de jornal, mas houve quem sentisse como a morte de um ídolo. Até porque pegou a todos de surpresa: o diagnóstico terminal de uma doença rara, que ele fez questão de ocultar da maioria. Só a então namorada sabia. E fora ela a incumbida de mostrar o curto bilhete aos que o amado designara:

"Se eu contasse, vocês surtariam mais do que eu.
Se eu contasse, se preocupariam demais em me agradar e deixariam de ser sinceros. 
Se eu contasse, iam sofrer de forma adiantada.
Se eu contasse, alguns seriam capazes de se afastar pra tentar se acostumarem e assim me fariam sofrer mais.
Se eu contasse, se esgoelariam em tentar achar formas de me salvar. Formas que estavam além do alcance de todos nós juntos.
Se eu contasse, não viveria os nossos últimos momentos da maneira que queria: exatamente como eu tinha vivido até então. 
Não vou ficar aqui tentando explicar ou procurar razão pro que aconteceu. 
Sigam bem, tudo que peço. E amem muito. Amo vocês. Tô de olho, viu?
Fui.

PS: Se existirem espíritos que puxam pé, aparecem em espelhos e coisas do tipo, talvez eu apronte uma dessas com os mais assustados. Desculpem de forma adiantada, mas é que eu não resisto."


A família não conseguia sequer imaginar qualquer coisa como essa ou de qualquer outra natureza. No primeiro momento e até aquela hora derradeira, eram a encarnação perfeita de dor. Fora o golpe mais covarde e mais forte que receberiam em vida: ele era o orgulho, aquele que já tinha conquistado muito mais que todos os antecessores e que ainda prometia vôos maiores. Ele era o laço de conexão das partes separadas, e o exemplo que todos citavam e a que recorriam. A dor - devastadora - só começou a diminuir quando a família notou ser minoria no enterro.

Dezenas. Eram dezenas de amigos. Todos, tão arrasados quanto a família. Isso os confortou. Não esperavam que ele tivesse sido tão popular. Muito menos que causaria tamanha comoção sincera. 
Os amigos variavam reações, embora também tomados pela dor. Os colegas mais recentes (pois é claro que ele teria feito novos até mesmo na última semana de vida) eram os mais abalados. Ironicamente, já que não houvera tempo para aprofundar os laços. Talvez fosse esse exatamente o motivo. 
Os bons amigos e amigas relembravam, entre si ou em suas mentes de forma isolada, os bons momentos. A forma com que haviam o conhecido. As piadas e histórias que ele contava. Alguns recebiam uma grata surpresa: certos presentes eram testemunhas e personagens dessas histórias. "E eu ainda duvidei." - pensava o mais cético. E estas personagens, por sua vez, vinham dar seu testemunho particular sobre coisas que somente elas haviam vivenciado com o jovem moribundo. Uns choravam ao contar os causos, outros sorriam com plena sinceridade. Estavam gratos pelo encontro em momentos anteriores. 
Havia algo curioso tomando lugar no enterro: muitas mulheres cabisbaixas, incapazes de proferir uma palavra. Algumas era completas desconhecidas. Outras, amigas próximas e sempre presentes com o sujeito em vida. Também havia as que foram parte de seu passado. Os mais perspicazes podiam decifrar: eram aquelas que o amaram ou chegaram a amar mesmo secretamente, golpeadas pelo baque de sentir as esperanças de um futuro retorno ou começo se esvaírem.
Os mais próximos, seus maiores companheiros, já não mais choravam. Tentavam refletir o que aquilo significava. Não o acontecimento em si, mas para eles. Se dividiam entre os inconformados, os nocauteados e os poucos otimistas.
Os inconformados arriscavam um palpite:
"Ele deve estar mais chateado por ter sido agora do que nós."
"Como é possível?" - respondiam de volta os nocauteados. 
"Vocês acham mesmo que ele abriria mão da chance de ainda ser tudo que dizia assim? É capaz dele ter partido revoltado."

