Rapaz, sair de férias às vezes pode tirar uma aflição maldita na garganta que lembra o grito de 'É CAMPEÃO PORRA' pro meu Fogão, sufocado durante 3 anos de vice seguidos pro Framerda. Tanto tempo passando sufoco estudando sem parar, horas e horas a fio, sem parar e quando isso acontecia era só pra satisfazer as necessidades corporais (um jantar, um lanche, um banho, só essas coisas mesmo..) e depois voltava a insanidade em tentar ser O cara em todas as matérias, e assim foram os dias.
Prova atrás de prova, por mais fácil ou óbvia que estivesse alguma questão, o cansaço era cada vez maior, a vontade de largar tudo quando levantava de manhã e deitar de novo pra não acordar mais. E de noite então, quando tava estudando? Porra que revolta que dava de depois de tantos dias acordando sempre cedo demais estar estudando e não dormin
do.....
Enfim, FINALMENTE ACABOU! Saldo até agora, pelo menos positivo: tive bem mais provas onde fiz com calma e tranquilidade do que trolhas. Mas de qualquer forma, ainda tem o problema chamado química. Tava até fácil, mas estudei matéria demais que acabou sendo desnecessário e o que caiu estudei pouco, mas de qualquer forma, acho que foi bem. O que me deixou mais puto foi que errei uma questão valendo 1 ponto, e não podia errar mais que 0,5 nessa merda. Enfim, fica a pressão pro terceiro trimestre.
Mas por enquanto, vamos abstrair de todas essas merdas. Hoje aproveitei pra me despedir dos amigos e desejar boa sorte e boas férias. Muitos não vão na festa julina amanhã, e nem todos vão poder aparecer no meu aniversário, isso é fato. Enfim, falei com praticamente todos. Foi uma pena não ter falado com o Henrique, não o vi, nem com a Bruna, faltou, ela tem passado mal, enfim. Fica a mensagem de boas férias pros dois.
O fim das provas me deixou mais aliviado do que nunca. Saí agitado e com uma inquietação grande, uma vontade de fazer algo bem diferente do que de costume. Minhas férias estão planejadas, então no pouco que eu puder soltar e deixar a vida levar, vou deixar. Muitas coisas loucas tem acontecido, e hoje não foi diferente. Dentre dias seguidos podendo ver a nossa respiração de tão frio, gente chorando ou reclamando ou metendo a cara como nunca na vida, até os casos de quem já largou de mão e foi zoar o resto dos intervalos, certo é que não me faltou pão de queijo na mão, vira e mexe eu acordava atrasado pra tomar café na escola. E dentre tantos salgados de merda, o pão de queijo é muito bom. Certo também é que vivemos momentos de comédia. Na minha turma, descobriu-se a mania de dar um novo aluno em cada lista de presença. Começou quando, se me lembro bem, acho que foi o Hercules, dando prova pra gente, que pegou a lista e disse:
'Vocês gostam de aprontar confusão hein...quem é Osama Bin Laden?'
Mil risadas. E assim foram surgindo nomes: Tarzan, Mrs Pig, e assim ia. Uma comédia atrás da outra. Fred, de física, protagonizou momentos inusitados aplicando duas provas. Primeiro física, e depois história hoje. Envolvendo é claro um pouco de gastação de uma Capeta em particular.
Coisas que aprendi nessa semana em meio à loucura:
- Se alguém disser que te ama, é porquê você sabe a matéria.
- Se te ligam, essencialmente, é pra saber o que estudar.
- De professor chato pra fiscal de prova BABACA, basta um sorteio.
- Quem tem aula com o Zézinho em literatura sempre está desesperado (essa é pro Saulo..xD)
- Quando for ajudar uma garota bonita a estudar, ajude a estudar. Se você tentar pegar e conseguir, ela não estuda, se fode e a culpa é sua, vai aturar tpm depois...
- Se for muito gostosa, esquece o que eu disse encima.
- Explicar pra quem não sabe exercita sua mente pra prova. E deixa a boca seca.
- Suas chances de fazer uma boa prova sem um café da manhã decente até são boas. Agora tenta correr pra pegar ônibus sem café e me fala se foi bom depois filho..
- Sempre tente descobrir se alguém sabe COM CERTEZA toda a matéria da prova. Estudar à toa é um cú.
