Hey, você aí

Não, não quero seu dinheiro.
Estava mais pra dizer 'Hey Jude', ou algo assim.
Bom, este blog é sobre mim. Não apenas eu, mas o que penso, sinto, etc. Já foi meio invasivo, já foi vazio. E no fundo ainda é legal, pra mim. Meu cantinho de desabafo e filosofia, se assim posso dizer.
Eu sou um livro aberto. O que quiser saber, pode achar aqui. E o que não conseguir, é porque ainda vamos nos esbarrar por esta vida irônica.

The Beatles

The Beatles
Abbey Road

sábado, 15 de março de 2014

You should listen to Silverchair as I did

Faz um tempo. 
Só tende a aumentar, no que depender de mim. E ao que parece certo, de você também.

Não posso deixar de me condenar por tornar a te escrever. Mas dói menos. Cada vez mais é menos. 

Queria saber como você anda. O que faz da vida. Às vezes, olho pro céu te procurando. Queimo a vista, mas não há sinal de sua sombra. Não sei aonde você foi pairar, ou se já pousou num recanto quieta, pensando no futuro.

Queria saber, pra variar, o que ficou pra você. O que eu deixei. Só pra tirar essas minhas últimas dúvidas que vêm me assolar nos momentos de solidão. Dúvidas que me tocam e me fazem ter insegurança inapropriada do meu futuro, cada vez mais próximo dos grandes arremates. 

Você é e foi minha mais dolorosa decepção em toda a vida. Mas, isso vai acabar. Sinto essa hora chegando definitivamente. Deixarei de guardar mágoa, culpa e frustração.
Só queria que antes disso, você desse um final melhor pra nossa história.

Enquanto você não o faz, tocou Silverchair por aqui. "Ana's song".

Se "Blackbird" me palpita o coração trazendo de volta a mim as lembranças mais queridas sobre nós, "Ana's song" é a realidade perfeita dos meus sentimentos por você e o que quero fazer deles. 

A cada minuto que me pego pensando em você, repito os versos. 

"Please die, Ana...
For as long as you're here, we're not.."

Quem sabe assim eu consigo tecer o fim eu mesmo.

Meu amor por você foi o mais intenso,  o mais profundo. Até se tornar uma obsessão derrotada, um apego desesperado às suas ilusões. Você deu vida ao meu coração apenas pra destruí-lo, e nunca ter ligado pro estrago. Então morra pra mim Ana. Que o que eu senti não me deixe mais dúvidas, nem saudade. Que nossa história morra no meu coração. Lembrarei dela sempre que me aprouver, mas quero que tais lembranças não signifiquem nada, nem despertem saudosismo doentio de épocas conturbadas. 

Pode voar por aí, pousar, fazer o que quiser. Mas morra pra mim, Ana. 


quinta-feira, 13 de março de 2014

Limite da sensação


O corpo humano é fantástico e nos permite vivenciar sensações incríveis. O amor é mais que um sentimento, pode ser uma manifestação física do paraíso. 
Triste que nessa vida passemos tanto tempo limitados, nos privando de nossos instintos mais humanos. Ficamos atrofiados, sensorialmente falando. Não diferenciamos a dureza das rochas ante a leveza dos dentes de leão, nem nos impressionamos pelo perfume das rosas em meio ao pântano em que estamos inseridos. Música e gritaria são um só, o caos é a lei e nada adocica.

E mesmo o amor, que seria das sensações, a mais forte, se perde neste emaranhado. Para quem o acha, nem sempre o vivencia puramente. 

Não é que exista uma forma ideal de haver amor. E de fato não há, essa é a graça.
Mas é possível notar barreiras. Barreiras pra esta liberdade de manifestação, impostas pelo mundo e por nós mesmos. 

Até os mais lúcidos podem não ser capazes de compreendê-lo. Isto porque a lucidez é tomada como academicidade. Confundimos inteligência com feitos escolares, universitários. Conheci gente genial que não completou o primário. Lucidez e genialidade, são coisas mais abertas, mais fantásticas. Quem hoje carrega o título de lúcido nem sempre de fato o é.

Enfim, devo dizer que tais barreiras nem merecem a citação. São cotidianas, repetidas, e tão familiares que por vezes nos esquecemos da real natureza de sua existência. Deixam de ser um evento necessário para ser um evento viciante, um transe eterno. 

No meio deste transe, digo-vos: amem com toda intensidade que lhes for possível.

Soa como um conselho idiota. "Nossa, ele quer me aconselhar a fazer algo que com certeza eu e todo ser humano do mundo pretende fazer!" Mas calma, tenho lá meus adendos a fazer.

Como eu bem dizia, ficamos atrofiados. Pode ser também influência de algum complexo evolutivo, que nos fez querer distanciar de nossas habilidades físicas e dar preferência ao esforço mental. Isso é um desconto pras barreiras sociais. Mas de qualquer forma, o que eu sei e percebo é que somos cada vez mais dependentes da visão e da mente. E apenas disso.