É quando o melhor amigo, o melhor exemplo dos otimistas, fecha as especulações fúnebres:
"Tenho certeza que ele foi mais tranquilo e descansado do que o mais realizado ser humano."
"Mas ele foi tão jovem! Tinha tanta coisa pra fazer entre nós...E como todos disseram, ele queria muito dar prosseguimento nas coisas que fazia. E a forma com que aconteceu.."
"Leiam a lápide." - sentenciou o eterno irmão.

Só então entenderam a verdadeira razão do que estava escrito:

"Fui arrumar a casa. Por favor, arranjem razões pra demorar."

Ficaram todos ali horas a fio. O pai mandara enterrá-lo com uma bandeira do Botafogo, e os amigos lhe trouxeram todos os álbuns de sua banda favorita. Levaram mais 2 ou 3 horas até que o grosso dos presentes caminhasse de volta à suas vidas.
A namorada sentou-se ao lado da lápide, ainda entorpecida. O coveiro pediu-lhe que se retirasse, pra fechar o cemitério. 
"Vou demorar amor. Pra ver se é pra ser. E se for, estarei com você."

Mais um dia, só mais um que morreu.  

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Hashtag

#comoeudissequefariaevoceduvidoucaestoutedesafiandoacomprovarquevenciseudesafioecomovocejadeveterpercebidonaorolaacentonemvirgulanemmaiusculanempontoentaovailevarumbomtempoatevocedecifrartudoqueeudisserporaquitalvezsejainteressantecopiarotextotodoetentarseparaloadequadamenteparaquepossaapreciaroconteudoantesdequalquercoisaqueriateagradecerporteraturadominhalevedepressaopeloforaquearitamedeuseiquesomosamigosmasissonaoteobrigaasertaolegalcomigocomosemprefoieaproveitandooganchovimtedizerumascoisinhasqueasvezeseutedigocomfrequenciamasnaoentramnasuacabeçanaoquevocesejateimosamastemcertascoisasquerealmentesevocenaoasdesenvolveporsimesmaedificilqueinteriorizeoquedigopoisbemarazaodeeumelembrardevoceescutandoanotherdaynaoesoporqueameninadamusicacomovocetemfrustraçoescomasquaismaisconvivedoquesuperamasprincipalmenteporqueameninadamusicaesperaumprincipequelhequebreosfeitiçosdavidaoquefazdelanecessariamenteumaprincesaqueeoquevejoemvocedesdeomomentoquebatioolhoemvocesempreteassocieiaumaprincesamelhordizendoaideiadeumameninacujasqualidadessaoinsuperaveisecujosdefeitossomeatraemmaispraeladoquemeafastampramimvoceeumaprincesaquandonosconhecemoseuestavanummomentobemconturbadodavidaeoatravesseidurantetodoaqueleanoeatenametadedooutroegraçasavocereaprendiaserfelizdeverdadecomojatinhatecontadonaquelevelhotextoqueteescrevievoceamouemuitoporissoeusempremeviemdebitodetentartefazertaofelizquantovocesempremefezeajudalaasuperarosobstaculostaotriviaisquesepoemnoseucaminhoequevocepornaoacreditaremseupotencialoscomplicadevodizerqueissomeentristecepoissealguemcomovoceexisteeecapazdefazerosoutrosfelizescomosempremefezefaznaodeveriaservoceapessoaaquemfaltaaforçainternadecaminharsempreemfrentemesmoassimeincrivelcomovoceconsegueserfeliznavidaseusorrisotransmiteumapazeumaplenitudesemigualnaqualaprendiameespelharemeinspirartalvezeununcaconsigateescreverumamusicaporqueautocriticocomosoutalveznuncaachealgoqueeucomponhabonitoosuficienteprafazerhonranemsoavocemasafelicidadequemefazsentirtamanhaessafelicidadequevocedeviapararprarepararomeusorrisoquandonosencontramosmezoaramdiversasvezesporissoeojunchegouamepilhardiversasvezesporquequandoeufalodaspessoassobrevoceeuficoapoucodechorardeemoçaoenaoestoubrincandovocesetornouumcapitulotaoimportantedaminhavidaquesinceramenteaindanaoseicomofoiquemeacostumeianaotervoceporpertomepuxandopelobraçoprafazerqualquercoisaquefossepelafaculdadeatehojenaoseibemporqueeugostavatantodissoebalbucioexplicarquetalvezfosseporquequandoeuestavacomvocemesentiaumpoucodesligadodosproblemasquearranjavanavidasentiacomosefossembanaisequeseresolveriamsozinhoseatehojeeutentotedizerquepasseidepressaoserianosprimeirosmesessemvoceporlanaopordramaouexageromaserarealeunecessitavadevocepoisaminhavidatinhasetornadoumfuracaotaovelozecomplicadoquenomeiodeletodoaunicarazaopraeuaindateridoprafaculdadefoivocesimfoivoceeseissosoarcomooutracoisaentaoquesoepoispramimnaoseriadesrespeitoanadaseriatalvezumadasmaioressortesdaminhavidamasnaovouentrarnessemeritoateporquequandoeupenseiestarmesentindoportaiscaminhoslogoacordeiprarealidadedequenuncateriaumachanceepormaistristeedesanimadorquemesoassseeunaodeixeideestarcontigosemprepoisseriaumaperdaaindamaioreessasimirreparaveleimperdoaveldaminhapartemasresumindovocefoiocentrodaguinadarecentedaminhavidaearazaomaiordeeunaoterjogadotudoproaltoeaindamaisdetervoltadoabuscarascoisasquesempresonharapraminhavidaentaoleticiaeusemprevouquererquevocedesperteseumaximoporquevocemeajudouadespertaromeumesmosemsabervocemerecetudoaquiloquequiserbuscareseiquepodeconseguirtudoumavidafelizumfuturoestavelebrilhanteeclarocomoprincipequecruzaroseucaminhoessaparteagoraeparentesessimmuitaslinhasatraseubasicamentedissequeamariaseresseprincipenocasodevoceaindaestarnaduvidamasseibemomeulugaragoravocepodefecharoparentesesdentretodoorestoqueseiquevocepodetermasenfimachoatequemeempolgueiesimestoumorrendodesaudadeamovocecriaturaequeriapodertefazerenxergaraomenosmetadedoquevocetransbordamasesperoqueconsigadescobrirtudoissocomoeudescobriemvocebemaospoucosseraumprazerfazeressasdescobertaspodeanotarqueessetestemunhoeupossodarebomachoqueagorafechoporaquiatevocelervaolevardoisdiaseselevarmenostedevoumacerva