- Quando souber que o jogo do Brasil que você ignorou pra estudar foi foda e o Brasil jogou bonito, coisa que você queria ver há algum tempo, e depois você fizer provas com menos da metade de tudo que você estudou na matéria pedida, não faça como eu, não poste num blog, se mate logo só de raiva.
- O boato é verdadeiro, Monicão expulsou um aluno de sala na chave de pescoço e até tentativa de golpe de judô. Difícil escolha: imaginar o que ele fez pra isso acontecer ou imaginar a cena 'trágica'.
- Quando ela expulsar outro, caso ela caia por cima dele de ipon, tem que gritar 'É ÓBITO!' (essa é pra todo Monuma..xD)
E claro, a lei de ordem do dia no CPII:
'Estou pouco me fudendo se me fudi ou não nas provas. Agora é férias e quero fuder geral.'
Sim, a frase perambulou pelos corredores.
Vi muitos que já puxavam as bolas pro futebol, e até deu vontade de jogar também. A mochila pesada impedia que ainda houvesse energia pra isso.
Enfim, tudo está programado a partir de agora. E o que não está programado, se for como foi hoje, vai ser ótimo. Não posso citar nome, ainda não acho que seja hora pra isso, mas vamos dizer que depois de muito tempo perambulando pelo nada da solidão eu pude ficar com alguém legal. Não sei bem no que vai dar, a gente ainda tá se conhecendo, nem sei se vai rolar de novo, mas é uma boa idéia. Darei mais detalhes quando achar que já é hora, bom, vocês me conhecem com esse tipo de coisa.
E não pense que esqueci, aqui vai o poema, um pouco improvisado, mas a moda modernista (pra quem estudou) me permite que este poema ou prosa seja perfeitamente válido, e ai de quem discordar..xD
Se trata mais ou menos de uma forma mais sei lá, erudita, ou estranha, de contar a minha vida, enfim, lá vai:
Uivo do lobo solitário
Diz a história, se é que é história,
Nascido lá pelo meio de 94
Um filhote de lobo
Do tipo solitário.
Não se entendia porquê chamá-lo assim
Talvez fosse algo do olhar do recém nascido
Ou comportamento da criança que crescia
Mistério insolúvel feito óleo.
Se sabe que o lobo batia no peito com uma estrela solitária
Ouvia o fabfour em cada mínimo detalhe de LP
Só comia vendo Shurato e Cavaleiros do Zodíaco
É, o lobo era diferente.
Foi pra escola, e viram que o lobo era inteligente
E em sua inteligência de resolver tudo
Caçava algo sem saber
E de burro pagava, pois nem só porquê se é lobo que se deixa de ser inocente.
Mal ou bem, foi criança. Até a alcatéia dele se separar.
E aí foi desastre. Mudança de ares.
Cemitério nunca é bom ambiente, seja pra lobo ou pra cachorro.
E quantos cachorros...dor de cabeça era rotina.
Foi com o tempo passando que percebeu porque era lobo.
Não era de predar os mais fracos, nem sair às noites
Mas era de uivar. E uivar alto.
Uivava por tudo. Ainda uiva.
Motivos? Mil deles.
Fosse a raiva, fosse a revolta com o mundo
Onde já dizia Hobbes, se o homem é o lobo do homem,
Ser lobo então é se defender do homem.
O homem, que hoje é porco
Capitalista
Ou alienado, tanto faz o extremo
O homem deixou pra trás o irmão e puxou pra si o dinheiro.
E o lobo, assistindo às destruições
Só podia uivar pelos destroços.
E se defendia no que podia. Lobo morde, e quem foi mordido sabe que dói.
Fosse a dor dos traumas de perder entes queridos
Fosse a tristeza de não estar mais a todo tempo com o pai
Fosse a insatisfação com a própria mãe, o ódio da avó
Mesmo a simples convivência com o irmão.
O lobo uivava. E ainda uiva.
Mas o principal motivo
Não era outro que não o adjetivo
Que lhe insistiram em dar no passado.
O tal fardo de ser solitário.
O lobo mantinha-se de pé contra tudo
E também todos
Qualquer coisa que lhe jogassem contra
Por mais que demorasse, lá estava ele, de pé.
Fez amigos com os quais encontrou motivos pra continuar de pé.
Aos amigos deu motivos pra continuar de pé.
Se ajudaram a continuar de pé.
Aí veio o coração, e ele foi arremessado no chão.