Imagens falam mais que mil palavras, não é? Pois bem. Imagens determinam nossas expectativas, preconceitos, argumentos, e muitas vezes gostos e personalidade. 

Só pra começar, aprende-se muito mais sobre uma pessoa pelo que você escuta dela, e não pelo que se vê. Como se pode esperar vivenciar algo bonito com qualquer pessoa sem termos a capacidade de escutar?
Não só no amor, mas pra vida, não escutamos bem uns aos outros. Consequentemente, não há surpresa em nunca se chegar a paz mundial.

Vigiamos os hábitos alimentares dos outros além dos nossos hoje em dia, tamanha a neura. Saúde é importante, e sou um dos mais fervorosos defensores de precauções nesse sentido. Mas há pecado em apreciar sabor? Desculpem-me então, vou pro inferno feliz. E amor tem disso. Amor tem brincadeira, tem chocolate, tem morango, tem pimenta, tem muito sabor a se explorar. Tem sabor humano. Quer coisa melhor?

Temos asco do toque alheio. Somos iguais, quando a intimidade virou desculpa pra nojo? Colocamos os amores num pedestal, imaculados. Ao passo que ao descobrimos que tais amores já vivenciaram toques de outrem, alvejamo-os com pedras e cuspes. Que diabo de hipocrisia é essa que nos faz pensar que é proibido ter um passado e um presente que não nos envolva?  Egocentrismo e complexo de Midas, tudo numa panela sutilmente cozida por dogmas religiosos e muitas vezes machistas. Pecado é o do outro, até nos incluir. Aí tá tudo limpo.

Procuramos odor. Somos surpreendidos pelos aromas mais doces e profundos, e pouco nos atemos a estes. Por um instante que fosse, talvez fosse suficiente. Fragrâncias tem um poder inimaginável: melhoram o humor, estimulam a fome, causam arrepios, palpitações. Um cheiro bom é prelúdio de muita coisa interessante para as mentes criativas. Mas não, Rita Lee pode usar seu lança-perfume à vontade que muita gente vai procurar sentir o cheiro de suor do trabalhador, das necessidades de animais, da fuligem de escapamento dos carros. Haja masoquismo. Amigo, você já sentiu o cheiro da sua mulher hoje?

Escolhi o amor pra tratar aqui não por um idealismo romântico. Mas talvez por ser a única coisa que na pior das hipóteses ainda é capaz de fazer um ser humano atentar pras coisas boas da vida. Isso acontece de forma até egoísta, mas se todo mundo for egoísta nesse sentido, então que o egoísmo se multiplique. Esse não seria condenado. E se vamos então atentar pro que é bom, que usemos adequadamente nossos 5 sentidos.

Vejamos a bela menina que para o trânsito, escutemos sua voz doce e suave anunciar as palavras que a imaginação fértil possa conceber. Sintamos o calor do seu corpo, a intensidade de seu perfume, o gosto de seu beijo. 

Pelo amor de Deus gente, vamos amar direito. Feito isso, talvez o resto se acerte.

quarta-feira, 5 de março de 2014

(Re)Pulso Vital

Batidas.

Acabam de começar.
Acertadas, precisas. Cronometradas. O relógio é um diário da existência. 
Os ponteiros andam conforme têm que andar. E assim foi, é e será. Não haverá quem possa atrasar o tempo, nem quem possa fazê-lo se acelerar conforme sua vontade. Não nasceu nenhum salvador, e se nascer tentarão matar.
O tempo são batidas compassadas que ditam a possibilidade de continuar o espaço. A vida, o agora, se faz durante estas batidas. O tempo é o caminho do acaso, templo do destino e berçário das oportunidades. O tempo corre, deve-se alcançá-lo.

Batidas. Mais e mais batidas.

O relógio marca as batidas. A vida corre por elas, nas veias. O relógio marca a vida, mas a vida não é apenas uma medição. Ou seria, literalmente falando. 
Mede-se o pulso. Pulso é tempo. Uma forma deste. 
Mede-se o pulso, constantemente.

Mede-se o pulso, erroneamente. 

Medimos tudo. Anotamos, classificamos. Somos classificados. Lemos classificados.
Medimos tudo, temos os dados. Analisamos, temos respostas. Conclusões e propostas!
Respondemos, concluímos, propomos, solucionamos. As veias são as mesmas pra qualquer um, o tempo é mesmo para qualquer um. 
Vivemos ou sobrevivemos? Sonhamos ou nos limitamos?

Batidas, agora menos, diminuindo.

Mede-se o pulso, novamente. Não há ânimo. Risos fáceis dominicais. Descansamos só o corpo. A frustração nos cansa antes de despertarmos. As veias vão se entupindo. O relógio não parou. O fluxo é constante.

Batidas aceleram perigosamente.
E então é silêncio.

Sinto a dor deste e de tantos tempos, jogados fora para se adequar a um suposto mais importante. 