sábado, 21 de junho de 2014

Magnetismo

Bússolas apontam para o norte. 
Isso acontece porque o pólo norte da agulha é atraído fortemente pelo pólo magnético sul da Terra. Acontece que o pólo sul magnético da Terra é no pólo norte geográfico da mesma. Por isso, bússolas apontam pro norte.
Lição básica de magnetismo.

Se meu coração é uma bússola, é óbvio que ele aponta para o norte. 
Seguindo a direção que ele apontava, cruzei mil caminhos em um só dia, errando todos e já julgando estar perdido. Tal qual o explorador das florestas ainda desconhecidas ou o alpinista nas montanhas mais desafiadoras. 
Eu realmente julgava estar perdido.

Foi quando decidi tomar o caminho de casa. Achei engraçado, senti a bússola apontar na mesma direção pela primeira vez em tempos.
E aí ela ficou fixa. 
Segui a seta e olhei firme ao horizonte, e nem precisava tentar avistar ao longe; você já estava na minha frente. 

Que visão!

Ficou fácil achar o caminho. Ainda mais se levar em conta a forte atração entre nós. Como dois ímãs, quase desafiando as leis mais básicas da física quanto à ocupação do espaço.
 
Soa acadêmico, tanto porque tenho aprendido muita coisa desde então. Coisas às quais não dava ouvidos ou não tentava experimentar. Coisas como deixar tudo andar em seu devido caminho e tempo, sem ter pressa de definir ou controlar. 
Eu costumava ter muito medo disso. Acho que de certa forma ainda tenho. Mas o que mudou é que não preciso desesperar ou tentar consertar o que nem sequer está errado. Eu só preciso confiar. Em você, em mim. No magnetismo infalível. 
Sei que vou seguir rumo ao norte. Até o momento, você coincide com o norte. Talvez eu queira que seja você sempre o meu norte.

Por mim, tudo como está vai bem. E se puder melhorar, que venha a ser assim. Quero cada momento em sua eterna intensidade, e que as sensações que guardo acerca destes não me seja arrancada por todos os campos magnéticos possíveis de serem induzidos ao meu redor. 

Seu beijo eu já não esqueço. Seu toque ainda me arrepia. Eu só quero mais você. 
Calmamente, aguardo a oportunidade. Rumo ao norte, sei que nos colaremos em breve.

domingo, 1 de junho de 2014

As always

Fico impressionado com a minha vida. A capacidade que ela tem de dar voltas, voltas e mais voltas. Sempre me jogando nas situações mais esdrúxulas e inimagináveis, e nos piores (seriam?) momentos possíveis. 

Sentado em frente ao mar, hoje pela manhã, refleti um pouco sobre isso. Brevemente mesmo, dado que o momento não me permitia divagar demais em pensamentos inertes dentro de minha cabeça. Simplesmente parei pra pensar na vida por alguns segundos.

Não cheguei à conclusão alguma, em específico. Talvez nem fosse o meu objetivo. 
Eu só estava ali por alguns segundos, olhando um cardume ser atacado por nuvens de gaivotas, e de repente fui pensar na vida.
O mar dominical ao sol de meio dia inspira paz.

Naquele curto tempo, me veio muita coisa na cabeça. Principalmente rostos, histórias, alguns sentimentos. Minha vida é especialmente bagunçada nesse setor. 
E foi muito nisso que as memórias se concentraram em manifesto. O fato de amar numa situação clássica de friendzone (não declarada e, provavelmente, jamais será), enquanto tento afastar esse sentimento pelo contato (ou tentativa de) frequente com garotas diferentes de modo sequencial e frenético. E cada vez recebo respostas mais inesperadas: 

"Ai Calvin, você não desiste né? rs"
"Vamos marcar, espera acabar o período."
"Eu ainda não sei..nunca parei pra pensar nisso."
"Super topo."
"Estou com alguém e não posso mais ficar agora mas, ainda tem muito tempo pra passar né. Não conte com isso, claro, mas, juro que quando eu estiver solteira, por assim dizer, eu vou te procurar." - essa se superou, né. Engraçado, foi a que eu mais tive certeza de que ia conseguir algo.

Isso quando eu ainda sou basicamente a obsessão de uma menina muito legal (mas cujas histórias tornam o caso muito improvável de acontecer) que aos poucos vai me tentando mais e mais. Um dia ela consegue e aí eu vou esquecer das consequências. Talvez seja o que eu deva fazer, pra curtir essa vida que resolveu ficar mais louca do que jamais fora esse ano.
E, óbvio, minhas velhas recaídas com a sombra de certa menina metida a passarinho. 

Eu devia dizer que sinto dor em função dessa situação ridícula, à qual torno com frequência. Devia dizer que não aguento mais, que vou jogar tudo pro alto, desistir dessas histórias de amor e aproveitar minhas amizades e momentos felizes da vida. 
Bom, eu sempre os aproveitei mesmo. Mas acho que agora tenho caído mais de cabeça nessas situações do momento. De forma mais intensa do que antes.
E eu simplesmente não consigo jogar tudo pro alto. Por mais que eu me encontre (ou apenas ache que me encontro) num cenário terrível. Ultra-romantismo tem seu lado positivo, afinal de contas. Embora leve o otimismo a níveis muitas vezes perigosos, por outro lado.