O lobo era e ainda é um jumento
Nos assuntos do coração.
Jumento teimoso, que se deu coices seguidos, que insiste nos mesmos erros.
Ou insistia. Ou levava os coices das musas.
Mas a história, se for história
Dizia
Depois de paixonites agudas sem necessidade
E esforços atrpalhados sem necessidade
E muito sofrimento
De fazer uivo melacólico quase suicida
O lobo descobriu
Duas coisas incríveis
Cada uma a seu tempo.
Um pássaro negro e a garota das minas.
O pássaro voou ao redor do lobo durante semanas.
Meses.
Ano. Quase anos.
Plantou ninho na cabeça dele, desfez, voou de novo pra continuar perseguindo.
O lobo agarrou?
Não, o lobo jumento
Não escuta ditado popular:
Se mais vale um pássaro na mão que dois voando
Um pássaro negro é melhor que frango assado.
Frango pra se fartar a vida toda do lobo.
Mas se existe lobo jumento
Frango a passarinho também voa.
E o lobo jumento deixou voar.
O lobo uivou.
E ainda uiva.
A garota das minas? Caso grave.
O lobo pode amar e ser amado.
Engajou namoro, evento digno de feriado.
3 meses na conta, e ela pediu as contas.
O lobo uivou.
E ainda uiva.
O pior não foi ter acabado
Os tais 3 meses eram loucos
Cego de amor só passava perrengue pra pouca carícia
E hoje ele vê que perdeu tempo demais, tal qual ela.
Mas seria carente demais pra pedir as contas.
E uiva maldito, e uiva!
Não bastassem as decepções, que tal os sonhos impossíveis?
Viesse de Maricá ou Sâo Paulo, Niterói ou Pernambuco, mesmo o Sul
O lobo é galã de distância, é na sombra da colina que se faz a fama.
Quero ver quem de perto encara a fome do que canta pra lua.
E uiva mais maldito, gane, uiva!
Nem todo sonho impossível é na distância.
A favorita do lobo tá do lado dele o tempo todo.
Mas do tanto perturbam sem nunca nada acontecer
E do tanto que ele já a conhece
O lobo que uiva por tudo, pra ela se cala. Se conforma. E assim fica.
E assim fica, ela nem sequer desconfia.
Nem nunca poderá fazê-lo. Não seria o lobo a admitir. Nunca admitiu.
Não seria ele a confirmar o que ele mesmo suprimiu.
E suprimido está, pra todo o sempre.
...
E dessa vez não uiva.
O lobo era solitário. Ficava frio, até sanguinolento às vezes
De lobo jumento à lobo cavalo.
'Foda-se o resto' dizia o lobo
'Vou estudar até no feriado'.
Mal ou bem, segue solitário.
Os poucos que se importam, o param no pátio,
'Que faz aí perdido?'
'Perdido não, solitário!'
Virou então identidade. Virou até orgulho.
O lobo que não se ajeitava, agora ele bate no peito de novo.
O lobo que podia viver por alguma ou outra causa maior, sem se preocupar de alguém morrer de amor.
A causa? As causas. São tantas a defender.
Tantas a discutir. Tudo lhe favorece agora.
Chegou a hora do seu descanso, o lobo pode uivar.
Mas o lobo não uiva mais para reclamar.
Nem chorar.
O uivo é seu talento. Talvez o único, mas é.
Uma sombra e um violão
Assim se faz a sua paz.
Acende a fogueira, não há quem suporte o frio.
Solitário como a estrela que o guia,
Solitário como os aventureiros sem medo da morte,
Solitário como revolucionário.
De qualquer forma, solitário. Mas nem por isso, sozinho.
Solitário em ser quem é, mas nunca sozinho de não ter quem não o acompanhe.
Solitário nas escolhas que faz, mas nunca do apoio sobre as mesmas.
Solitário por destino ou opção, tanto faz. Os amigos a ele tem seu lugar devido.
No coração quebrando em cacos, que eles tanto fizeram questão de remontar.
Amigos são tudo que um lobo solitário precisa.
Assim vai, solitário. E este é o uivo final do poema, história ou prosa, o que quer que seja o uivo. O lobo agora vive, uiva ao violão, procura a sua lua, e se deixar de ser solitário, o mais feliz será.
Do contrário, não será o mais. Mas será, sim, feliz.