Que meu tempo só pare para o meu pulso, dado que este só se freará para o tempo. Que em um vão e singelo momento eu tenha congelado o contínuo espaço, na satisfação de um sentimento caloroso. Que minha memória o estenda por mil vezes. Que ele se repita. Com a constância do pulso. 


Que sejamos o pulso sonhado, intensamente. 





sábado, 1 de março de 2014

Tintas e tela

Não sei bem por onde começar. Tentarei pelo princípio das memórias que me remetem a você. Farei com que elas pintem um quadro, um retrato seu. Não chegará nem perto dos que você faz, ou os que seus colegas também podem fazer. Mas é o que posso, ao menos por enquanto. Como músico, talvez me coubesse escrever uma canção. Com o perdão do trocadilho legionário, ainda é cedo, e talvez me faltasse a precisão de te conhecer mais a fundo para fazer uma melodia digna. Deixo a canção para o que o destino nos reservar vivenciar, e assim será. Então, dado que não sou poeta nem pintor, faço este retrato seu em prosa. Que por um instante você se sinta como gosta ao ler isso algum dia, e então eu já estarei satisfeito.

Antes de qualquer coisa, deve ser dito: eu já estava de olho em você muito antes de chegarmos a conversar. Sempre notava sua presença, naquele ponto que sempre fica tão lotado e abarrotado de pessoas que mais parecem preocupadas com o clima do que com seus compromissos próximos. Sempre notava seu jeito diferente. Você se destacava, já no visual. Devo admitir minha fraqueza inconsolável para com as ruivas. Mas não era só isso. Seu jeito de vestir era expressivo. Delicado como as flores que bordam suas vestes, incisivo como o ar que circula ao seu redor. 
Eu não sabia dizer exatamente o que era, mas você sem dúvida se destacava ali naquela multidão, pra mim. Devia ser a perspectiva, ou a luz.

A data me foge, neste instante. Acredito que tenha sido antes de dezembro. Talvez esteja aqui registrado, ou em conversas com amigos. Só sei que o universo quis que cruzássemos os caminhos. E eu não sou de dar as costas em tais circunstâncias. 
Não lembro bem o que usei como contexto. Se inventei algo ou simplesmente comecei a conversar com você. Provavelmente foi a segunda opção. Forcei a memória alguns instantes e lembrei que foi por aí mesmo. Com o meu descaramento característico, aproveitei o fato de estarmos lado a lado numa van e logo lhe dirigi a palavra, citando sempre tê-la visto pelos pontos da UFRJ.

Você riu pra mim, e começamos a conversar. Fiquei impressionado em como você respondeu bem à minha abordagem nada discreta e de claras intenções. Mais ainda, fiquei maravilhado com seu sorriso. Você nem faz ideia, mas seu sorriso é genuinamente lindo e precioso. Realça toda sua beleza natural. Faz seus olhos verdes brilharem como esmeraldas. Faz você a menina mais fofa do mundo, e olha, não uso muito essa palavra com frequência. 

Ao fim de alguns minutos, eu já te achava o máximo. Tive que descer pra viver a minha vida. Peguei seu contato, e esqueci. Paguei o preço por isso: foram alguns meses isolado do mundo romântico com foras atrás de foras. Ficava pensando o que teria acontecido com você, e porquê não nos encontrávamos mais uma vez que fosse. Imaginava tudo que eu poderia e deveria ter dito, procurado criar. Tudo era preto e branco, e sem direito a elogios.

E aí, semana passada, a sorte quis sorrir pra mim de novo.



Eu e meu violão, esperando a condução adequada. Olho pra uma van, apenas avaliando se existe alguma chance de entrar nela. Nego. E só então reconheço o seu retrato dentro dela. 
Já é tarde, o veículo parte. 

Então entenda a minha tristeza naquele momento, para que possa vislumbrar entender a alegria de quando lhe vi ainda a meu alcance, poucos minutos depois!
Alegria esta que você, com preciosismo de lembrar tudo que podia ser lembrado de meses atrás, fez ganhar mais vida e mais brilho.

Todo o resto se passou em uma cena que não poderia ser capturada nem por fotografias. Algo que Da Vinci e Picasso dariam diferentes interpretações tentando aproximar-se em essência. Nada chegaria perto, não há gênio neste mundo que possa fazer o registro em óleo ou carvão ou aquarela daquele momento.

Com todo respeito aos mestres, ainda não será no meu tempo de vida que expressarão o aroma, o gosto e a sensação do toque roubado, ao qual você riu. Ah, o seu sorriso. Eis o quadro mais belo que me passou à vista em anos!

Então cá estamos. E eu não sei o que será desenhado. Pretendia e parecia saber até alguns dias atrás. Hoje eu não sei. Sou afobado, sou novo nessas composições. Então lhe peço que ensine sua paciência, seu tempo perfeito para acertar a mão e retocar a paisagem que podemos visualizar. E peço que mantenha esse seu sorriso. Não me faltaria mais nada.