Eu simplesmente ando com muita carga de estresse, embolado com a vida, mas no fundo estou feliz. Talvez (e digo apenas talvez porque jamais posso afirmar certezas sobre isto aqui) meu coração tenha finalmente se blindado, de modo que mesmo os sentimentos mais fortes não o abalam nem positiva nem negativamente. Mas uma coisa é certa, e minha mãe foi quem a proferiu:

"Calvin, você está precisando de uma namorada."

Ela é uma figura. E muitas vezes, genial.

Pena que além do azar costumeiro, eu mesmo não estou conseguindo me envolver a ponto de chegar a cogitar isso com ninguém.
Minto, com algumas pessoas. Mas, daí pra brotar...não é assim, estalando dedo e só porque eu queira. A vida tem disso.
Enfim. Hoje andei de frente pro mar. Pensei, cansei de pensar, até cansar de andar também. Depois fui pra casa, nada mais a declarar. Vida que segue, batente que chama.







segunda-feira, 19 de maio de 2014

Conspiração universal de você

Dizem que quando nós mais pensamos precisar de nos afastar de pensamentos e sentimentos, é quando eles mais se manifestam. Não por nossa escolha, mas por arranjo do universo, que das poucas leis que segue, ama a lei da ironia.

E peço pra que atente à primeira frase. Quando pensamos precisar. Porque precisando ou não, o fato de focarmos nosso pensamento nessa necessidade é o que atrai a ironia universal, e não a existência da necessidade.

Pois bem, pensei muito em não deixar transbordar o que você me causa. Especialmente hoje, mas mesmo assim..pensava já por meses. Seriam já poucos (e intensos) anos? Não sei dizer ao certo. Não há nada certo quando eu paro pra pensar nisso. 

Às vezes, me questiono se já não foi na primeira vez que conversamos, que eu te vi, até. Apesar da simpatia que aprendi a gostar de ter, eu ainda conservava em muito meu astral pesado interior. Aquele clima de quem bota um pé atrás em tudo, por mais garantias que lhe hajam. Mas desde o primeiro momento, foi diferente com você.

A forma com que você presta atenção em mim, com seus olhos que brilham sem querer, ou quando me puxa pra perto sem nenhum motivo aparente. Não tem mesmo, você só quer, quando o faz, que eu esteja ali perto de você. E eu não poderia estar melhor em lugar nenhum. Nada poderia, sob hipótese alguma desta vida, se comparar ao sorriso que toma conta de mim quando você surge. E tê-lo em mim é ter você em mim, pois você foi quem o plantou.

Será que, quando plantou o sorriso, também plantou seu grão de amor?

Se o fez, fez com maior maestria do que qualquer cupido pudesse sonhar ter. Amava eu a pessoa errada, e tinha acostumado-me à pequeneza do conformismo. Você me fez cair na real. Você, sem querer, me mostrou como o mundo é belo e cheio de oportunidades. Fez-me ver como as coisas podem e devem ser grandiosas, e entender que eu mereço buscar tal grandiosidade. Você, em seu jeito tão seu (e só seu) de ser, me fez sentir o que era felicidade, em toda a sua extensão. E ainda inspirou o meu melhor. 

Você entrou na minha história pra ser o que melhor pudesse. E não precisou muito pra ser mais do que você deva conceber que foi. Tentei, e tento, retribuir isso. A maneira que me sinto, a felicidade que me domina quando citam o seu nome e vem a mim a lembrança. Quero eu que sinta metade disso, ao menos. Será o suficiente pra manter seu sorriso - tão semeador dos meus - eterno em seu rosto, ao qual me pego sonhando acariciar. 

Viu eu me encantar pela vida. Buscar as oportunidades. Aconselhou, avisou. Até tentou me ajudar, lembra? Ah, você não poderia ser bom cupido pra mim, agora entendo melhor por quê. O universo tem lá sua razão de ser tão irônico. E quando você era quem amava ao errado, declarei a você minha devoção eterna. Seus olhos de lírio buscaram os meus, e fomos ainda mais do que éramos. 

