Faz um tempo.
Só tende a aumentar, no que depender de mim. E ao que parece certo, de você também.
Não posso deixar de me condenar por tornar a te escrever. Mas dói menos. Cada vez mais é menos.
Queria saber como você anda. O que faz da vida. Às vezes, olho pro céu te procurando. Queimo a vista, mas não há sinal de sua sombra. Não sei aonde você foi pairar, ou se já pousou num recanto quieta, pensando no futuro.
Queria saber, pra variar, o que ficou pra você. O que eu deixei. Só pra tirar essas minhas últimas dúvidas que vêm me assolar nos momentos de solidão. Dúvidas que me tocam e me fazem ter insegurança inapropriada do meu futuro, cada vez mais próximo dos grandes arremates.
Você é e foi minha mais dolorosa decepção em toda a vida. Mas, isso vai acabar. Sinto essa hora chegando definitivamente. Deixarei de guardar mágoa, culpa e frustração.
Só queria que antes disso, você desse um final melhor pra nossa história.
Enquanto você não o faz, tocou Silverchair por aqui. "Ana's song".
Se "Blackbird" me palpita o coração trazendo de volta a mim as lembranças mais queridas sobre nós, "Ana's song" é a realidade perfeita dos meus sentimentos por você e o que quero fazer deles.
A cada minuto que me pego pensando em você, repito os versos.
"Please die, Ana...
For as long as you're here, we're not.."
Quem sabe assim eu consigo tecer o fim eu mesmo.
Meu amor por você foi o mais intenso, o mais profundo. Até se tornar uma obsessão derrotada, um apego desesperado às suas ilusões. Você deu vida ao meu coração apenas pra destruí-lo, e nunca ter ligado pro estrago. Então morra pra mim Ana. Que o que eu senti não me deixe mais dúvidas, nem saudade. Que nossa história morra no meu coração. Lembrarei dela sempre que me aprouver, mas quero que tais lembranças não signifiquem nada, nem despertem saudosismo doentio de épocas conturbadas.
Pode voar por aí, pousar, fazer o que quiser. Mas morra pra mim, Ana.
Recado de Beto Guedes
Há 3 anos