Eu continuei errante, e lá estava você. Quando tudo era nada pra mim, você era algo. Você nem faz ideia, mas estive por um triz de abandonar tudo. Largar os compromissos, e até mesmos os sonhos. E tudo que me impediu foi você. Sim, você. Eu não sei mais explicar, só sei que houve uma época em que nada pra mim era promissor, exceto te procurar. Era o que me dava razão de estar ali, e ainda sonhar. Você sempre me quis tão bem, me fez sentir tão querido...não posso evitar lágrimas ao escrever. Mas não se preocupe: são de felicidade. São meu singelo e (louco) desvairado coração, que a cada dia que penso precisar não te querer, apenas faz bater mais forte e pulsar veias de forma até assustadora. Cheguei a pensar estar com problemas de saúde. Era saudade de você.

É...saudade. 
Eu fui e sou saudade de você tem mais de 1 ano. Sei que também sente minha falta. Mas não faz ideia do quanto você me era importante, desde aquela época. Eu acho que eu também não fazia tanto. Sei que foram 6 meses de depressão profunda (cuja veracidade você ainda duvida, ai de mim), à qual me acostumei. E mais 6 meses de recondicionamento, forçado pela urgência de viver. E não é que eu não tenha sido feliz. Mas eu não entendia mais como era ser feliz sem você do meu lado. Acostumar-me a esse conceito novamente foi difícil.
E por saudade de você, pus-me a pensar em tudo que me ensinou, quando o ano virou. Sobra orgulho em dizer que nunca estive com uma vida tão positivamente agitada, certezas maiores do meu alcance e tanta confiança pra perseverar.

O que me dói mesmo é que eu me traí novamente. Bela ironia: escrevi uma música linda para um amor improvável, e tinha pra mim que cada verso apenas à ele se aplicava. Mas é claro, hoje são versos pra você. Fazem mais sentido pra você.
Não consegui resistir a você. Não consegui meter na minha cabeça aloprada o fato de que provavelmente nada vai acontecer, nem hoje nem nunca. Não consegui não te querer pra mim. 

E dado que eu não espero (mentira cínica, eu espero sim, como o idiota que sempre fui) que sinta o mesmo, ocupo minha mente. Procuro novos amores, distrações, novas histórias. Qualquer coisa. Eu não quero pensar, como disse. Preciso viver, com a alegria que você me deu, mas não necessariamente como eu sonho. Já sou mais feliz do que pensei que seria, e novamente, é tudo graças a você. 

Talvez eu não precisasse dizer que eu te amo. Mais que isso, eu não devia. Mas depois de tanto, em nada irá me custar. 

Deixo transbordar aqui, e só aqui. Pelo menos, até que você faça sua palavra acontecer (como sempre, embora demore) e me peça pra dizer tudo o que espera ouvir. E ouvirá isto, que sem dúvida é muito mais. E se souber deste texto antes do dia fatídico, por favor, deixe-o aqui. Pois tudo será dito, se assim tiver que ser. Em nada insistirei se não for assim o que sentir ser seu desejo. 

Agora eu me recolho. Botando tanto e tanto pra fora, talvez eu consiga escapar das conspirações. Então será o que vier. 

(É claro que torço pra que venha você)

sexta-feira, 18 de abril de 2014

What if it's the end?

No meio do tédio desses dias, em que eu me coloco evitando deveres acadêmicos e também evitando a fadiga de atividades que ruem assim que planejadas ou que não me motivam tanto, deitei-me na cama e deixei os pensamentos fluírem. 

Muitas coisas brotavam sozinhas. Vai ver é por isso que guardamos bem a informação que memorizamos antes de dormir. Há algo no relaxamento e abstração total que liberta nossa capacidade intelectual e criativa.
E deste algo, me brotou o seguinte questionamento:

E se de repente fosse o fim do mundo?

Se, por algum motivo, não importando qual (meteoro gigantesco se aproximando, implosão do núcleo terrestre, apocalipse zumbi), a vida na Terra estivesse fadada à extinção?

Sei que é meio bizarro, e até sem sentido. Mas sei lá, simplesmente foi algo que me bateu.
O que será que as pessoas fariam?

Não é muito difícil imaginar. Sendo otimista, pelo menos 90% do planeta entraria em frenesi. Saques, migrações em massa desesperadas (se houvesse uma chance de salvação relativa à localidade), violência generalizada nesses atos e em outros como desobediência civil, pânico e suicídio coletivo. Não ia importar muito a classe social ou orientação religiosa, o caos seria uma lei no tempo restante. É como se as pessoas não assistissem filmes de ficção científica, ou não prestassem atenção caso o fizessem. Replicam o mesmo comportamento inútil.

Vamos, seriamente, pensar que tal hipótese - fim do mundo - é um fato constatado para um futuro qualquer. Então, uma coisa deve ser imposta, antes de qualquer planejamento de ato para aproveitar o tempo restante de vida.

Nada que possa ser feito impede o fim do mundo, portanto, quanto mais rápida a aceitação, mais fácil será o que vem até o momento derradeiro.

O pânico e o frenesi citados mais acima são justamente o que levam à humanidade a findar mais rápido, em qualquer cenário imaginável. Não seriam necessários metade dos zumbis estimados, nem que ET's precisassem fazer algo mais do que simplesmente aparecer. A humanidade é tão desmiolada e de psicológico fraco que ao primeiro sinal de problema o desespero é rei. Daí começam os sensos de sobrevivência individualista, acirrando as já existentes desigualdades e preconceitos. Se ainda houvesse chance de sobrevivência ante à ameaça que fosse, esta chance se perderia pra toda a humanidade, dado que 90% dela comprometeria o sucesso da espécie por sua própria natureza imbecilizada.

Ou seja, se houver chance de sobreviver, a melhor ideia possível num primeiro momento é a de se acalmar. Não é que manter a ordem social seja importante, não, nada disso! Toda e qualquer estrutura social pode ser reconstruída ou melhorada após a garantia de sobrevivência. A questão é que é mais negócio deixar que o 90% se mate sozinho e esperar que isso aconteça isolado, escondido. Sejamos francos, se é pra espécie continuar, claramente não é proveitoso passar o gene do pânico para gerações futuras. E tentar estabelecer ordem no caos é inútil. Essas pessoas se destruiriam sozinhas ou se expondo ao perigo iminente com ou sem orientação de quem conseguisse entender a importância da sobrevivência como coletivo. E esse é o primeiro paradoxo ao qual um sobrevivente deve se adaptar: para que haja algum coletivo no futuro, não se deve tentar impedir o fim da maior parte do coletivo presente. Basta pensar um pouco. Se você quer sobreviver, e pode (tentar) garantir a sobrevivência de mais algumas pessoas ao seu redor, tentar salvar todo e qualquer ser humano no seu raio de alcance provavelmente vai arruinar a todos de uma vez. 

Enfim. Aprendido isso, vêm a segunda lição: abrigue-se e espere pra ver no que dá. 
Não adianta tentar resolver tudo sozinho: militares e governos se matarão tentando vencer a  ameaça que for. Se por acaso não o podem, não vai ser um civil que o fará. Portanto, ficar dando uma de herói quando não é estritamente necessário só vai acelerar o seu próprio fim. Vai que você, escondido, sobrevive com quem mais você arrastou? 

Pois bem. Era isso que ficou na minha cabeça. 
Acho que o único desespero que eu teria, nessa situação hipotética, seria de salvar as pessoas mais próximas. Mas constatando a impossibilidade em todos os casos que me chamariam a atenção, seguiria em frente. Pois essa é a lição final: você só lamenta a perda das pessoas que ama após conseguir sobreviver, pois se parar pra isso vai junto delas. 

E talvez isso seja parte do que poderia me matar. Será que eu aguentaria pra lamentar depois ou deixaria pra me levarem junto?
Vai saber. Viagens do tédio.